O FIQ, a convenção internacional dos chégas do mundo do quadrinho acaba de anunciar uma convidada internacional no mínimo relevante: Gail Simone.
Sim, a roteirista da DC responsável por momentos clássicos da historiografia da editora, como a Mulher-Maravilha dividindo apartamento com Gorilas Albinos e fazendo longos passeios ao pôr-do-sol em cima de uma concha gigante de mãos dadas com o Nêmesis, depois dele ir até Themyscira pedir à Hipólita para namorar com Diana Prince; ou as belíssimas histórias cheias de situações fanservice de Birds of Prey.
Meu asco à parte (definitivamente, é uma roteirista que eu não gosto – exceto em Deadpool, eras atrás), há que se considerar de fato a relevância de Gail: uma das roteiristas femininas mais reconhecidas do meio, a mulher que por mais tempo escreveu a Mulher-Maravilha e, ao mesmo tempo, uma das mais militantes quanto às questões de representação de gênero nos quadrinhos de super-heróis (o que é um problema, porque ela reclama de um lado e faz quadrinhos que reproduzem ipsis literis esse modelo de outro, mas deixa baixo).
Pra não perder a viagem, vale comentar que semana passada o FIQ também anunciou a vinda de Marguerite Abouet, autora de Aya de Yopougon, quadrinho vencedor do Festival de Angoulême (2006) aqui lançado pela LP&M. O trabalho de Abouet, tem o grandessíssimo mérito de desmistificar a vida das pessoas do continente africano para os nossos olhares “ocidentais”: Aya é uma história de pessoas, que “por acaso” moram na África, com seus costumes e particularidades. Não há leões e savanas, assim como em histórias passadas no Brasil a floresta Amazônica não é condição necessária.
Ambas as duazes convidadas, casam com a proposta do FIQ 2015 de aumentar radicalmente a representatividade feminina no evento. Gail e Marguerite vêm somar forças à animal Ana Koehler, curadora do evento, e mais um número imenso de participantes mulheres, sem sombra de dúvidas um recorde. Marguerite especificamente, vem (em parceria com o SESC/MG e FAN – Festival de Arte Negra) dar continuidade também ao intercâmbio Brasil/África que o FIQ propôs já na edição de 2013.
Mas agora, o que todo mundo quer saber é: será que rola da Gail Simone pedir desculpas por aqueles malditos Gorilas Albinos?