Mas o quê, um post? SIM, afinal eu tenho esse costume anual de vir aqui em dezembro e escrever coisas que ninguém vai sequer pensar em ler, mas que serve para eu ter uma ideia no futuro de minha perspectiva tênue sobre a vida. Sim, esse post é para mim, e se você está aqui, é porque você está errado.
De qualquer forma, estou aqui para falar dos meus joguetes de 2019. E 2019 foi um ano estranho para minha relação abusiva com jogos, muito porque muita coisa mudou para mim nesse ano. Morei sozinho, tive que lavar minhas cuecas, e minha paciência com qualquer coisa que não me motivasse imediatamente se tornou ínfima. Por isso, teve uma série de jogos esse ano que, bem, simplesmente não me apeteceram. Outer Wilds? Eu sei que é um jogo batuta, mas estava mais me forçando pra jogar do que qualquer outra coisa. Devil May Cry 5? Eu gostei, mas pra realmente aproveitar eu teria que me dedicar muito mais do que eu podia no momento. Outer Worlds? Também gostei, mas estava tão no automático que larguei rapidamente. Control?
Não, Control é uma merda mesmo.
De qualquer forma, essa lista é muito mais sobre os jogos que conseguiram me fisgar do que qualquer outra coisa. Sobre o que realmente teve uma conexão comigo, independente se eu acho um jogo com pouquíssimos defeitos do que qualquer outra coisa. E, como você sequer se importa com meus devaneios e só quer ver a lista para me julgar depois, aqui vamos nós:
7 – Death Stranding
Taí um jogo que explica EXATAMENTE o que acabei de falar. Death Stranding é um bom jogo? Questionável, no mínimo. A história é um bando de conceito largado no meio dos PIORES DIÁLOGOS QUE JÁ VI EM UM JOGO SÉRIO em muitos anos. As missões obrigatórias te fazem explorar os piores momentos de jogabilidade disponíveis, com 95% delas dedicadas ao combate pífio do jogo. Eu sinceramente não consigo recomendar um jogo caro desses pra ninguém, a menos que seu objetivo seja se embebedar e queria fazer um jogo onde toma um drink a cada vez que alguém diz BB.
Contudo, porém, entretanto, todavia, há alguma coisa no meio dessas engrenagens lascadas de Death Stranding, e o que considero o cerne do jogo: O tal simulador de Uber Eats. A maior parte do jogo se consiste em você fazer missões secundárias, entregando encomendas de um lado ao outro do mapa e manipulando o cenário com seus instrumentos da forma que der. Tem uma parede de rochas que não dá pra escalar? Que bom que você trouxe sua escada. Não dá pra descer dessa montanha? Tem a corda. Precisamos de uma forma de conectar os caminhos de forma mais rápida? Vamos construir uma rede de tirolesas que atravessem o mapa e que possibilitem um deslocamento tão rápido que o próprio mapa do jogo não consegue ser carregado com tanta velocidade.
A maior parte do jogo se passa nesse loop, e é onde os conceitos realmente funcionam. A tal conexão com os outros jogadores funciona porque você vai descobrir que alguém terminou sua estrada, ou construiu uma ponte num lugar importante, ou que deixou aquele abrigo contra a chuva que você tanto precisava. Andar não se torna mais um problema, porque você já conhece o mapa o suficiente para saber qual caminho é mais eficiente. É prazeroso criar sua rede de tirolesas, porque seus recursos são limitados e você precisa triangular direito uma rota que seja usada da melhor forma.
Death Stranding é um jogo extenso, desconexo, cheio de defeitos, mas que liga alguma coisa no seu cérebro que te faz te importar com entregas de tarefas e curtidas que recebe ao fazer o melhor trabalho. Talvez diga muito mais sobre minha personalidade do que a qualidade do jogo, mas isso não me impediu de passar quase quarenta horas entregando cuecas para o Conan O’Brien vestido com um capuz de lontra.
6 – Neo Cab
Falando em Uber Eats, aqui temos um simulador de Uber, onde o foco está em conversar com os passageiros do que dirigir.
POR FAVOR, NÃO ME DÁ ZERO ESTRELAS, EU PRECISO DE UM LUGAR PRA DORMIR HOJE!
