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A gente vimos: Deadpool

Mais ou menos no início do filme, a seguinte pergunta veio à minha cabeça: como caralhos o Deadpool ganhou um filme? Havia algo estranho em ver aquele personagem de vermelho e preto se mexendo na tela do cinema, como se as estrelas estivessem desalinhadas em algum tipo de caos cósmico. Curiosamente, Deadpool pareceu compartilhar da minha dúvida. Eles se virou para a tela e fez a seguinte pergunta: quer saber como eu ganhei um filme? Fiz que sim com a cabeça, incrédulo. E então veio uma conversa incomodamente detalhada sobre as bolas do Wolverine.

Cinco segundos depois, eu permanecia com a mesma dúvida na cabeça.

A melhor maneira de descrever o filme do Deadpool é um vídeo do Youtube que, de repente, se viu obrigado a ser estendido para alcançar uma hora e meia. Sabe aquela cena na ponte? 40% do filme deve acontecer nela, e vemos exatamente o que esperávamos do filme do Deadpool nessa cena. Piadas arremessadas a cada segundo na sua cara enquanto o personagem pula e mata pelo cenário inteiro. Isso funciona. É o que se esperava. Show.

O que eu não esperava é a parte séria do filme. Sim, eles tentaram dar ao Deadpool um background sofrido e trágico, com uma história de amor, câncer e lutar contra sua feiura que lembra muito o Coisa no Quarteto (e, para mostrar como os filmes do Quarteto são uma merda, Deadpool trabalhou nisso melhor do que eles). E é aí que o filme quebra pra mim. Por mais que também haja piadas nessa parte, ela parece completamente destacada do início e restante do filme. Sabe o motivo? Porque o Deadpool é exagerado demais.

Ooooh, diz a plateia, mas o lance do exagero cômico e violento do Deadpool é que não dá para passar disso para uma cena tensa e dramática em menos de cinco minutos sem parecer forçado. É uma colina muito íngreme para subir e descer toda hora, mas é isso que o filme tenta fazer por mais da metade de sua duração. Entre flashbacks, alternamos entre a cena da ponte e as cenas de flashback como se estivéssemos numa montanha-russa, e só lá pro fim há um equilíbrio. Se houvesse uma construção ordenada do ritmo ou uma diminuição do drama (porque Deadpool funciona muito melhor como um filme de comédia besteirol), isso não aconteceria. Talvez. Quem sabe.

E, quando falo que ele funciona muito melhor como uma comédia besteirol, estou dizendo que ele vai arremessar a maior quantidade de piadas por frame que você já viu em sua vida. E, claro, jogando assim, algumas vão funcionar. No meio de piadas de saco e cus, temos algumas sacadas bem maneiras de quebra da quarta parede (como ele questionar o fato de apenas dois X-Men estarem no filme), além de menções hilárias do filme do Wolverine e do Lanterna Verde.

Muitas delas vem do elenco de apoio, que funciona bem. Colossus finalmente teve algum destaque na franquia, acompanhado por Míssil Adolescente Megassônico, que faz o papel clichê da adolescente chata, que é apontado diversas vezes pelo filme.

Aliás, Míssil Adolescente Megassônico apareceu nos cienmas antes da Mulher-Maravilha. Chupa essa, DC.

De qualquer forma, os outros personagens são bons. O amigo bartender do Deadpool, sua namorada, Al, a velha cega… Não são aqueles putas personagens trabalhados, mas não precisam ser. Apenas jogam as piadas pro alto e o trabalho está feito.

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Por fim, Deadpool funciona quando ele faz o que se esperava dele. Ele tem um arsenal de piadas à sua disposição, e vai arremessando elas na parede para ver o que cola. O problema é a grande parte do filme que ele tenta fazer algo diferente, que não encaixa com o restante das cenas e é bem inferior ao restante.

Contudo, isso não me impediu ouvir de várias pessoas na saída do cinema que estávamos lidando com um novo clássico do cinema. As mesmas pessoas que se debatiam nas cadeiras quando vinha uma piada. Talvez o problema seja comigo, eu não sei. Não sou eu quem vai afirmar que Deadpool é melhor que Cavaleiro das Trevas na internet, nem que está no mesmo nível. É apenas um filme besteirol que funciona muito bem quando faz o que sabe fazer melhor. O problema é a outra metade dele. Logo, a nota não poderia ser outra.

NOTA: 5/10.

Lojinha

VAI LER MEUS LIVROS PORRA

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