A Gente Lemos: Homem-Aranha – Azul
“AFF, UM AGENTE LEMOS DO NOVATO”, diz o leitor descompromissado. “NEM VOU LER”, ele continua dizendo.
MAS UM HOMEM TEM QUE TENTAR.
Tentarei apenas passar alguns pensamentos que tive lendo essa HQ. Evitarei me aprofundar nisso agora porque esse teclado no qual escrevo denota uma falta de acentos, limitando as palavras que posso usar. Beijos.
Eu comprei o encadernado da Salvat de Homem-Aranha: Azul faz quase um mês, mas nunca tive coragem de abrir até alguns dias atrás. Passei por uns momentos meio tensos e achei que uma história que falasse sobre perda só me faria pior. Portanto, deixei na mochila até ficar preso num engarrafamento e o resto é história.
Entenderam? Entenderam? HAAAAAAAAAH que bosta, vamos continuar.
Em certos pontos eu estava certo. Homem-Aranha: Azul é uma história de perda. Se trata do Peter Parker do presente contando como começou a namorar Gwen Stacy, tudo num clima bem simples e bobão, como uma história dos anos 60. E foi esse clima que me fez pensar duas vezes. Era muito… alegre? O Peter do presente está visivelmente abalado, mas isso não chega a afetar as memórias.
E nesse ponto me toquei: Homem-Aranha: Azul é a melhor história de perda que já li, por tocar exatamente no que realmente significa esse sentimento. A perda nos machuca porque só temos as lembranças, e não há mais chances de criarmos novas. E são sobre essas memórias que se trata a HQ.
Veja, o clima geral da história de Homem-Aranha Azul é leve. Descompromissado, até, evocando um sentimento de tranquilidade e paz. Não é assim que o Peter do presente se sente, mas ele já está no nível de aceitação. Por mais que lembrar doa, ele não rejeita as memórias. Ele sabe que fizeram parte dele e que as coisas que ele passou jamais serão alteradas. Muitas pessoas que sofrem um trauma assim procuram escapar das lembranças, tentar denegri-las, e isso é apenas mais uma forma de escapismo. Por mais difícil que seja, mesmo que jamais consigamos criar lembranças parecidas, devemos aceitar que elas aconteceram e que nos foram boas.
Talvez por isso Homem Aranha Azul seja uma história tão importante para mim. Perder uma pessoa importante, seja de qualquer forma, é sempre uma merda. Tudo o que nos resta são lembranças, e elas evocam um caso capaz de te derrubar, fazendo com que muitas vezes tentemos fugir delas. Só que não somos capazes disso. Mudar o que já aconteceu precisa de um carro antigo, alguns gigawatts de energia e um capacitor de fluxo. Já que ainda não temos isso, só nos resta aceitar. Fique feliz por isso, mesmo que seja difícil.
E lembre-se que quadrinhos são tão fodas que até um adolescente vestido de azul e vermelho pode te fazer aprender alguma coisa.
Só não é melhor do que um cara musculoso seminu que usa a cruz de malta no peito.
NOTA: 9.0 (nota quebrada é de jacu)