Como a gente não leva o entretenimento a sério, a gente não tem dinheiro como o site dos ovos pra ir na gringa fazer entrevista com diretor visionário nenhum – se bem que mesmo que a gente usasse a riqueza do Hell pra isso, duvido que algum diretor conversasse com a gente (talvez o Uwe Boll num ringue).
Mas o fato é que os fritadores foram e conversaram com exclusividade com Zack Snyder, o homem, o mito, sobre o polêmico final de Man of Steel. Vejam o que disse o cabra, em declarações roubadas com exclusividade aqui pro MdM:
“Na verdade, a primeira versão era bem diferente. O roteiro original terminava com Zod voltando para a Zona Fantasma e desaparecendo. E eu disse ‘não, o Superman tem que matá-lo’. Ele tinha que matar porque o mundo não é mais o mesmo que era quando ele foi criado – ou quando o primeiro filme saiu. A inocência acabou.
Não há o que fazer com ele. Isso muda o Superman de maneiras que o tornam muito mais interessante. Ele ficou mais vulnerável e mais humano. Matar Zod tem um impacto maior no Superman do que não matá-lo. No final, o Superman que termina nosso filme nunca existiu antes. E desenhamos o clímax de forma a não dar qualquer alternativa a ele.
Ao optar pelos humanos em detrimento dos kryptonianos, de certa forma ele nunca desrespeitou as leis terrestres. Zod é um alienígena e não temos leis para o assassinato de nada não-humano na Terra. Tecnicamente é um truque nosso com o cânone.”
Velhos, eu achava o Snyder um sujeito limitado. Digo, como diretor. Mas lendo essas declarações dele eu decidi ampliar o conceito: Snyder é uma pessoa MENTALMENTE limitada.
Não, ele não entendeu Watchmen, não entendeu o final de Watchmen, e fez o que fez.
Não, ele não entende o Superman, não sabe do que se trata, e fez o que fez.
Mas você vai dizer: “Mas Porco, o Superman já matou os kriptonianos na fase do Byrne! O Superman pós-Novos 52 tá matando geral! O Superman dos primórdios matava como se não houvesse amanhã! O Change já falou e reclamou disso tudo agorinha mesmo! Vocês estão sem assunto? Me contratem pra escrever então, eu sou geólogo!”
E tudo isso é verdade. Mas faça dois rápidos exames de consciência: 1) quando você pensa no Escoteiro, ele está matando alguém? O Superman canônico, ideal, platônico da sua cabeça… está matando? Não. O Superman da sua cabeça está ralhando com uma amazona (e, portanto, treinada para matar) porque assassinou um vilão. O Superman da sua cabeça está dizendo que precisa se controlar na Terra para não esmagar as pessoas como formigas. O Superman da sua cabeça está pedindo para o Capitão Marvel parar de bater nele e deixá-lo salvar vidas – e quanto o Superman estiver pronto a matar alguém, a sua consciência, transmutada num pastor presbiteriano sem fé, irá dizer que a essência do Superman é não matar. E 2) Quando você pensa no Superman matando (seja o Superman dos primórdios ou da fase Byrne) a forma não faz diferença? Em resultado, a morte de Zod em Man of Steel é igual à morte dos kriptonianos na fase Byrne. Mas a forma como isso se dá… Passa longe de ser sequer parecido.
Ao falar da “perda da inocência” dos dias de hoje, Zack Snyder, essa mula, torna-se incapaz de compreender o que é o Superman: um ideal de convivência, de expectativa. Se o Superman adere ao “espírito do tempo” ele deixa de ser o Superman, ele deixa de ser uma fonte de inspiração – vira um mané poderoso demais, usando uma capinha ridícula. O Superman se torna tão essencialmente ruim quanto qualquer general, qualquer ditador que escolhe quem vive e quem morre em prol do “bem coletivo”.
Inclusivio, eu nem ia comentar a sagacidade, o prassismo do Snyder de dizer que o Superman não cometeu crime nenhum porque o Zod não é abarcado pelas nossas leis. CALA A BOCA, SNYDER! Então os escravagistas na América do Sul também não cometeram crime nenhum na colonização, porque naquela época preto e índio não era gente. A mesma coisa com os alemães e os judeus na II Guerra, pra eles judeu não era gente. Eu podia ficar aqui até amanhã dando exemplos, mas você já entendeu que por aí vai… Só o imbecilzão que não.
Cara, é sério: se a gente criticava o Bryan Singer por ele não conhecer a fonte do personagem com o qual ele estava trabalhando, Snyder provou que era possível conhecer menos ainda. E isso é muito triste…