Das Antigas: A Saga daFênix Negra
Com o fim de X-men 2 foi impossível não perceber que o terceiro filme faria referência a Saga da Fênix Negra um dos momentos mais dramáticos e atormentados que a equipe de mutantes já passou.
A saga será relançada pela Panini Comics em uma edição de 196 páginas na revista Os Maiores Clássicos dos X-Men. Na época os responsáveis pelos filhos do átomo eram Chris Claremont e John Byrne, que começou como desenhista, mas terminou colaborando extensamente no roteiro. Pelo trabalho dos dois depois de X-men, fica claro que Claremont conseguiu muito do seu nome graças ao talento de Byrne. O desenhista e roteirista teve excelentes trabalhos depois de X-men como a nova origem do Super-Homem e as histórias da Tropa Alfa original. Enquanto isso, Claremont só viu seu prestígio decair e, até hoje, parece sobreviver pelo que fez em dupla com Byrne naqueles tempos.
Tudo começa em uma missão do grupo no espaço. Ao retornarem a nave apresenta problemas e Jean Grey se propõe a permanecer e a tentar pilotar a nave enquanto filtraria a radiação com seus poderes telecinéticos. Os X-men percebem que é loucura. Os poderes da Garota Marvel não eram tão vastos e a radiação solar era algo muito mais assustador na época.
Porém, o destino estava traçado. Grey despacha seus amigos para a célula de sobrevivência após fazer Ciclope dormir. Logo depois, a heroína passa a permanecer na cápsula e iniciar a reentrada na atmosfera. A situação foi adaptada para o cinema tirando a radiação e colocando uma enchente como catástrofe impossível de ser controlada. O problema é que ao contrário do que ocorreu nos quadrinhos, teoricamente Jean Grey poderia fazer tudo aquilo dentro da nave. Pouca gente comenta a respeito, mas considero isso um grave furo de roteiro (isso e a Halle Berry me fizeram preferir Homem-Aranha 2).
A sobrevivência dos X-men não seria o fim de seus problemas. Jean Grey emerge das águas afirmando ser a Fênix e vestida em uma traje com cores similares ao original, porém como o desenho de um pássaro flamejante. Conforme os leitores “descobririam” depois (desrespeito ao 2º e 3º blogmandamento) na verdade aquela não era a verdadeira Jean, mas um clone habitado pela entidade conhecida como Fênix.
Os conflitos dos X-men seriam, teoricamente, mais simples. A Fênix possuía enormes poderes. Não apenas as capacidades de Jean Grey vastamente ampliadas, mas também outras gamas de poderes. E como todos os marvetes sabem aquela frase maldita: com grandes poderes…
A partir daí os mutantes enfrentariam vários inimigos onde muitas vezes o poder da Fênix faria toda a diferença. Tudo iria às mil maravilhas até que o grupo encontrasse o misterioso Clube do Inferno. Os membros do chamado Círculo Interno deste grupo eram mutantes poderosíssimos. Jason Wyngarde, o Mestre Mental, era o Rei Negro do grupo e passou a induzir Jean a acreditar ter sonhos de uma reencarnação em que era apaixonada por ele. Tudo parte de um plano de desestabilizar Jean psiquicamente e convencê-la de que as lembranças eram a realidade e voltá-la contra os X-men. Funcionou.
Apesar disso, graças a Wolverine (que começava nesta época sua jornada para se tornar o personagem mais popular do grupo) os alunos de Charles Xavier viram o jogo e conseguem derrotar os vilões. Wingarde seria severamente punido pela Fênix e reapareceria anos depois usando uma outra encarnação da mutante: Madelyne Prior (que só revelaria sua verdadeira natureza anos depois também).
Entretanto, Jean jamais seria mais a mesma. E os danos que o vilão fez em sua psiquê teriam consequências irreversíveis. A heroína se transformaria na Fênix Negra e chegaria a se alimentar de um sol, destruindo um planeta habitado. Ao retornar ao planeta, só pôde ser derrotada com os “reforços” de Anjo e Fera (ah, agora sim…) e, principalmente, graças à força de seu mentor. Xavier consegue derrotar sua ex-aluna que se sabota para que ele possa destruir suas próprias defesas psíquicas. Mas, nem tudo estava bem…
Para toda causa há uma reação e nenhuma ação tão tenebrosa ficaria impune. Independente de sua vontade, Jean destruiu um planeta e aquilo acarretaria consequências definitivas para os X-men e, principalmente, para a antiga Garota Marvel. Na época, os X-men já conheciam a imperatriz de Shiar, Lilandra. Ela veio à Terra para capturar e matar a Fênix. A única chance dos X-men seria enfrentar a Guarda Imperial de Shiar pela vida de sua amiga. Para se ter uma idéia o nível de poder da Guarda Imperial é comparável ao supergrupo decenauta Legião dos Super-heróis. A luta entre Colossus e Gladiador é quase uma ilustração do panorama geral em que os X-men vão caindo um a um. Antes que a batalhe termine, entretanto, Jean Grey perde o controle ao ver Ciclope ser ferido. Ao recobrar a consciência Jean percebe que sua vida é um risco muito grande para todos e se sacrifica. A morte evidenciada jamais ocorrera daquela forma. Heróis já haviam morrido, mas não uma “namoradinha dos comics“, ou seja, uma personagem tão relevante. Além disso, Jean não foi morta por um inimigo, mas se matou. Sem chance de vinganças ou qualquer extensão dessa situação (Até ressuscitarem-na noinício dos anos 90).
As raízes da saga foram desenvolvidas por muito tempo (o que não ajudou a enriquecer a mitologia mutante, mas sim banalizá-la), só superadas em matérias de citação pela ótima (e ainda mais desgastada) Dias de Um Futuro Esquecido. Os X-men originais retornariam como X-Factor e, com o tempo, retornariam à equipe original. O Clube do Inferno voltaria muitas e muitas vezes e hoje a Rainha Branca não é mais inimiga e sim membro da equipe. E namorada de Scott Summers.
O mundo dá voltas…E que voltas! Byrne e Claremont fizeram muita coisa desde então. Enquanto Claremont jamais conseguiu ter o mesmo sucesso, Byrne teve altos e baixos em sua carreira. Após Gerações o saudoso mestre parece não conseguir mais repetir o mesmo nível de antes. Há algum tempo, o artista se desentendeu com editores da Marvel e tão cedo não deve repetir algum trabalho por lá. Já Chris Claremont se afastou dos quadrinhos até o fim do ano.
Blogman leu esta saga váaaaarias vezes e recomenda…