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A Gente Vimos: Missão Impossível – Nação Secreta

Missão: Impossível (descobri outro dia que tinha esses dois pontos no meio) é uma franquia já velhaca, com quase vinte anos nas costas. Nesse meio tempo já tivemos filmes sobre diversos clichês do mundo da espionagem, como o agente aposentado fodão (terceiro filme), a agência sendo culpada por algo que não fez (quarto) e falsas acusações sobre o protagonista (primeiro). Para o quinto Missão Impossível, Nação Secreta, temos os próximos clichês da lista: a dissolução da agência do protagonista e a organização do mal que é superior às boazinhas em todos os quesitos.

E, quem diria, saiu um filme muito bom disso.

Aviso: Talvez tenham spoilers mais abaixo. Eu não sei, escrevi faz um tempo. Quem sabe. Leia por sua conta e risco.

O filme começa com a missão que apareceu quinze mil vezes no material promocional: Ethan Hunt (Tom Cruise) tentando entrar pela lateral em um avião em pleno ar para impedir que uma carga de bombas químicas seja transportada, apoiado de longe por Benji (Simon Pegg) e Luther (Ving Rhames). Eventualmente, claro, ele consegue cumprir a missão, mas acaba destruindo um arranha-céu no processo. Isso acaba sendo a gota d’água para o governo americano, que decide dissolver a IMF, agência que emprega Hunt, e reintegrar seus agentes para a CIA de Hunley (Alec Baldwin).

Você tenta até ficar bolado com isso, mas depois dos políticos americanos mostrarem toda a destruição que a IMF causou durante os anos, bem, fica meio difícil defender uma organização secreta que oblitera tudo em que encosta.

Enquanto todos os trâmites políticos estão rolando, Ethan vai até a Inglaterra para uma nova missão. Em uma cena com um toque divertido da mitologia da série, somos apresentados ao Sindicato de Solomon Lane (Sean Harris), uma anti-IMF que pega pra capar, que captura Hunt para futura tortura. Ele é salvo por Isla Faust (Rebecca Ferguson) e tenta contactar a agência, mas seu chefe, William Brandt (Jeremy Renner), alerta que ela foi dissolvida. Sem escapatória, Ethan decidi se tornar um fugitivo para acabar com o Sindicato por seus próprios jeitos, e é aí que o filme começa.

A história, como vocês podem ver, é atolada de clichês até o talo. Temos uma organização oposta à dos mocinhos, o mocinho tendo que trabalhar sozinho, uma agente dupla-tripla-quadrupla o ajudando só que, ao mesmo tempo, ferrando também… É quase que um guia visual do TV Tropes. Só que o diretor Christopher McQuarrie sabe usar isso. Ele sabe que, em cada momento em que a história pode tomar um rumos opostos, esses dois caminhos já foram explorados em outros quinhentos filmes. Nação Secreta não tenta ser algo revolucionário em nenhum sentido, mas se contenta em fazer extremamente bem o que já é esperado.

Para isso, o filme conta com dois trunfos: ação de qualidade e ritmo acelerado. Não há muito tempo para você pensar nos furos de roteiro (é um Missão Impossível, é claro que teríamos furos) ou nos personagens simplistas quando se está numa viagem a cem por hora. Claro, você pode ser o chato de plantão que vai ficar catando agulhas no palheiro, mas Nação Secreta te convida a desligar essa chave do cérebro e aproveitar a viagem. Lembrando novamente, é um filme da franquia Missão Impossível. Você não está sendo enganado em momento nenhum, pelo contrário. A própria obra te faz questão de te relembrar de onde você está, seja com perseguições de carro absurdas e ações que desafiam a biologia e a física.

Quantos ao elenco, quase todo mundo parece estar no automático. Tom Cruise é o principal exemplo, agindo como o agente incrivelmente foda que sabe de tudo e que sempre tem um plano improvisado preparado. É meio difícil passar tensão ou qualquer tipo de emoção com um personagem aparentemente onisciente, mas Nação Secreta sabe trabalhar com isso. A questão não é saber se Ethan Hunt vai cumprir a missão ou não, o que importa é descobrir como ele vai fazer isso. Se você desvendar esse enigma antes do filme te contar, ele até te parabeniza.

E se Ethan age apenas de um jeito, Isla Faust age de todos os outros. Em duas horas e pouquinha de filme, ela consegue ser agente inimiga, agente aliada, agente misteriosa, agente que quer reintegração, agente que não opera para ninguém, agente que quer se aposentar, agente que mostra a bunda de biquini, agente que mostra a bunda de calcinha e sem sutiã e agente que não sabe de porra nenhuma. Claro, com tantos malabarismos com a personagem, é impossível ser consistente, mas isso não chega a ser ofensivo ou particularmente ruim.

Afinal, ruim é o vilão, Solomon Lane. O personagem consegue passar de ameaça fria no início do filme para um restolho de algo do James Bond no fim, com direito a trejeitos exagerados e cara de bunda quando tudo dá errado. Até mesmo sua derrota é ridiculamente simplista e bem decepcionante. Se você achou que o Loki cagou no pau no fim do primeiro Vingadores, aguarde coisas piores.

No mais, Nação Secreta é uma obra que sabe trabalhar muito bem com o que se propõe a fazer. Não é um novo clássico ou algo parecido, mas sim um filme de ação bem construído, pontuado por piadinhas engraçaralhas e com cenas de luta variadas, que te mantém entretido por duas horas. Você pode até ser chato e cismar com os exageros condizentes de Missão Impossível, mas se pretende fazer isso nessa franquia, bem, eu diria que é uma missão impossível você se divertir.

HAAAAHAHAHAHAHA ESSA FOI HILÁRIA, EU SOU HILÁRIO, CHEGA DESSA CRÍTICA!

Nota: 8,5

Lojinha

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