Final de dezembro. Chegou aquele tempo maroto, aquele tempo libertino em que arrumamos a casa pós-Natal, vemos o quanto engordamos em apenas uma refeição e olhamos para os meses passados para nos perguntar: o que aconteceu nesse ano que está no fim?
O.K… 2017 não foi o melhor ano para a humanidade de maneira geral, mas pelo menos ele foi um dos melhores para escaparmos da realidade por meio de joguinhos e filminhos. É quase como se fosse uma compensação divina. Portanto, vamos agora ranquear nosso aproveitamento dos produtos que consumimos nesses doze meses.
De início, já digo que foi um puta ano para videogames, e foi bem difícil jogar tudo. Quer dizer, até agora não consegui jogar Hellblade, Nier, Fire Emblem Echoes, Cuphead (NÃO GOSTOU, COMPRA JORNADA PARA ME DAR DINHEIRO PRA ISSO, FILHO DA PUTA) e teve muito jogo que não entrou nessa lista, mesmo os excelentes.
Só que não é hora de se lamentar (isso só no fim do post), é hora de comemorar. Portanto, comecemos a lista:
7 – Finding Paradise
To The Moon é um jogo que tem um lugar bem especial no meu coração. Até outro dia, era um dos dois únicos jogos (acompanhado da primeira temporada de Walking Dead) que havia me emocionado o suficiente para que eu derramasse lágrimas.
Seis anos depois, sua sequência espiritual, Finding Paradise, conseguiu me abalar de novo, mesmo com o jogo sendo bem diferente de To The Moon. Finding Paradise tem uma narrativa mais espalhada, e os temas são mais indiretos. Enquanto o antecessor era uma história de amor, algo bem simples de ser assimilado, esse aborda um tema que pode ressoar de forma diferente para várias outras pessoas. Ele te dá uma ideia, que exige um pouco mais de meditação.
Talvez por ele ser menos direto, o impacto foi menor do que To The Moon, até porque a história tem uma barriga por volta da metade. Contudo, ele é claramente feito por alguém com muito mais experiência. Sem se prender na fórmula de seu predecessor, Finding Paradise ainda é uma experiência memorável, uma aventura de 3 horas e meia que vai te fazer rir, se assustar, rir de novo e ficar impressionado em como um joguinho de RPG Maker ainda consegue te cativar.
6 – What Remains of Edith Finch
Ei, eu já falei desse joguinho. Portanto, vamos ser rápidos. What Remains of Edith Finch é um jogo em que você explora uma casa, descobrindo o que aconteceu com sua família, os Finch. Cada membro da família é uma experiência narrativa diferente, seja soltando pipa para juntar palavras ou controlando animais.
E é essa placa de Petri de experiências que tornam o jogo tão memorável. Nem todas são cativantes, claro, mas o fato de terem arriscado em cada uma delas, de terem criado formas de passar quem era cada personagem através de uma jogabilidade diferente, é refrescante. Nenhuma ideia é reaproveitada em Edith Finch, com apenas o tom macabro do jogo ligando as histórias. Edith Finch é uma coletânea de criatividade, e merecia que mais pessoas falassem dele.
5 – Fire Emblem Heroes
JOGUINHO DE CELULAR, LOJINHA?
Sim, seu preconceituoso maldito. Não tinha como eu não incluir Fire Emblem Heroes, visto que eu joguei t o d o s o s d i a s desde seu lançamento, no longínquo fevereiro.
Fire Emblem Heroes condensa a maior parte da experiência Fire Emblem (tirando a história, que é uma bosta) em um pacote simples. Você tem um time de até quatro persoangens (que pode ganhar mais fazendo missões ou, primariamente, invocando com orbs que você vai acumulando ou comprando) contra um time de 3-6 inimigos, seguindo a mecânica de pedra-papel-tesoura da série principal. Todo o combate de Fire Emblem está incluso, mas como os mapas são bem menores, o jogo se alterna entre estratégia e um puzzle, visto que você tem vários personagens à disposição para serem utilizados nos desafios.
E como esse jogo é viciante. Mesmo com modos que não fazem a menor diferença (olá Voting Gauntlet), com formas de te deixar puto da vida (como eu não consegui NENHUM PERSONAGEM DE NATAL, JOGO FILHO DA PUTA), ainda assim é uma experiência simples e entretiva, e ainda com muito espaço para ser incrementada.
4 – Hollow Knight
Eu também falei de Hollow Knight aqui antes, mas… que ano injusto para Hollow Knight. Se não fosse o caminhão de jogos excelentes, ele com certeza levaria o primeiro lugar. Cacete, ele levaria o primeiro lugar em quase todos os anos dessa década. Um metroidvania com combate extremamente gostoso, mil segredos espalhados pelo mundo e uma jogabilidade que te faz realizar movimentos tão naturais que até te surpreende, Hollow Knight é um jogo que eu poderia estar jogando até agora. É tão bom que provavelmente vou comprar de novo ele pro Switch só para jogar a expansão.
