A Gente LemosQuadrinhos

A gente lemos: Mais HQs a rodo! CARALHO VÉI, esse Porco não faz mais nada da vida não?

Pra quem reclamou das minhas imagens de capa, já aviso de uma vez: neste A gente lemos tem putaria! PUTARIA!

O espetacular Homem-Aranha: A última caçada de Kraven, de J.M. DeMatteis, Mike Zeck e Bob McLeod
Editora Salvat, 168 páginas, colorido, R$29,90.

Nota: 9,4

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Aí, quando eu rasgo elogios à essa coleção da Salvat, nêgo me chama de puxa-saco. Porra, depois de zil anos, enfim eu pude ler essa hiper-mega-duper elogiada HQ que é como aquele refresco do Chaves: é do Homem-Aranha, mas tem gosto de história do Bátema! Na trama, todo mundo tá careca de saber, Kraven, o caçador, para de palhaçada e senta o metal no Homem-Aranha, mandando-o pro outro lado do mistério. Com isso, o russo assume o lugar no aracnídeo e, numa espiral de loucura, sai atrás de Rattus, que está literalmente comendo a mulherada de Nova Iorque.
Cara, que história foda! Disparada, uma das HQs mais bacanas que eu já li do amigão da vizinhança. Tensa, sufocante e envolvente, é leitura obrigatória pra qualquer fã do personagem. Trabalho realmente brilhante do DeMatteis com o Mike Zeck.
Ah, e no final eu fiquei pensando: será que foi daqui que o Straczynski tirou a ideia inicial para o seu arco dos poderes totêmicos?
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Demolidor #4, de Mark Waid e Chris Samnee.
Panini Comics, 148 páginas, colorido, R$18,90.

Nota: 8

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Segue o maravilindo mundo dos encadernadinhos do Demolidor de Mark Waid! Obrigado, Panini, por não me obrigar a comprar um mix xexelento qualquer pra ler essas histórias! Neste número, Matt segue fora do escritório depois de brigar com Foggy Nelson, que acha que ele está ficando maluco. E é aí que está o problema: Matt Murdock está MESMO ficando pinel! Se não bastasse o retorno de um vilão que já deu as caras nesses encadernados (numa versão centopeia humana), a namoradinha de Matt, Kirsten, ainda coloca o Superior Homem-Aranha contra do Desafiador Destemido! E se desgraça pouca é bobagem, ainda temos Foggy Nelson às portas da morte!
Cara, o Waid é foda. Sou fã desde a primeira vez em que li uma HQ dele e pensei: “Caralho, quem escreveu isso?” e a cada encadernado do demônio ele reitera a minha admiração. Mas, mas, mas… Nem tudo são flores, e é difícil engolir um universo onde operações cirúrgicas em tamanho quase atômico são feitas de maneira quase trivial (vide o encadernado anterior), mas outros procedimentos incisivos mais corriqueiros não são. Essa tal de coerência não perdoa ninguém, viu?
(ah, e eu vou seguir reclamando disso: viu, outros editores da Panini? O Paulo França colocou notas explicando eventos acontecidos em outras publicações e aposto que ele nem morreu por causa disso!)
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Guerra Secreta, de Brian Michael Bendis e Gabriele Dell’Otto.
Panini Comics, 198 páginas, colorido, R$29,90.

