A GENTE LEMOS: Ultra lê Ultraman #1
Preâmbulo:
Na década de 90, a editora Abril publicava uma HQ feita aqui no Brasil com aventuras dos heróis japoneses da época. A revista chamava-se Heróis da TV (o mesmo nome usado pela editora para publicar HQs com super-heróis Marvel décadas antes) e apresentava as peripécias dos corajosos Maskman (com ocasionais participações dos Changeman), Black Kamen Rider, Cybercops e Spielvan (o Jaspion 2).
Com a audácia e a falta de conhecimento dos jovens e ignorando trivialidades como licenciamento de personagens, mandei algumas cartinhas para a redação da revista com um pedido aparentemente banal: “por favor, publiquem as aventuras do Ultraman“. Claro que minha solicitação nunca foi atendida, mas, no meu coração, sei que a missiva chegou aos artistas da revista, pois, apareceram pequenas referências ao Gigante de Luz nas HQs.
Fim do preâmbulo.
2015, em um momento de pouca lucidez, o editor da JBC Cassius Medauar me confidenciou que iria publicar o mangá ULTRAMAN. O impúbere que ainda carrego no coração chorou emocionado. O adulto barbudo que insiste em problematizar minha vida lembrou-me que já tinha lido ilegalmente alguns capítulos do mangá e amado. Finalmente eu teria em mãos uma HQ de um dos heróis da minha infância. Só que não.
ULTRAMAN não é um mangá do Ultraman, mas sobre as consequências da passagem do Gigante de Luz na Terra. Logo nas primeiras páginas, descobrimos que muitos anos se passaram após a última batalha do herói. Shin Hayata já não é mais o hospedeiro do Ultraman e sequer se lembra da passagem do herói pela Terra. Temos apenas um coroa com um segredo aparentemente assustador (pelo menos para ele) e um “estranho” adolescente com poderes incríveis: Shinjiro Hayata.
Para ser mais preciso, ULTRAMAN ignora todas as séries seguintes à original e cria sua própria cronologia. Shin Hayata é o primeiro e único hospedeiro de um guerreiro da Nebulosa M78 e fim de papo. Envelhecido, o ex-patrulheiro científico hoje é ministro da defesa do Japão que, apesar do cargo, não sabe que a antiga Patrulha Científica ainda está ativa e operante, vigiando a Terra e monitorando atividades alienígenas no planeta. Por pouco tempo, é claro. A trama do mangá ULTRAMAN tem início quando ele descobre o segredo e revela ter alguns poderes que ele compartilha com o filho Shinjiro. O resto é spoiler.
Para quem não é leitor habitual de mangá e nem um grande conhecedor das aventuras da Família Ultra, encare a nova história como uma continuação “ultimatizada” do herói. Em conversas no Twitter, notei que algumas pessoas estranharam o visual mecanizado do herói nas prévias do mangá. Como eu disse anteriormente, não é um gibi do Ultraman. É um gibi sobre o LEGADO deixado pelo herói em sua passagem para nos defender de terríveis monstros gigantes. Por isso, tire o escorpião do bolso e gaste uns caraminguás com o mangá. ULTRAMAN é muito foda. Nota 10.
Ainda não está convencido? Leia as resenhas do Alexandre Nagado e do Raphael Soma. Os caras manjam muito de Ultraman e dão alguns spoilers bacanas que resolvi não soltar.