A história se passa num futuro distópico e distante onde empresas controlam o mundo e usam dos sentimentos civis para passar leis a seu favor. Você sabe, uma obra de ficção. Você é uma garota que acabou de chegar na cidade, sua amiga que ia te dar um teto sumiu, e o objetivo é descobrir o que aconteceu com ela enquanto atravessa a cidade fazendo seu trabalho.
Ano passado eu falei muito bem de um jogo chamado The Red Strings Club, cuja história parece extremamente maleável às decisões do jogador. Neo Cab parece fazer algo parecido, visto que você tem a oportunidade de escolher entre diversos passageiros que vão te fornecendo possibilidades no decorrer da história. Eu, por exemplo, fiz um final que dependia da vidente, do cultista e do fotógrafo, mas como todos os passageiros são opcionais, possivelmente você vai ter uma experiência diferente.
Tem muita coisa em Neo Cab, e muita coisa que também não funciona. Os modelos dos personagens que parecem ter saído de um projeto do Live 2D me incomodam, e o aparelho que monitora seus sentimentos, por mais que tenha sentido na história, nunca parece ter sido aproveitado da melhor forma durante o jogo. Ainda assim, o confronto final é satisfatório, a história é sólida, e tem personagens muito bons jogados aqui e ali. Uma experiência curta e divertida, mas que parece se esforçar em apresentar muita coisa do que realmente aprimorar o que faz de melhor. O oposto de The Red Strings Club, por exemplo.
Joguem The Red Strings Club. E Neo Cab, também, mas de preferência antes de The Red Strings Club.
5 – Mortal Kombat XI
De jogo de luta em jogo de luta, eu me aproximo cada vez mais da EVO. Se em Street Fighter V eu me contentei a brigar contra o computador, em Dragon Ball Fighter Z eu me arrisquei no modo online casual, em Mortal Kombat XI eu até joguei o modo ranqueado! Perdi? De formas horríveis e traumáticas, mas lá pro Mortal Kombat 30 eu já devo me profissionalizar.
Não que a melhor parte de Mortal Kombat pra mim seja o combate, mesmo que ele tenha se tornado bem mais fluído do que o 9, o último que joguei. O que realmente amo nesse jogo é o modo história, que parece uma fanfic vagabunda (de um jeito positivo). Ela é simplesmente estúpida, com viagens no tempo, militares e bombas, mas uma história estúpida e divertida. De fato, é a melhor coisa que Mortal Kombat poderia oferecer, porque não há como levar essa franquia a sério, com seus robôs ninjas, seres formados das areias do tempo e mares de sangue.
Eu amo um jogo estúpido e inconsequente de vez em quando, e Mortal Kombat XI consegue ser exatamente isso.
4 – Tetris 99
Eu nunca venci uma partida sequer de Tetris 99, mas passei muitos meses gastando uns belos minutos diários tentando.
Não tem muito do que falar de Tetris 99, afinal… é Tetris. Possivelmente o jogo mais consistente da história. O pulo do gato aqui é que você compete com outras 99 pessoas, jogando peças nos tabuleiros adversários e sofrendo quando fazem o mesmo contigo. E… é isso. De resto, é um bom Tetris. E um bom Tetris é um excelente jogo.
ENTÃO IMAGINA NOVENTA E NOVE TETRIZES!
3 – Sayonara Wild Hearts
SOMETHING’S CHAAAAAANGEEEEED
AND I DIDN’T KNOW
Rapaz, que joguete divertoso. Adeus Corações Valentes é quase que uma série de clipes franceses malucos que passavam de madrugada no VH1, com cores vibrantes e supostamente uma história que os unia, mas que ninguém sabe exatamente como funcionam todas as metáforas.
O gameplay de Sayonara Wild Kokoros se consiste (basicamente) em controlar uma garouta por uma série de mapas psicodélicos, coletando cristais que mais ou menos seguem o ritmo da música que está rolando. Não considero exatamente um jogo rítmico por causa disso, não é como se você estivesse seguindo uma trilha de notas de Guitar Hero ou algo parecido. Ele é muito mais sobre a experiência, de você botar o fone de ouvido e absorver tanto a música quanto os visuais malucos, e os cristais estão ali para te motivar a jogar várias vezes e pegar a pontuação máxima. O jogo até consegue alternar sua jogabilidade de vez em quando, com sequências de tiro e fugas, que ajudam a diferenciar cada fase.
