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A Gente Lemos: Antes de Watchmen – Coruja

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Sim, eu sou um verme e comprei isso ai.

Pois é, Moorezetes, a Panini começou a publicar aqui os fanfics de Watchmen criados por quadrinistas famosos.

Sim, se você, assim como eu, é verme o suficiente para encarar Antes de Watchmen, ao menos tenha o mínimo de bom senso de, antes de ler, se conscientizar de que isso tudo são “fanfics de luxo” (quando não, de lixo) de uma obra fechada. Ou seja, mesmo os que forem bons (se algum desses for) não se deve considerar isso como parte da obra oficial, ainda que sejam feitos pela DC.

Encarando dessa forma, até dá pra ler “numa cagada” sem se importar tanto se faz sentido ou não dentro do que Alan Moore criou. Ainda assim, mesmo sem levar em conta toda a polêmica que envolve a criação da série, é um jogo que já começa perdido, pois não tem como não comparar com a obra original.

A Panini felizmente optou por encadernar as mini series originais a um preço aceitável, e começou pela do Coruja, escrita por J.M. Straczynski, desenhada por Andy Kubert e arte finalizada por Joe Kubert.

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Seguindo a premissa do projeto como um todo, Straczynski tenta “preencher as lacunas” de Watchmen mostrando como a infância complicada de Daniel Dreiberg levou ele a admirar o primeiro Coruja e se tornar vigilante, como começou sua parceria com o Rorschach e seu envolvimento com a “vilã” Dama do Crepúsculo ao investigar uma serie de crimes.

O escritor tenta construir bases críveis para a personalidade de Dan, e até cria alguns poucos bons momentos, mas nada originais. A forma como Dan resolve lidar com “bullies” e também seus conflitos familiares, por exemplo, soam como somente versões um pouco diferentes das que Alan Moore criou para outros personagens, especialmente Rorschach.

A necessidade de mostrar as diferenças e semelhanças entre os dois parceiros aumenta a sensação de que nada de realmente proveitoso foi acrescentado e que esse tipo de aprofundamento é irrelevante, quando não equivocado. Pior ainda, aliada a trechos totalmente focados em Rorschach, reforça a impressão de que Dan é um personagem bem menos interessante que seu parceiro numa hq onde o Coruja deveria ser o atrativo.

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Após um final digno de uma novela mexicana, me pareceu que a trama inteira foi criada com base em dois detalhes da obra original: quem era a Dama do Crepúsculo (rapidamente citada em Watchmen) e como Rorschach conseguiu sua placa de “O Fim Está Próximo”. Sim… detalhes dessa “relevância” mesmo…

Sobre a arte, lembro que quando esse projeto foi anunciado eu disse que essa era uma revista em que seria interessante ver os Kubert pai e filho trabalhando juntos, e o Hell me lembrou que infelizmente o filho em questão era o Andy Kubert e não o Adam. Não tenho total aversão ao traço do Andy, mas também gosto bem mais do trabalho do Adam. Só que aqui a arte começa muito boa, pois embora faça “apenas” a arte final, é o traço do Joe Kubert que se sobressai.

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Se o pai “consertou” a arte do filho Andy, ou se acabou praticamente desenhando tudo em cima de layouts e composições de página do filho, não sei, mas o fato é que é visível quando, das páginas 62 para 63 desse encadernado, no meio da terceira edição, o arte finalista muda.

Pra quem não sabe (e se depender do trabalho da Panini na edição vai continuar sem saber), Joe morreu nessa época e Bill Sienkiewicz terminou a arte final da mini serie. Assim, da página 63 em diante, mesmo com Bill tentando emular Joe, não é a mesma coisa. O traço de Andy se torna mais reconhecível e, com isso, temos rostos mais arredondados, expressões mais caricatas…

Embora a arte ainda seja boa perde-se a unidade e o charme do trabalho. Sem forçação nenhuma… o que tinha de especial ali se foi.

No final temos 3 páginas de A Condenação do Corsário Carmesim, muito pouco ainda pra se avaliar a história de Len Wein. A arte, do colorista original de Watchmen, John Higgins, é muito boa mas, quando eu lia os Contos do Cargueiro Negro em Watchmen, a arte realmente passava a impressão de ter vindo de trechos de uma antiga revista de piratas, e aqui isso infelizmente não acontece.

Se você já leu Watchmen, já comprou todas as outras revistas interessantes nas bancas, e tem uma grande curiosidade mórbida em conferir essa leitura de banheiro, ok. Algumas outras coisas além das que citei aqui podem te incomodar um bocado pois nem falei de todas as lambanças, rs, mas vá lá: você é um verme. Eu entendo, também sou.

Agora, se você sequer leu Watchmen ainda e está curioso por isso… NÃO! Porra… NÃO! Não leia essa merda! Com a grana que você gastaria comprando esses prequels todos, junte e compre a original!

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Nota 5

Antes de Watchmen – Coruja

Formato 17 x 26 cm

Capa Cartão, Lombada Quadrada

Papel LWC, 108 Páginas

Distribuição Nacional

Preço: R$ 12,90

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