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A gente vimos: Man of Steel, por Algures (Spoilers)

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Qual é o seu Superman? Para as gerações dos anos 30 e 40, Superman era um vigilante que fazia justiça com as próprias mãos e não se importava em intimidar os criminosos com sua força. Para as gerações de 50 e 60 era normal o Superman achar maneiro casar o Jimmy Olsen com uma Gorila e mover planetas como quem abre uma porta. As gerações de 70 e 80 acreditavam num Superman “escoteiro”, confiante e seguro de si, que sempre tomava as decisões corretas e quem viveu as décadas de 90 e 2000 conheceu um Superman mais vulnerável, tanto física quanto emocionalmente.

Dito isso, a coisa mais importante a ressaltar nesta resenha é: O Superman de Man of Steel não é o Superman da minha geração. Em outras palavras, eu não reconheço ali o Superman com o qual eu cresci. MAS – e é um grande “mas” – isso não é necessariamente ruim. Vale lembrar que os quadrinhos só sobreviveram por quase 80 anos por que se adaptaram aos tempos e foram atualizando seus personagens para se ajustar às exigências da geração de cada época. Se os super-heróis quiserem sobreviver no cinema por muito tempo, terão que fatalmente fazer o mesmo.

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Agora que está tudo esclarecido, achei O Homem de Aço um bom filme sci-fi. Com seus erros e acertos, o filme tem o grande mérito de mostrar que Superman pode funcionar de outras formas no cinema, assim como nos quadrinhos, que nos trouxeram tantas versões alternativas do personagem.

Para facilitar a consulta e resumir minha opinião (se não eu ia acabar fazendo um texto filosófico em 40,5 partes), vou destacar os pontos altos e os pontos baixos do filme, sem me ater a comparações entre este Superman e qualquer outra versão – a não ser quando se fizer extremamente necessário.

Pontos altos
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Krypton: Finalmente vimos em Live action krypton representado como um planeta de verdade, com fauna, flora, sociedade e política. Alguns reclamaram do tempo que Krypton teve de tela, mas eu considerei o maior mérito do filme e sua maior contribuição pra a historiografia do Superman no cinema.

Lois/Clark: Sai a jornalista que consegue ganhar prêmios pulitzer por jornalismo investigativo, mas não consegue perceber que a única distância entre ela e Superman é um óculos, entra uma mulher que tem participação direta na decisão do Superman de se tornar o Superman, e também na manutenção de sua identidade secreta. Um relacionamento diferente do que já foi visto (quer dizer, na verdade foi visto em Smallville, hueheueheuheueheuh), mas muito válido.

Fortaleza da Solidão: Não existe uma “fortaleza da solidão”, ela é apenas uma nave kryptoniana que caiu aqui há cerca de 20 mil anos atrás.

Intimismo: Eu sempre me perguntei por que nunca abordaram o quanto deve ser difícil ser o Superman. Imagina você ouvir a confusão do trânsito a uma cidade de distância, ter que cuidar para não encostar em nada de forma desatenta para não quebrar, ou cuidar para não se descontrolar sob o risco de incendiar uma escola? Até que enfim abordaram o Superman pela ótica do próprio Superman.

Ação: Tem bastante. E as cenas de luta são bem legais. Lembra muito desenhos de Super-herói como Liga da Justiça e até os próprios quadrinhos. Aliás, a luta entre Zod e o Super lembra bastante a morte do Superman.

Zod: É o personagem mais legal e bem caracterizado do filme, depois do Super. É a exata antítese do personagem, e ao mesmo tempo é o Superman de Krypton; em outras palavras, se fôssemos Kryptonianos, Zod seria o herói da história.

Easter Eggs: Diferente da Marvel, a Warner não quis colocar coisas muito explícitas, mas tem 3 coisas que vale destacar (embora acho que todo mundo já saiba): A “fortaleza da solidão” tinha cápsulas com kryptonianos mortos, mas uma delas estava aberta sem ninguém (Se não me engano o prequel dá a entender que é a Supergirl), o logo da Lexcorp que aparece umas duas ou 3 vezes durante o filme, e a logo da Wayne Enterprises num satélite que Zod usa contra o Super.

Pontos baixos
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Explicações didáticas: Tudo bem que existe muita coisa pra se explicar em Man of Steel, mas dedicar uma cena inteira para colocar o Jor-el palestrando para o filho sobre Krypton é sacanagem. Qualquer pessoa que conhece um mínimo de criação de roteiro sabe que essa é a forma mais preguiçosa de narrativa: definir um momento onde você põe o espectador no colo e conta toda a trama, ao invés de fazer as explicações surgirem naturalmente conforme a história progride. E, além disso, já to bem cansado dessa estratégia de colocar o Jor-El como uma consciência onipresente que interage com as pessoas mesmo depois de morto.

Subaproveitamento de personagens: Embora bem caracterizada, o desenvolvimento da Lois é simplesmente deixado de lado em detrimento das cenas de ação e de ter que ser salva da metade para o fim do filme. Os personagens de Metrópolis são ridiculamente mal explorados sob a desculpa de que serão melhor aproveitados numa eventual sequência, mas isso acaba prejudicando a identificação do espectador com eles no filme. A impressão que dá, como disseram os outros MDMs no pod sobre o filme, é que tem uma porção de personagens que tiveram cenas cortadas e que tinham bem mais relevância originalmente.

Cenas desnecessárias: Algumas cenas de ação desnecessárias (o enfrentamento com tentáculos robóticos gigantes durante a tentativa de Zod de terraformar nosso planeta por exemplo) e cenas colocadas só para ter algum humor (como a cena da soldado falando que o Super era gostoso) fazem a gente se perguntar se não daria para eliminar essas merdas e incuir cenas com os personagens mal aproveitados.

Para mim, o saldo geral é positivo. É um filme legal, tem boas cenas, as cenas intimistas são bem interessantes. Não é o “meu” Superman, mas é talvez o que as gerações atuais exijam hoje, em tempos menos inocentes e mais confusos. Agora é ver como o personagem evolui nas sequências, se ele vai com o tempo se aproximar mais do Superman dos quadrinhos ou, como foi com a trilogia do Nolan, o personagem vai ter seu próprio caminho e se tornar algo completamente diferente de sua contraparte bidimensional.

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Nota: 8

Algures

Meu nome é Algures e tenho 41 anos (teria se tivesse vivo). Morri aos 13 anos tentando ouvir o Podcast MDM proibidão. Envie esse post para 20 pessoas para que eu possa descansar em paz. Caso não repasse essa mensagem, vou visitar-lhe hoje à noite e você vai se arrepender. Dia 15 de julho, Rafael riu dessa mensagem e 27 anos depois morreu em um acidente de carro. Não quebre esta corrente a não ser que queira sentir minha presença (atrás de você)

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