A gente vimos: Mad Max – Estrada da Fúria, por Poderoso Porco
Esse filme me lembrou os tempos em que eu trabalhava na Divisão de Homicídios… Também vivia fazendo apelos para as pessoas – TESTEMUNHEM! TESTEMUNHEM, PORRAAAAAAAAA!
Rapaz, tinha tempo que eu não ficava pilhado pra assistir um filme no cinema como estava pra ver esse novo Mad Max. Mas ficar pilhado é uma merda, porque você entra no hype e o filme acaba não sendo tão bom quanto poderia, porque a expectativa tava lá nas picas.
Não foi o caso, Estrada da Fúria é um filme do caralho! Nota 75! Mas calma, tô me adiantando.
Em MM: Estrada da Fúria, vemos de novo o velho Max Rockatansky, dessa vez interpretado por Tom Hardy ao invés do velhaco Mel Gibson (também nem podia. Fury Road se encaixa mais ou menos entre Mad Max 2 e 3. Ou não – na trilogia clássica, Max tinha perdido a mulher e um filho pequeno, de colo, não uma filha com seis, sete anos como neste), indo parar, à força, numa bizarríssima cidade-estado na Austrália pós-apocalíptica de sempre. Lá ele se vê envolvido contra a vontade numa trama de traição e morte, e acaba ajudando a Imperatriz Furiosa (Charlize Theron) em busca do idílico Vale Verde (que eles não sabem, mas fica aqui pertinho, em Betim).
Enfim, pra não dar spoilerezes, basta dizer duas coisas sobre Mad Max – Estrada da Fúria: primeiro, que é um filmaço. Uma crítica negativa que eu li por aí dizia que o filme era como um faroeste de 2 horas com a diligência sendo perseguida pelos índios. É uma descrição ducaralho: de fato, Estrada da Fúria é uma grande cena de perseguição com duas horas. E isso é sensacional, porque George Miller conseguiu reduzir tudo aos termos necessários pra fazer isso. Não há diálogos desnecessários, daquele tipo que você fica se perguntando: “Porra, o pau tá quebrando e nêgo vai ficar de conversê fiado sobre o sentido da vida?”. Segunda coisa, a parada é um filme de ação de primeira qualidade, daqueles que você sai da sala do cinema querendo imitar o que se passou na tela. Eu por exemplo vim pendurado sobre o capô do Willie Caolho, nosso Uno Mille Fire (Se você não sabe, Fire quer dizer “fogo”, fio. Respeita!) enquanto a Srª Porco dirigia!
Mas sobre o filme, eu fiquei realmente impressionado como tudo é muito bem amarrado, mesmo com a pegada minimalista que eu falei antes – há um simbolismo óbvio no ato derradeiro dos Kamikrazys, por exemplo, e sua veneração ao seu bizarro líder, Immortan Joe (o indiano Hugh Keays-Byrne, que fizera o papel de Toecutter, um líder de gangue, no primeiro Mad Max). Não há pontas soltas, e os exageros são aqueles típicos da cinessérie mesmo, ainda que amarrados a alguns conceitos reais, como é o caso do (quase) alívio cômico do filme e sua guitarra. Mesmo a forma como Furiosa perdeu o braço é insinuada numa das cenas, tudo sem ser didático demais como insistem alguns diretores (Oi, Nolan!).
Falando na Furiosa, ela é um dos pilares da grande polêmica que cerca o filme: o mimimi por parte de grupos de “defensores dos direitos dos homens” (pausa para as gargalhadas). Afinal de contas, Miller deu-lhe mais espaço, mais falas, mais ação, enfim, fez de Furiosa uma personagem muito mais interessante (e importante) do que o próprio Max que, a rigor, poderia ser substituído por qualquer outro personagem. Por conta disso, o filme chegou a ser “acusado” de “feminista” (claro que eu ia falar disso, né?). Bem, eu acho que o choro é livre, e não altera em nada o fato de que, realmente, George Miller deu uma aula em Hollywood fazendo uma grande (e memorável) personagem feminina dentro de um gênero de filme tipicamente masculino (o cinema de ação, e mais do que isso, de ação com carros). Furiosa é sensacional, e todo o subtexto que justifica sua existência e sua missão são ainda mais sensacionais – destaque para a simbólica cena do rifle no pântano. Tom Hardy faz um coadjuvante de luxo, e só. Como diz a Srª Porco: “essa cara de jacu dele ainda ajuda…”, por isso o filme é da Imperatriz Furiosa. E isso é merecido pra caralho.
Nota: 9