Sayonara Wild Hearts foi uma grata surpresa que me motivou a jogar e jogar várias vezes para desbloquear tudo que ele tinha para oferecer. Talvez as músicas não sejam exatamente sua praia, mas acho que dá para se arriscar pelo valor dele. E, não se esqueçam:
GOOOODBYYYEEE
SOOO LOOOOOONG (SO LONG)
SAYONARA
SAYONAAAAARA
WOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
DON’T SAY
SAYONARA WILD HEARTS
2 – Fire Emblem: Three Houses
O melhor elogio que consigo dar para Three Houses é que estou até agora sem avançar na minha segunda jogatina porque tem uma missão que te obriga a passar o rodo nos outros alunos de sua escola e eu simplesmente não consigo.
O plot inicial desse Fire Emblem é o seguinte: você é um mercenário silencioso contratado como professor, e deve escolher entre três casas, cada uma com sete estudantes. A escolha entre cada um deles muda o rumo da história (embora você ainda tenha muita coisa compartilhada entre elas), e invariavelmente te obriga a matar quem não teve a sorte de ser recrutado por você em um combate tático que te faz ensinar os alunos a bater com o lado pontudo da espada e rezar para que não morram também.
Fire Emblem talvez seja minha franquia favorita hoje, e Three Houses me mostra os melhores aspectos da série. Depois de um tempo, voltamos a ter uma história mais cinza (ou pelo menos uma história cinza bem contada, cof cof Fire Emblem Fates cof cof), os personagens são carismáticos, os diálogos entre eles são cativantes, a personalização das unidades é extensa, a dificuldade é precisa e tem muitos memes na internet. Não que seja um primor na maior parte das coisas que faz, especialmente porque tem uma rota alternativa (que é mais fácil de alcançar do que a rota de verdade) que não explica nada de nada, mas ainda assim é uma das minhas melhores experiências no ano, e eu não joguei nem metade do que quero jogar.
Aliás, eu disse acima que o melhor elogio que conseguia dar para Three Houses é que fiquei triste em matar meus alunos de outra encarnação? Esquece, o melhor elogio que posso dar é que esse jogo finalmente uniu os fãs de Fire Emblem, proporcionando algo que todos conseguiram aproveitar.
1 – Sekiro: Shadows Die Twice
Sekiro, melhor do que Dark Souls ou Bloodborne, me mostrou o quanto consegui melhorar conforme fui aprendendo como se joga, a ponto de ser esnobe o suficiente para acreditar que consigo vencer todos os chefes sem tomar dano.
A jogabilidade desse jogo é quase rítmica, que consiste primariamente em quando defender e quando atacar. Você e o inimigo tem duas barras, uma de postura e uma de vida. A de vida acaba muito rápido, e o combate se baseia na postura. Diminua a postura o suficiente, e ele estará à mercê de um ataque fatal. Se ele tentar fazer isso contigo, bloqueie no tempo certo. Se bloquear de qualquer jeito, sua postura vai aumentar, mas se for no tempo certo, a postura dele que irá sofrer. Entenda a forma com que ele está vindo pra cima de você, seja preciso no que faz, ataque quando tiver uma abertura, e… é isso.
É isso. Sekiro é essencialmente isso. Um parágrafo, um ensinamento, uma espada. Há elementos orbitando o combate, como instrumentos de auxílio, a história, o cenário, o sistema de ressurreição, mas a beleza de Sekiro pra mim é o combate um contra um. Você não tem nível, não tem armas especiais, e depende apenas de sua visão e audição para derrotar qualquer inimigo. Pra mim, é um jogo quase minimalista, e essa dança do combate é a mais prazerosa que já joguei esse ano e quiçá em muitos anos. Todo jogo recente da From Software tem seu momento de clique, onde você entende o que o jogo te propõe. Quando isso acontece em Sekiro, você se torna uma arma a ser temida. O lobo à espreita de qualquer oportunidade. O cara que vai enfiar essa espada na sua goela, e se você se levantar de novo, vai te derrubar mais uma vez, fidaputa!
Há mais do que isso em Sekiro, já disse. Mas é isso que importa, e é isso que me fascina.
0.5 – Fire Emblem Heroes
Faz uns três anos que esse jogo saiu, mas segue o otário continuando a gastar dinheiro para ter um .png do seu personagem favorito.
Isso aqui é um grito de socorro.