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A Gente Vimos: Batman v Superman, por Lojinha

Batman V Superman é um filme com puta potencial. É a primeira aparição da Trindade nos cinemas, três dos maiores personagens de toda a história da cultura pop, e dois deles estão dispostos a brigar que nem galo de rinha. E é nesse potencial absurdo em que o filme se apóia para conseguir entregar seu material.

Pena que ele não o aproveita.

O que é Batman V Superman? Bem, temos um cara vestido de vermelho e azul se esforçando em salvar o mundo em cenas que remetem desconfortavelmente a Jesus Cristo, e um cara vestido de morcego espancando e marcando bandidos enquanto observa que tem coisa muito maior do que ele no mundo. Enquanto isso, um pateta travestido de Lex Luthor tenta manipular as cordinhas para que eles se enfrentem. E é isso. Não é aquela coisa intelectual, sombria ou metafísica que alguns estavam tentando afirmar, mas sim um clássico crossover de heróis, onde eles se batem antes de se unir no final.

O PROBLEMA É, para variar, a direção. Mais especificamente… quase todas as cenas. Mesmo com a duração de duas horas e meia, Snyder não consegue diluir a quantidade de informações que precisa passar, e por causa disso quase não há introdução ou preparativos, nem mesmo em cenas de diálogo. Somos transportados pelos inúmeros focos do filme, seja o Super, o Batman, a Lois, a Mulher-Maravilha, o Luthor, a Martha Wayne ou o padeiro da esquina, já mergulhados em uma conversa ou ação antes que percebamos que o cenário mudou. Não há tempo para construção e nem sequer para lembrarmos o que estava passando com os personagens, além da noção de tempo ir pro caralho com eventos que se passariam em dias intercalando com eventos momentâneos.

Se puder usar uma metáfora, eu descreveria esse filme como um jogo de tênis com 8 pessoas ao mesmo tempo, e você é o câmera tentando arduamente enquadrar a bolinha.

Isso é um problema? Terrível, já que a rapidez impede qualquer tipo de peso dramático ao que está acontecendo. Sim, tem muita cena que deveria ser impactante, além de diálogos fortes, mas eles não funcionam quando empilhados um em cima do outro. Já tivemos essa discussão com aquele lance dos 40,5 motivos. Simplesmente não tem como ter tanta coisa marcante em um filme, pois, para eles serem marcantes, eles precisam de construção prévia. Quando o Batman liga o batsinal para enfrentar o Super, por exemplo, o ritmo do filme está tão acelerado que aquela vira mais uma cena entre tantas. E não deveria ser.

Agora, vamos aos personagens. Não, Zack Snyder ainda não sabe no que está mexendo e nem a importância dos personagens que deveria trabalhar. Podemos ver isso pelo próprio embate entre Batman e Superman. Por que esse embate é tão famoso? É porque tem um cara superforte contra um louco vestido de morcego? Não, seu idiota. Essa é a superfície, o que Snyder consegue enxergar. Há toda a dicotomia entre luz e trevas, entre embate de ideias, diferenças de personalidade, que não existe no filme. São dois caras que grunhem, um que voa e outro que tem granada de kryptonita. Como eu disse, é desperdiçar o potencial.

Potencial que não parece existir em Henry Cavill. Estou começando a achar que ele simplesmente é um ator ruim, ou que a direção o aleije, porque dessa vez ele tinha um roteiro ao seu lado para poder ser o Superman que deveria existir. Contudo, ele não consegue transmitir empatia, o que é primordial para um personagem assim. Ain, mas ele não tem que respeitar a mitologia do personagem. Primeiro, tem sim, pau no seu cu. Segundo, mesmo que ele não seja, o roteiro continua dizendo que ele é um cara que se preocupa com os outros. Talvez seja hora de demonstrar isso.

Quanto ao Batman, ele é um pouco diferente. Ben Affleck não me incomodou em quase nenhum momento (exceto nas partes que explode vilões como um show de fogos e marca os caras para serem currados na cadeia, mas AO MENOS o filme fez questão de apontar e dizer que isso é errado, crianças). Contudo, ele não é o Batman definitivo. É um Batman O.K, com exageros snyderianos que nem me incomodam direito, pois já eram esperados. Ele tem potencial para um filme solo? Olha, eu diria que tem. Mais pelo excelente Alfred do que outra coisa.

Agora, a Mulher-Maravilha? Puta acerto do filme (talvez porque ela não seja tão explorada). Sabe roubar a cena, embora não seja tão forte quando está de vestido e não de uniforme.

Já o Lex Luthor… Senhor amado, que ofensa. Pior coisa da história das histórias. É tão ofensivo que chega a entortar a realidade. Estamos lidando com o que deveria ser um empresário implacável e frio, e ganhamos um arremedo de piadinhas, exageros, xixi no pote, planos idiotas, choros e inconstância que me surpreendem que não configurem um crime segundo o tribunal de Haia. É pavoroso. É ofensivo. E o final ainda torna tudo pior, com ele servindo apenas como uma espécie de fãzinho histérico do Darkseid que cospe em todos os anos de histórias do personagem.

Ain, mas é o Luthor da nova geração. Não. Não. Não. Pau. No. Seu. Cu. Isso não é aceitável. Isso não é correto. Você não pode deixar alguém pisar em um dos maiores vilões de todos os tempos assim. ISSO é o Luthor:

Isso não é o Luthor:

Mas agora que tiramos as coisas ruins do meio (sim, vamos falar mais mal que bem, isso aqui é o MdM, afinal de contas), vamos falar das coisas boas. Tem cenas muito fodas. A introdução dos personagens da Liga é muito bem-feita. A primeira vez que a Trindade se reúne é foda. As batalhas são excelentes, e há um trabalho visual que, embora em certas partes seja forçado (TIPO O CAVALO RELINCHANDO COM O CAPITÓLIO PEGANDO FOGO), funciona muito bem. O filme bebe do hype que é colocar esses personagens na tela, e funciona.

Enfim. É uma bosta flamejante como disseram? Não. É uma obra-prima? Longe disso. É só um filme que tenta se esforçar para ser muito mais do que é, apoiando-se na força de seus personagens mas sem aproveitá-los de forma condizente, mas que funcionaria tão bem quanto um AMV do Youtube com som do Linkin Park no fundo.

E AMV’s do Youtube com som do Linkin Park podem ser divertidos.

Nota: 5,5/10.

Lojinha

VAI LER MEUS LIVROS PORRA

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