O tamanho da pretensão da Netflix Brasil é Parafernalha
Como você já deve estar sabendo, na próxima sexta-feira (09/08), a Netflix Brasil vai lançar no catálogo brasileiro a série A Toca, produzida pelo canal Parafernalha.
Não sou fã do canal Parafernalha e tenho pouquíssima paciência para o Felipe Neto e sua trupe – com exceção do Vlog do Fernando, que é foda. Porém, contudo, entretanto, todavia, respeito o trabalho dos caras e acho admirável o fato de um simples canal de Youtube ter se tornado uma produtora etc e tal.
Isto, posto, vamos reclamar disso tudo aí e mais um pouco.
Depois do post do Hell sobre a chegada da série a A Toca ao catálogo da Netflix Brasil, recebemos um e-mail da assessoria de imprensa da Netflix.
A mensagem questionou o post e esclareceu uma questão importante. A série A Toca não é uma produção original da Netflix Brasil. Reproduzindo o e-mail que recebemos, trata-se de “uma produção da Parafernalha (do Felipe Neto), com exclusividade para a Netflix”.
Sou obrigado a concordar. Não podemos comparar a produção de A Toca com House of Cards, Orange is the New Black e Hemlock Grove, que são produções originais produzidas com exclusividade para a Netflix.
Já A Toca, que já foi exibida anteriormente no Youtube, vai ganhar episódios inéditos exclusivos para a Netflix. Ou seja, nada tem a ver com as séries já citadas. Será que podemos comparar esse modelo de produção com outro do popular canal de vídeos? É, podemos…
Eu sei que é de uma covardia tremenda comparar A Toca com Arrested Development, mas é o que temos para o momento.
Arrested Development foi exibida entre 2003 e 2006 na TV americana, sendo cancelada por causa da baixa audiência. Recentemente, a série fez tanto sucesso no catálogo da Netflix que ganhou uma quarta temporada – sensacional – exclusiva para o site de streaming. Assim como A Toca, Arrested Development não é uma série original da Netflix, logo, podemos comparar as iniciativas!
Se compararmos as duas iniciativas – sim, estou me repetindo –, podemos concluir que a Netflix Brasil é muito pequena e tem pretensões proporcionais ao seu tamanho. Veja bem, não estou dizendo que trabalhar com o Felipe Neto não tenha vantagens. O cara é popular! Para você ter uma ideia, a notícia sobre a série publicada no site do jornal O Globo foi compartilhada mais de mil e seiscentas vezes no Facebook, além de ter passado horas entre os assuntos mais comentados no Twitter.
Se a Netflix queria buzz, eles conseguiram, mas não creio que consigam muito mais do que isso, não. O problema é que essa escolha segue um caminho totalmente inverso ao discurso da própria empresa que disse querer se tornar uma HBO antes que a HBO se tornasse uma Netflix. Tá na cara que a Netflix Brasil não é tão pretensiosa assim…
Sejamos sinceros, é possível comparar uma produção do Parafernalha com, por exemplo, a série Mandrake, produzida e exibida pela HBO brasileira?
Não dá…
Eu sou fã da Netflix, admiro muito o projeto de produções originais – ou quase originais – da empresa e esperava muito que a Netflix Brasil tivesse pretensões parecidas: tornar-se a HBO antes da HBO virar uma Netflix. Não estou dizendo que o Parafernalha não merecesse estar no catálogo da empresa, só acredito que a primeira iniciativa da Netflix brasileira deveria ter sido proporcional a iniciativa americana. Deveria ser algo memorável, o que não é o caso.