5 e 1 no Catarse: 5 projetos que eu apoio e 1 que não, obrigado!
Eeeeeu voltei, sim!
E de quebradinha, voltei pra falar de Catarse, financiamento colaborativo e coisa e tal.
Mas aí entra a questão que, durante a minha ausência sobre o assunto, o cenário mudou – o Universo HQ se tornou a principal referência de divulgação dos projetos de quadrinhos na plataforma. Nesse sentido, talvez fazer um “Enquanto isso, no Catarse”, que eu usava pra falar de todos os projetos de quadrinhos que rolavam por lá, ficou meio redundante. Daí abriu-se uma brecha para fazer algo que eu queria já: falar só dos projetos que me interessam e ignorar os que não interessam. E como aqui é o MdM, rever criticamente um projeto que não me interessou tanto assim.
E como tá nevando na montanha de quadrinhos do Catarse, resolvi priorizar neste post aqueles que estão com prazos de apoio mais curtos.
Então, senhoras e senhoras, lhes apresento o 5 e 1 no Catarse!
5 – Máquina Zero Vol. 2
No último FIQ, a belíssima arte de capa feita por Tony Silas me levou até o primeiro volume de Máquina Zero. Uma coletânea de quadrinistas dos mais diversos, que juntava Boulet e Jon Bogdanove no mesmo balaio, Salvador Sanz e Eloar Guazzelli, sem contar uma caralhada de outros artistas e autores. Como toda coletânea, o álbum trazia uma oscilação considerável de qualidade das histórias, e se o formato pequeno impediu o álbum de ser uma unanimidade, a proposta (e o alcance em termos de artistas e diversidade) fez dele grande o suficiente para ser levado em conta. Agora Lucas Pimenta, Marcello Fontana e companhia limitada querem lançar o segundo volume da Máquina, com um time ainda mais internacional de autores.
Quanto arrecadou e quanto precisa? Até agora o projeto arrecadou R$4.855,00 dos R$7.000,00 solicitados. Faltam 13 dias para encerrar a arrecadação.
Qual é o mínimo para eu levar o impresso? R$25,00, mas para pegar em mãos (FIQ ou CCXP). Para envio de correio, a cota sobe para R$35,00.
Filho, a parada é multinacionalismo! O desenhista paulistado Jozz se junta ao hermano argentino Alejandro Farias para contar a história de Zeta, um entregador de pizzas com sua lambretinha e que, num determinado momento, acabou entregando a própria paz sem querer. Uma trama policialesca de ação, aventura e um tapinha de romance. A HQ é meio que uma remasterização de um trabalho menor dos dois, já publicado na Argentina em versão digital e em breve impressa no país da Casa Rosa e no Uruguai.
Quanto arrecadou e quanto precisa? R$1.655,00 de R$10.000,00. Ainda tem 38 dias de arrecadação pela frente.
Qual é o mínimo para levar o impresso? R$25,00 para retirar em mãos (CCXP, FIQ ou no estúdio do Jozz, em Jaú/SP). A versão com frete incluso sai por R$30,00.
Para quem reclama do panorama atual dos quadrinhos no Brasil, desconhecer os tempos obscuros dos anos 1980/90 é um crime. Naquela época, os quadrinhos conseguiam ser ainda mais marginais do que são hoje – afora a sempre imbatível Mônica e outras iniciativas infantis ou infantilóides (Turma do Arrepio, Pequeno Ninja, Trapalhões, Gugu Liberato, New kids on the block), o pouco espaço só acolhia as produções de terror e nuas-peladas-pornor. Foram nesses campos que nosso chégas Joe Bennett, o Bené Nascimento, e seu conterrâneo Gian Danton resolveram se mexer. Se algo da produção deles no pornor já foi reimpresso, é chegada a hora de fazer o mesmo com os trabalhos no terror. É aí que entra o álbum A Margem Negra, trazendo materiais publicados nas revistas Mephisto – Terror Negro, A hora do Crepúsculo e Calafrio entre outras lá nos anos 90. São histórias tensas, cheias de claro e escuro (técnica na qual Bené se notabilizaria depois) e sangue. Sem dúvida um material de valor histórico que, se não bastasse, sendo bem sucedido também abre as portas para outros resgates do gênero. Mas alô, alô Fabrizio meu chegado: cuida da edição disso aí direitinho, pelo amor de deus, não deixa rolar aquela lambança que a Opera Graphica fez no “A Insólita Família Titã”, hein?