Nota: 6

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Outra HQ que eu era muito afim de ler e que enfim consegui graças à Salvat. Mas, diferente d’A última caçada de Kraven, esta foi meio broxante. A trama começa quando Luke Cage, o primo bom de serviço do Nicholas Cage, sofre um atentado em seu próprio apartamento e vai em coma. Sua pele indestrutível impede que os médicos o ajudem, e sua internação é o estopim para que uma das mais temerárias armações de Nick Fury venha a tona: sua pequena Guerra Secreta contra a Latvéria!
Veja bem: Bendis é um escritor MUITO bom, bem acima da média. Em Guerra Secreta ele entrega uma trama boa, nada genial, mas bem interessante, com uma premissa interessante. Mas há um problema, e esse problema se chama Gabriele Dell’Otto. Sim, a arte dO Gabriele é linda, um desbunde para os olhos – desde que seja para capas e artes promocionais. Narrativamente, sua arte é um porre. Dura, posada demais (um mal de todos os artistas “mega realistas”, de Alex Ross em diante), não passa nem perto de expressar toda a ação e adrenalina que o roteiro pede. Dá uma sensação que são cento e noventa e tantas páginas de cards dos anos 90. Isso fica evidente quando Peter Parker começa a ter reminiscências da guerra: mesmo pintadas em roxo, aquelas cenas não tem nem um isca do impacto que deveriam ter. Resultado? Uma HQ mediana acaba sendo medíocre (que é aquela “porção ruim” da média). Sem contar que todos aqueles relatórios e “transcrições de conversa” tem um baita cheiro de tapa-buraco porque o desenhista não deu conta do rojão (e isso sem falar da a ridícula agente “Angelina Jolie” da SHIELD).
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São Jorge Volume I – Soldado do Império, de Danilo Beyruth.
Panini Comics, 120 páginas, preto, branco e cinza, R$19,90.

Nota: 8

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Danilo Beyruth (de Necronauta, Bando de Dois e Astronauta: Magnetar) nos leva a acompanhar um pouco dos passos do tribuno do exército romano Jorge, em meio a intrigas político-religiosas, até seu encontro com o temível “dragão” que le fará entrar pra história.

Sim, eu sou putinha do Beyruth desde os tempos dos fanzines do Necronauta. Acho um cara competente, bom de serviço e, mais importante, dedicado pra caralho. Desde 2012 que ele vem falando que estava produzindo uma mega biografia do Santo Guerreiro e eis que ela chega.
Choveram críticas: que formato é esse? Que papel é esse? QUE PREÇO É ESSE por metade da história?
Brochei. Na livraria, o álbum estava lacrado. Peguei na mão. Porra, é o Danilo Beyruth! Comprei.

E é foda!

Sim, o formato não é bacana (a HQ tem um tamanho quadradão 16x21cm, a la Turma da Mônica Jovem ou fumetti da Ed. Record), a impressão não está tão legal (fiquei com a suspeita que a impressora da Panini tava dando sinal de “substitua o tonner” quando eles imprimiram) e o preço é bem pouco convidativo, mas a história e a arte do Beyruthão são boas o suficiente para segurar a barra e levantar a média.
Ainda sobre o formato (pra mim, a parte mais intrigante da equação, já que o Beyruth desenha em tamanho grande o suficiente para render um formato americano), fiquei quebrando bastante a cabeça tentando entender essa decisão editorial. Foi quando um colega dum grupo de discussão falou que, na sua cidade, a HQ estava no meio dos mangás. Lembrei que A Face Oculta, da Bonelli, passou pela mesma coisa por aqui, muito em função do formato. Daí veio o click: será que a ideia não era vender São Jorge como um “fumetti brasileiro”? Se sim, faz sentido, mas de novo a Panini joga contra o próprio patrimônio ao fazer isso sem divulgação e orientação adequada, contando só com a sacada dos jornaleiros e a curiosidade dos leitores. Alô Panini! Tá na hora de repensar o marketing, minha filha!
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Safadas: Encontros, de vários artistas.
Editora Nemo, 64 páginas, colorido, R$39,00.

Nota: 4

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Alerta de putaria! Alerta de putaria! Tirem as crianças da sala!
A série Safadas, da Editora Nemo (Encontros é o segundo volume), pretende, como o próprio nome diz, trazer histórias (europeias) capazes de gerar “aquele comichãzinho” no leitor, como diria o Change e o seu tio do churrasco. O resultado? Nhé…

