Lá em 2011 a editora estadunidense IDW lançava um gibi das Tartarugas Ninja.
Não era uma adaptação do desenho animado ou continuação de algum outro gibi ou video-game. Era algo totalmente novo. Uma nova leitura dos mutantes adolescentes feita por um dos seus criadores, Kevin Eastman, junto com o roteirista Tom Waltz.
A série durou até o início desse ano. Foram 13 anos initerruptos de novas histórias das Tartarugas Ninja, atualizando todo o lore dos quadrinhos originais e até introduzindo novos personagens, como a nova tartaruga Ninja Jennika.
Mesmo não sendo um super sucesso de público, as histórias eram bem bacanas e tinham um excelente tom: nada tão sombrio e caricato como as histórias em preto e branco dos anos 80, mas nada também tão infantil quanto os desenhos animados. Era um excelente meio termo.
Depois de tantos anos essa retomada das histórias das tartarugas ninja nos quadrinhos terminou com o Último Ronin, juntando seus criadores originais Kevin Eastman e Peter Laird pela primeira vez em anos, depois de uma longa briga entre os dois.
Eis que há algum tempo a IDW anunciou que ela estaria lançando uma nova fase do gibi pra comemorar os 40 anos dos personagens. Saem Kevin Eastman e Tom Waltz pra entrar Jason Aaron, que já trabalhou na Vertigo, Marvel e DC, fazendo Escalpo, Wolverine, Thor, Vingadores, Star Wars, Hulk e mais um monte de personagens famosos.
Aaron, quando anunciado, disse que virou fã de quadrinhos por causa dos gibis originais da Mirage Studios. Ele se apaixonou pelo tom sombrio e violento das histórias originais das Tartarugas Ninja – e disse que suas histórias na nova fase da IDW seguiriam esse mesmo tom. Seu principal objetivo era resgatar o clima dos gibis originais pros dias de hoje.
No relançamento do gibi, que aparentemente se passa no mesmo universo do primeiro volume de Eastman e Waltz, Jason Aaron cumpre o que prometeu: o clima das histórias é bem sombrio e violento.
Não tão violento quanto a passagem das Tartarugas Ninja pela Image, onde o Rafael teve a cara queimada e um crocodilo arrancou a mão do Leonardo (essa fase é terrível), mas sim no mesmo tom das histórias originais dos anos 80.
As Tartarugas Ninja brigaram. Algo aconteceu, que ainda não foi contado até a edição #3, que os irmãos tiveram um desentendimento e se separaram. Cada um foi pra um canto do mundo.
A primeira edição mostra o Rafael dentro da prisão. Não se sabe como ele foi parar lá, mas ele acaba sendo atacado por alguns ninjas do Clã do Pé (que aparentemente estão quebrando uma trégua de anos).
No segundo gibi (com uma arte maravilhosa de Rafael Albuquerque) vemos o que aconteceu com o Michaelângelo.
O irmão caçula foi parar no Japão, onde virou um grande astro de filmes de ação. No meio de jantares, gravavações e reuniões com grandes empresários, Michaelângelo também é atacado pelo Clã do Pé.
Envenenado, ele luta contra pesadelos antigos enquanto tenta sobreviver ao ataque dos ninjas.
Mikey está totalmente fora de forma e sofre pra conseguir sobreviver.
E na terceira e última edição até agora vemos o que aconteceu com o Leonardo.
Ele foi parar na Índia e está protegendo filhotes de tartarugas de casco mole de caçadores enquanto medita e tenta achar um sentido pra sua vida.
Ele também é atacado por ninjas do Clã do Pé, que aparentemente estão atrás de todas as Tartarugas Ninja, uma por uma. Depois do Rafael e Michaelângelo, eles chegam no Leonardo.
Ao final dessa edição os três conseguem se encontrar e correm pra achar o Donatello, que também vai ser atacado pelo Clà do Pé.
Como falei, o objetivo do Jason Aaron era voltar ao tom violento e sombrio dos gibis originais.
Não é algo caricato, mas definitivamente é mais violento e dark que o que a IDW vinha publicando até agora. Mesmo levando em conta o Último Ronin.
E olha, vou te falar que não é pra mim.
Não é ruim. O Jason Aaron tem sua qualidade.
Mas ver o Rafael cravando o sai no peito do Michaelângelo não é algo que eu esteja empolgado pra ver, pra falar a verdade…
Talvez seja isso que o público esteja querendo depois do Último Ronin.
Talvez seja mesmo uma escolha deliberada do Jason Aaron ao decidir homenagear os gibis originais das Tartarugas Ninja.
Mas pra falar a verdade, eu achava o tom do primeiro volume do Kevin Eastman e Tom Waltz perfeito. Preferia que tivesse continuado por aí.
Enfim, como falei, talvez esse gibi não seja mesmo pra mim. Eu passo.
Nota 5.5