Quanto arrecadou e quanto precisa? O projeto já tem R$6.940,00 dos R$21.000,00 solicitados. Faltam 17 dias para o encerramento do prazo.
Qual é o mínimo para levar o impresso? R$35,00. Com frete e tudo, sim senhor!
Uma HQ em duas partes baseada num dos momentos mais bizarros da história européia: a bizonha Cruzada das Crianças. Um projeto de fôlego (dois volumes de 80 páginas cada, sendo essa campanha para o primeiro), com uma arte bem foda e eu cuidado visual MUITO digno de nota. Confesso que a página do projeto é muito superficial e traz poucos detalhes sobre qualquer coisa, mas esse é um daqueles casos em que a arte foi forte o suficiente para me instigar a investir no projeto. Mas fica o puxão de orelha pro autor aí: não é todo mundo que se dispõe a dar tiro no escuro como eu não!
Quanto arrecadou e quanto precisa? O projeto arrecadou R$1.835,00 dos R$4.500,00 pedidos. Ainda tem 33 dias de captação.
Qual é o mínimo para levar o impresso? R$30,00.
Fefê Torquato, de Gata Garota, propõe um álbum que não sei se a ideia era essa, mas que me deixou com um cagaço fodido: dez moradores de um prédio cuja vida, ou os momentos mais pessoais dela, são observados e narrados por um sujeito misterioso de identidade não sabida. Quem eles (incluindo o observador) são? Como são? De perto existe alguém que não é estranho? Enfim, um projeto instigante sobre uma situação instigante!
Quanto arrecadou e quanto precisa? O projeto arrecadou R$3.913,00 e precisa chegar a R$15.000,00 para sair (no) papel.
Qual é o mínimo para levar o impresso? R$20,00 com frete incluso!
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Acho que se não a maioria de nós, um número grande daqueles que leram (ou leem) quadrinhos de super-heróis já sonhou com histórias desse gênero ambientadas e criadas no Brasil. Afinal de contas, Iron Cable’s, Black Ice’s e Humberto Gessinger’s treinadores de Pokémon não surgiram do nada ou para nada. O problema é a forma como nos propomos isso – um Humberto Gessinger treinando Pokémon pode parecer ridículo se defendido por um autor adulto (e que não tá fazendo galhofa), mas parecia uma ideia genial para um jovenzinho pós-adolescente.
O projeto A Ordem tentou a sorte no começo do ano e fracassou. Os motivos do insucesso a gente só pode especular: meta muito alta? Dificuldade em cativar o público? Nunca saberemos ao certo. Porém, passados uns meses, o projeto volta à baila. Se a megalomaíaca meta de R$45.000,00 para uma HQ de cem páginas saiu de cena, o lance do apelo com os eventuais leitores parece continuar sendo um problema. Na época do lançamento original, apesar de contar com quadrinistas de peso, como Joe Bennett e Gian Danton, o projeto foi duramente criticado por questões óbvias: em pleno ano de 2015 um projeto com “mais de 20 heróis brasileiros” que conta apenas com duas mulheres, ambas com seus corpos de panicat prontas ao fanservice rasteiro (um dos “heróis” ganhava poderes “chupando os peitos (!)” de garotas); em mais de 20 heróis brasileiros, nenhum negro, nenhum sequer pardo; à frente do grupo, uma desconhecida (mesmo dos cantos mais obscuros da internet) versão avermelhada do Capitão América (com escudo e tudo!).
Enfim, parece um projeto divertido para se expurgar um desenho infantil de ver aquele seu personagem meio irrefletido ser impresso em celulose, mas fica tudo muito estranho quando percebe-se que é algo supostamente sério, de pessoas que se levam a sério fazendo isso. Aí não dá.
Se a grande revisão do projeto que os proponentes fizeram foi diminuir a meta, que foi ajustada exatamente para o valor arrecadado da última vez (aparentemente a contratação dos artistas brasileiros com carreira no exterior ia tomar cerca de R$32.000,00 da meta do projeto!!!), retirar alguns personagens e propôr o projeto à partir de um outro perfil do mesmo autor, então a coisa vai mal.
Faltou revisão crítica e amadurecimento à partir da queda precedente. Espero estar errado, mas o projeto me parece muito mais uma jogada egocêntrica calcada no marketing vazio do que uma proposta real de um quadrinho legal de super-heróis brasileiros…
É isso aí macacada! Se tudo der certo, semana que vem volto falando de Mayara e Annabele Vol.2, Risca!, Relicário e mais! Inté!