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A Mulher-Maravilha não é mais a embaixadora do empoderamento das mulheres e meninas. O que elas acham disso?

Bem, teve um assunto que acabou de dar um fuzuê nas redes sociais. A ONU tinha a Mulher-Maravilha como embaixadora honorária do empoderamento feminino desde outubro desse ano, seguindo uma linha de personagens fictícios que foram indicados a cargos menos relevantes nos anos passados, como o Ursinho Pooh (embaixador da amizade em 1998), Sininho (embaixadora do verde em 2009) e até o pássaro vermelho dos Angry Birds (???) como embaixador honorário do dia internacional da alegria em 2016.

Contudo, a escolha da Mulher-Maravilha acabou gerando vários protestos de grupos por volta do mundo, que decidiram fazer uma uma petição online que pedia a remoção da personagem, alcançando 44.000 assinaturas e fazendo com que a Organização das Nações Unidas acatasse o pedido.

A decisão de retirar a Mulher-Maravilha do cargo se baseia na associação da personagem a uma pin-up girl: sexualizada, de corpo atlético, branca e de roupas reveladoras que ainda remetem à bandeira dos Estados Unidos. Também reclamaram da incapacidade da ONU de encontrar uma mulher de verdade para um papel tão importante, e não uma personagem fictícia. Segue o link da petição para quem quiser saber mais.

Como eu disse acima, isso acabou causando vários grupos expondo seus argumentos na internet, mas ao invés de encher o saco de vocês com uns quatro parágrafos da minha opinião, decidi correr atrás de seis mulheres de diversos pontos da internet para dar uma opinião mais embasada.

P:

Bom, vamos lá.
A questão aqui não é a Mulher-Maravilha, e sim o que ela representa. Com tantas mulheres reais fazendo trabalhos incríveis, acho que os argumentos apontados na petição são mais do que válidos. Embora ela seja uma guerreira forte e independente, é só uma personagem. Temos que dar visibilidade para uma mulher real, com representatividade. Veja bem, não estou desmerecendo a Mulher-Maravilha. Mas não faltam mulheres na vida real para o cargo. Então, porque não dar reconhecimento a elas?

Silmara Fradico, escritora:

Mulher-Maravilha: imagem de mulher perfeita, nasceu e cresceu num mundo sem homens, sem estereótipos e senso comum que ditam como uma mulher deve ser e o que deve fazer, ganhou os poderes e a aparência que tem dos deuses, pode voltar pro mundo sem homens quando quiser (basicamente), nunca vai envelhecer ou se envelhecer, será muito devagar, é fictícia, ou seja: essa personagem não tem nada de feminista ou qualquer relação com empoderamento feminino, a hipótese dela representar a luta das mulheres por igualdade é ridícula

Ana Clara:

Particularmente não queria precisar viver numa sociedade que esse tipo de “título” ou “cargo” fosse necessário. Uma vez sendo, acho que não consigo chegar a uma conclusão sobre o assunto. Ao mesmo tempo em que realmente acho que mulheres reais façam mais sentido como embaixadoras – ainda que honorárias – também não consigo deixar de considerar o alcance da figura da Mulher Maravilha. Lamentavelmente acho que a sociedade ainda precisa “comer muito feijão com arroz” para conseguir entender a mulher real como empoderada ou digna de empoderamento.

Ana Duarte:

Entendo o incômodo com relação à figura da Mulher-Maravilha, mas não engrosso o coro. Não conheço muito bem o universo dos quadrinhos, por isso, até onde sei, ela é uma das primeiras protagonistas femininas das HQs e, independente de suas características físicas, é uma personagem muito forte. Mesmo apresentando um corpo idealizado e sendo comum vê-la em representações sexualizadas, via de forma positiva seu cargo como embaixadora honorária do empoderamento de mulheres e meninas. Independente do objetivo na sua criação, ela não deixa de ser uma personagem feminina criada nos anos 40 e que saía dos formatos sociais esperados da mulher naquela época. A Mulher-Maravilha é um ícone facilmente reconhecível e, talvez, consequentemente mais identificável.

Adriana Melo, desenhista, mandou essa imagem para resumir sua opinião:

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Débora de Albuquerque, colunista do Terra Zero:

Particularmente, apesar da Diana não ser a minha escolha de embaixadora, eu entendi e aceitei, considerando o histórico da personagem e a influência dela para outras pessoas, e sabia que era um cargo simbólico, afinal a ONU tem embaixadores e embaixadoras de carne e osso pelo mundo. Então, achei a atitude da Instituição de retirar o cargo, além de covarde, antiética. A posse foi de agrado de todos? Não. Mas, já que a colocaram, deixa lá, até onde eu saiba não estava fazendo nem mal nem bem para ninguém, além das causas usadas para pedir a retirada dela serem machistas: como o corpo dela e suas roupas. O outro dela ser uma personagem fictícia, sim, ela era, mas então por que ter tanto empenho de desposar uma pessoa que sequer existe?

Então, em relação à personagem minha postura é neutra, já em relação aos fatos, pra mim só mostrou como a ONU é uma organização fraca e a atitude foi antiética. Espero que um dia estas feministas que foram contra a personagem como eu possam ouvir testemunhos de pessoas que foram inspiradas pela Mulher-Maravilha e ver que a atitude delas foi tão preconceituosa e machista quanto aquelas que elas lutam contra.

Bem, para encerrar, queria dizer que há uma petição nova para recolocar a Mulher-Maravilha no papel de embaixadora aqui nesse link. Fiquem à vontade para analisar e refletir. E se você é uma mulher que quer dar uma opinião, basta enviar um e-mail para o MdM que talvez façamos uma parte 2 desse post.

Quem sabe.

Lojinha

VAI LER MEUS LIVROS PORRA

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