Historinhas fracas e sem inspiração (sacaram? Sacaram?) que, muitas vezes metidas (tu dum tschiii) a serem mais arte do que putaria, acabam trazendo um sexozinho preguiçoso e sem graça, quase como se fosse uma vergonha. É o caso da primeira história, por exemplo (Estação angústia, de Warn’s & Raives). É um triller com umas cenas de sexo desconexas em flash. De quem são as cenas? O que elas estão fazendo ali? A mulher assediada está fantasiando o sexo ou é o agressor? Era pra ser excitante? Em contrapartida, “Carrinho de mão”, de Georges Pichard não passa de uma historinha fuleira de meterola barata, daquelas que você comprava na adolescência pra levar escondido pro banheiro. No fim das contas, das dez histórias, só três salvam. A sem pé nem cabeça “Sensações ascensionais”, de Jean-Claude Forest e Hélène Girard e “Elefantasia” de Autheman & Dethorey, pelo humor mesmo da coisa e “Compartimento fantasias”, de Victor de la Fuente & Guy Vidal, por aliar sensualidade e uma história realmente bem pensada. O resto… Pode até, na melhor das hipóteses, render um sexo solitário, mas só se você estiver completamente desprovido de internet ou de qualquer acesso a uma revista NOVA ou Cláudia da vida.
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Os Invisíveis: Revolução, de Grant Morrison, Steve Yeowell, Jill Thompson e Dennis Cramer.
Panini Comics, 236 páginas, colorido, R$25,90.

Nota: 4

Invisíveis

Não, eu não chego nem perto do nível de idolatria do Buguimá pelo roteirista careca, mas eu gosto muito do trabalho do Grant Morrison. Algumas de minhas HQs favoritas foram escritas por ele, de modos que eu sempre vou comprar materiais dele. O desejo de ler Invisíveis estava colocado desde muito tempo, desde quando a Pixel lançou seu primeiro (e único) encadernado da série. Pena que o preço proibitivo (na ocasião) tenha me afastado. Pois bem, mas eis que veio a Panini com este encadernado capa-cartonada bacana, precinho amigo e eu pude ler a trama.

E que merda. Era melhor ficar na vontade.

Invisíveis (aparentemente) narra as aventuras de um grupo bizarro contra uma bizarra dominação que está para acontecer. O grupo é composto por um xamã-careca e alter-ego do próprio Morrison, o King Mob; Ragged Robin, a Delírio dos Perpétuos com poderes premonitórios; Boy, a artista marcial da equipe; Lord Fanny, uma bruxa travesti (e voam piadinhas envolvendo Ariadna) e Jack Frost, alter-ego de Dane McGowan, o novato do grupo (e que serve de orelha para o leitor “entender” – o que der – da trama). É uma HQ abarrotada de referências, cuspindo elas pelo ladrão e, como já é de praxe nas edições da Panini, sem uma notinha editorial sequer. O problema é que, aqui, elas truncam a leitura. Ok, como fez o Búguima, você pode passar pela trama sem entendê-las completamente, mas isso fará de Os Invisíveis uma HQ vulgar, prolixa e masturbatória, de um Morrison querendo mostrar que sabe e você não. E isso tudo numa escrita quase beat, meio automática, onde fatos se sequenciam sem muita razão de ser.

Enfim, uma HQ chata, que me lembrou os terríveis momentos que eu passei tentando de ler À procura do Vendo num jardim d’Agosto, foi ruim como dor de barriga (viu Morrison? Eu também sei fazer referências e ser pedante com isso!).
Tô pensando ainda se vou comprar o próximo volume.
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A sobrevivente, de Paul Gillon.
Editora Martins Fontes, 52 páginas, colorido, R$??,??.

Nota: 7,5

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Essa é das antigas, mas vamos falar de um pouquinho de putaria? Lançada aqui em 1988 (comprei num bacião das almas), A Sobrevivente narra a história de uma mulher, Aude, única sobrevivente (dãã) de um hecatombe nuclear. Sozinha numa Paris coalhada de robôs, Aude precisa reaprender a viver.
A trama tem pitadas de vários contos de futuro distópico, como Eu sou a lenda, por exemplo, mas tem muita força ao pegar na solidão que Aude vive: ela é a rainha da terra de ninguém e assim, sequer consegue satisfazer os desejos mais básicos. Mas tem os robôs, né?
Se não bastasse Paul Gillon desenhar muito (a desvatada Paris é perfeita, assim como Aude Albrespy, muitas vezes nua), constrói também uma narrativa muito boa. A Sobrevivente é uma história erótica em que o sexo, obviamente, ocupa um espaço bastante importante, mas o enredo de fundo também é interessante. Uma prova de que narrativas interessantes são possíveis no erotismo, desde que sejam bem pensadas.
Vale bem a lida, e pode ser achada sem dificuldades nos Mercado Livre da vida.

É isso aí, negada! Até a próxima pacoteira de mini-resenhas!

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