Olha só, nerdaiada amaldiçoada… Estava vendo o Bleeding Cool, e me deparei com outro artigo de lá falando sobre a notória falta de diversidade (racial, sexual, de gênero) nessa nova onda de filmes de heróis…
Os cabras falavam sobre o fato de apesar de termos personagens negros nos filmes (como no novo Capitão América), e alguns serem fodões e terem uma grande importância dentro do universo estabelecido (como o Nick Fury, que manda na porra toda), ainda assim tais personagens não são os protagonistas, se limitando a pequenas aparições ou então no ingrato papel de “ajudante” do herói.
Também criticou o fato da Marvel não apostar num filme encabeçado por uma personagem feminina e que a Viúva Negra levou nada menos que QUATRO filmes até realmente ganhar destaque num filme… Citou os subaproveitamentos de Scarlett Johanson nos filmes do Homem de Ferro e que apesar da atriz ter um enorme número de fãs e a personagem ter um grande apelo nas HQs, o estúdio peca pela falta de ousadia, preferindo apenas inserir a atriz dentro de filmes com personagens masculinos protagonistas.
Quando o assunto é representatividade sexual, aí que a coisa piora… A comunidade LGBT não tem qualquer tipo de representatividade dentro desse universo heroico, o artigo cita o aparecimento da personagem Victoria Hand na série Agents of SHIELD, que é lésbica nas HQs, e que era interpretada pela atriz (lésbica assumida e ativista pelos direitos homossexuais) Saffron Burrows, parecia que o universo Marvel transmidiático iria parar de se eximir dessa questão, mas Vistoria Hand morreu na série sem fazer qualquer menção à sua sexualidade.
Qual foi o motivo de se escalar uma atriz que tem um histórico ligado às questões LGBT para interpretar uma personagem lésbica então?
Voltando a questão de falta de ousadia, o artigo cita ainda o fato de termos dois Mercúrios no cinema, um nos filmes da Marvel e outro no novo filme dos X-Men, a explicação da FOX foi que a história do filme carecia de um velocista, e que eles não sabiam da intenção da Marvel de usar o mesmo personagem, criando assim esse estranho imbróglio.
Pois bem, se a questão era simplesmente ter um velocista na história, e como já dito que esse Pietro não terá ligações com o Magneto, por que então o diretor Bryan Singer (que também é homossexual assumido e também ativista pelos direitos gays, como Ian McKellen) simplesmente não aproveitou o ensejo para inserir no filme uma representação LGBT colocando o ESTRELA POLAR como o velocista do filme?
Era uma ótima oportunidade, tudo casaria perfeitamente, até mesmo o background de “ex esportista” que o Mercúrio do filme tem… Sem falar que o Estrela Polar, apesar de nunca ter sido um personagem principal nas HQs está marcado na história como o primeiro personagem assumidamente gay a ser introduzido nas HQs da Marvel, Bryan Singer garoteou nessa!
O que eu acho? Vejo muita gente reclamando dessa cobrança pela representatividade das minorias estarem nos filmes e HQs, colocando isso como se fosse uma “imposição do politicamente correto” ou hipocrisia, mas lhes digo que a questão vai muito além disso.
Em tempos de maior liberdade comportamental é extremamente necessário que esse tipo de coisa seja retratado nas artes (cinema, novelas, livros, HQs) simplesmente porque é uma REALIDADE, e como essas mídias retratam um mundo fictício espelhado na nossa realidade, é claro que esses grupos devem ser retratados.
Hipocrisia é simplesmente deixar de mostrá-los, uma atitude covarde que tem raízes no conservadorismo preconceituoso que tenta esconder esses aspectos ou taxá-los de “antinatural” com argumentos e medos infundados de que esse tipo de representatividade é nociva pra sociedade (como se as pessoas passassem a ter menos valor social por serem gays, negras, mulheres, gordos, baixos, carecas…)
Perpetuar esse tipo de pensamento ou simplesmente concordar com essa ideia de “ditadura do politicamente correto” é dar suporte pra que esse tipo de atitude que segrega pessoas, seja pelo seu sexo, cor, sexualidade, aparência continue existindo.