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Dicas de livros: A guerra dos bastardos

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Primeira dica literária aqui no MdM: porrada com ironia e estilo no segundo livro da autora brasileira Ana Paula Maia.

Quando foi que nego começou a só ver TV, porque livro era chato? Depois que os livros ficaram drogados e não conseguiam comunicar mais nada, nos anos 60 e 70… e até hoje são assim. (O meu último é assim, pô!)
Vamos imaginar um cara comum, como você, leitor do MDM. O coitado que resolver pegar um Roberto Bolaño (o escritor de quem a imprensa anda puxando o saco) para ler a seco, ui!, nunca mais vai chegar perto de um livro na vida!
Estou abrindo esse espaço na fé de poder reconquistar as pessoas para a leitura. Quero indicar livros que sejam bons de ler, livros que não fazem contorcionismo mas têm graça.
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A guerra dos bastardos
Ana Paula Maia escreveu um livro de macho.
A guerra dos bastardos começa com Amadeu, o típico homem errado no lugar errado. Ou homem certo no lugar certo, já que, com dois bandidos mortos, Amadeu ganhou de presente uma sacola cheia de drogas para vender e salvar não só sua pele como a pele da boxeadora ruiva sua amada, Gina Trevisan. É ou não é como uma versão underground de Homem-Aranha?
A partir daí, a guerra come solta no submundo. É cão come cão. Tem bastante sangue, palavrão e sujeira. Também tem muita ironia e humor negro. Todos os personagens são únicos, têm nomes interessantes e deixam saudade quando (e se) morrem. Há frases inspiradas a cada página, vou colocar algumas das primeiras que aparecem:

Dentro está escrito, num cartaz verde-amarelo, de forte apelo patriótico, algumas benfeitorias do atual governo: “O resultado do nosso esforço está em suas mãos”, e ali cada um carregando seus próprios excrementos em potinhos de plástico.
Pensa que talvez fosse melhor terem um porteiro, alguém para quem dizer bom-dia, até logo, como vai; alguém que reportasse a tabela de resultados de jogos de futebol, descrevesse os melhores lances, as injustiças em campo e que torcesse pelo mesmo time que ele. O porteiro humaniza o edifício, além de ser o elo entre os moradores, aquele que tudo sabe, que tudo ouve e vê, ou seja, um verdadeiro equipamento de vigilância mantido com baixo salário, café e radinho de pilha.

Gina, a boxeadora, só vai aparecer mais para a frente, mas cada aparição sua será um deleite para os nerds que freqüentam esse site. Ana Paula já disse que, quando (e se) fizerem o filme do seu livro, já tem uma forte (forte mesmo) candidata a Gina: Duda Yankovich, a boxeadora sérvia naturalizada brasileira. Duda só precisa tingir o cabelo.

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Duda Yankovich

Ana Paula tem um parentesco assumido com a literatura pulp – ou seja, os livros baratinhos produzidos nos anos 30 a 50 nos Estados Unidos, com histórias de crime, terror e ficção-científica. Por extensão, Ana Paula também tem um parentesco com o cinema, especialmente com nosso amigo Quentin Tarantino que produziu o famoso Pulp Fiction bebendo da mesmíssima fonte.
O problema maior é que, com um início-meio tão fabuloso, o final de A guerra dos bastardos deixa meio a desejar. Há outros senões: grandes coincidências que fazem o leitor mais atento dizer ah, conta outra (o que se chama de deus ex machina), um ou outro parágrafo menos trabalhado, imagens que se repetem além da conta… Mas isso é perdoável, pois ao contrário do que ocorre em outros livros por aí, os personagens têm alma e a autora se importa com eles.
Amostra grátis: o primeiro capítulo.
Como se não bastasse, ainda tem o trailer do livro. Sim, trailer do livro! Por que não?
Visite o blog da autora.
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Por Simone Campos

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