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A Gente Vimos – Archer: Danger Island (8ª Temporada)

Quando eu era mais novo, na época que eu ainda frequentava (bastante até) a Locadora do Ultra, lembro que muitas vezes quando eu ia nas… prateleiras escolher alguma coisa, via um título diferente e resolvia alugar também, pra ver como era. Desse jeito eu descobri muito seriado e filme bacana assim, de bobeira. Não foi assim com Archer.

A princípio eu não entendi direito porque um desenho animado estava ali, inclusive separado por episódios e temporadas. Veja bem, era uma época que a internet ainda era (meio que) feita de madeira e não tinha essa cultura forte que temos hoje de considerar animação como seriado. Se hoje é super normal falar da “3ª temporada de Justiça Jovem“, por exemplo, na época não era. Ou pelo menos não era um troço que eu estivesse familiarizado.

Enfim, fato é que eu via toda semana aquele desenho ali sempre entre os mais alugados e não entendia direito porque. Passei ao largo e nunca peguei pra ver. Até que veio a Netflix.

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Como todos sabem, foi a Netflix quem trouxe esse conceito maravilhoso de “assistir qualquer merda pra preencher meu vazio existencial e fazer valer a mensalidade” que já experimentávamos na tv a cabo para o conforto dos nossos lares (virtuais), então, muitas vezes (na maior parte delas, na verdade) a gente zapeia (ainda falam isso?) pelas opções só procurando outra forma de passar o tempo durante as refeições ou quando a patroa viaja e você já está no terceiro pacote de Skiny e sem previsões de voltar a ser um ser humano decente pelas próximas 16 horas. Foi nessas que eu decidi ver aquele desenho esquisito, que na época já contava com quatro temporadas.

E qual foi minha surpresa em descobrir que era muito bom.

Archer conta as histórias do super agente secreto Sterling Archer, um estereótipo ambulante dos filmes de espionagem dos anos 60/70, nas missões secretas da agência ISIS (é. Na época era só o nome duma deusa egípcia)(será que o MdM vai entrar em alguma watchlist só por eu ter digitado isso em negrito?) acompanhado pela espiã rival/interesse romântico Lana Kane e assessorado pelos demais funcionários – CyrilCherylPam, Ray e o cientista Krieger – enquanto é supervisionado de perto pela dona da agência (e sua própria mãe), Mallory Archer.

Mas chega de sinopse de fanzine – porque essa budega é boa de assistir? Porque é engraçado pra caralho!

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Archer é criação de Adam Reed – o mesmo cara de Laboratório Submarino 2021 – e tem a mesma pegada da obra anterior: desenhos mal animados, estilizados-meio-pop art e com o mesmo humor ácido. Tudo, dos diálogos aos cenários, é feito como referência aos filmes e tramas, muitas vezes absurdos, dos filmes de espionagem antigos – sobretudo os James Bond, e o humor muitas vezes lembra bastante as piadas auto-referenciais de Arrested Devopment – contando inclusive a atriz que fez a Lucile BluthJessica Walter, dublando a (também) mãe do personagem principal, além de outras participações do elenco do seriado dos Bluth (e das suas piadas internas também).

 

Mas tá, e essa temporada aí, é boa ou não porraaaaa?!?!? Calma, cocada. Antes de falar disso, tem que explicar um negócio.

Então, lá pela 5ª temporada, Archer decidiu variar a temática e levou os agentes da ISIS (é hoje que a gente recebe uma cartinha da PF) pra Miami e explorar como referência Miami Vice. Isso representou uma renovação na temática e foi muito bem recebido pelos fãs. Daí duas temporadas depois (já pós-grupo terrorista, então já sem o nome da agência, o que fez com que a própria presença da mesma acabasse ficando desnecessária) a série chutou o balde e fez uma temporada inteira nos anos 40, numa estética noir, dando uma desculpa esfarrapadíssima – e ficou muito BOM.

Daí em diante, o que já era escrachado ficou ainda melhor.

Aí que, finalmente, entramos no tema dessa resenha. A oitava temporada de ArcherDanger Island, é uma homenagem a ambientação do entreguerras e aos “filmes de selva misteriosa” (que é duas sessões depois dos filmes de tubarão na Locadora do Falecido), colocando os personagens nos anos 30 em uma ilha da polinésia francesa, em busca de um ídolo perdido ao mesmo tempo em que acontece a ascensão do partido nazista.

O resultado acaba sendo muito positivo. Reed consegue segurar o humor dentro da nova ambientação, fazendo com que você fique curioso em ver como cada personagem é resolvido (o Krieger de ARARA FALANTE é do caralho huahauhauah), além de trazer novamente uma trama fechada com início, meio e fim. Porém, a ausência de muitas das piadas internas obrigatórias da série me incomodou um pouco (porra, não lembro de ter ouvido NENHUM “danger zone!” na temporada inteira!).

Tem até uma participação do David Cross/Doutor Tobias Fünke! Isso é bom pra cacete!

Enfim, Archer é um seriado que soube driblar muito bem o desgaste de ter que produzir praticamente uma temporada por ano simplesmente chutando o balde e inventando uma desculpa foda para fazer em cada temporada nova um seriado diferente (inclusive, no último episódio de Danger Island nós já podemos ver qual será a temática da próxima) e isso é algo que eu considero muito interessante, pois previne que a série acabe entrando num modo aleatório demais – como acontece com outras animações do estilo, por exemplo, em Family Guy – e só por isso eu já acho que merece ser assistida.

E sim, fiz uma resenha de >800 palavras pra falar do tema mesmo só em dois parágrafos. Essa é a minha vida, esse é o meu clube.

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Archer: Danger Island

8 Episódios

FXX/Netflix

Nota: 9,27

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