3 – Persona 5
100 horas depois de entrar na pele de um estudante japonês com um charme inexplicável com poderes místicos que o permitem mudar o coração das pessoas ruins, eu faria tudo de novo. Ficaria mais cem horas com seus personagens, ficaria mais cem horas ouvindo suas músicas, ficaria mais cem horas lendo livros, ficaria mais cem horas comendo hambúrguer, ficaria mais cem horas saindo com meus companheiros, e ficaria mais cem horas fusionando monstros para poder dar um soco catártico em cada filho da puta que existe no mundo.
Independente do tempo que me levou, eu faria tudo de novo.
2 – Super Mario Odyssey
Felicidade em sua forma pura é algo meio difícil de alcançar. Cada pessoa tem a sua maneira, e a minha foi jogando Mario Odyssey.
Eu tive um sorriso idiota no rosto em cada segundo desse jogo. Tem sempre uma coisinha extra, um segredinho no meio da monumental pilha de coisas a fazer em Odyssey, espalhada em mundos completamente diferentes um do outro.
E, no meio disso tudo, o jogo continua preparado para tudo que você fizer. Toda tentativa sua de quebrar o jogo é esperada, e toda tentativa é recompensada. Os controles são simples, mas com potencial para movimentos completamente bizarros que você descobre sozinho. Mario Odyssey te dá todas as ferramentas e sabe te fazer aprovietar cada uma delas.
1 – The Legend of Zelda: Breath of the Wild
Acho que a melhor forma de eu poder explicar os meus sentimentos com Breath of the Wild é através de um acontecimento no jogo.
Por volta da minha décima hora no jogo, eu estava explorando a região sul, onde havia um lago com uma ponte o atravessando. Eis que, sem nenhum sinal, um dragão apareceu no céu. Eu parei e fiquei olhando, embasbacado. O que era aquilo? De onde ele tinha vindo? Qual era sua função? Ele apareceu só pra mim? Para onde ele vai? E, por um instante, não havia um jogo. Havia um mundo no qual eu estava, um mundo cujos mistérios eu poderia apenas supor.
Sabe, eu já joguei um bocado de jogos na minha vida, que foram me tornando cínico para esse tipo de magia, especialmente depois de ter aprendido como as engrenagens dos videogames funcionavam internamente. Não que eu tenha parado de curtir jogos, longe disso, mas… eu sabia como eles agiam. Não achava que era possível vê-los novamente através dos olhos de uma criança, que era possível entrar em um mundo que parecia real.
E, mesmo assim, Zelda conseguiu. Conseguiu me transportar para uma verdadeira aventura. Eu explorei Hyrule pelo prazer de explorar, sem ser por objetivos ou coletáveis, mas apenas porque eu queria. Eu queria marcar uma área do mapa e ver o que ela tinha a me oferecer. Ficava feliz quando minha recompensa era ter uma vista magnífica. Feliz de ter coisas novas a cada esquina.
Mario Odyssey sabia que eu joguei jogos a minha vida inteira e trabalhou em cima disso. Zelda também sabia, mas me fez jogar tudo isso longe.
Breath of the Wild tem problemas, é claro. Os chefes iguais, o sistema de quebra de armas, as dungeons. Mas ele tem algo que eu não achava possível ter em 2017. Magia. Magia que não consigo explicar.
0,5 – Mass Effect Andromeda
Mass Effect Andromeda não é um jogo ruim.
Ele é só medíocre e decepcionante.
Eu lembro de ter começado esse jogo querendo, rezando, implorando que não fosse tão ruim quanto o que as outras pessoas achavam. E, no início… não foi tão ruim. Eu fui entrando no ciclo de gameplay, curtindo o que eu encontrava, até permanecer no ciclo, fazer as missões só para conseguir o 100% em cada planeta, pulando os diálogos porque nenhum era interessante… até eu encontrar um bug. Um bug que jogou meu progresso de duas horas pro ralo, ficar puto, e toda a magia se quebrar.
Mass Effect Andromeda é uma desculpa muito triste de usar a franquia Mass Effect. Tire os bugs, tire as animações (que hoje estão até boazinhas), tire o gameplay. O que Mass Effect era conhecido? Pela história. Pelos personagens. Pelo mundo. E Andromeda, mesmo com todas as complicações do desenvolvimento, não tinha desculpa para falhar nesses aspectos.
Não tem nenhum personagem interessante. NEM. UM. 5/6 de sua equipe são uma bola de personalidades similares que se misturam com o passar do tempo, e a única que se difere, a asari Peebee, é unidimensional e chata para um caralho. A história? É qualquer coisa, não vai para nenhum lugar que importe, não desenvolve nenhuma discussão. O mundo? Você tira metade das raças legais do jogo, acrescenta uma completamente nula e desinteressante, e não consegue nem fazer uma missão secundária atrativa.
Enfim, que decepção. Que decepção triste. Poderia ficar horas falando em como esse jogo me decepcionou, mas sabe o pior de tudo? Esse jogo afundou Mass Effect de uma forma que a franquia foi para a geladeira da EA. E, sim, vai voltar sim, amiguinho. Vai voltar com Dead Space, espera lá.
Feliz 2017, acho.