Joguinhos vem em vários sabores. Tem os de tirinhos, os de lutinha, os de esportinho e os que você anda. Pejorativamente classificados como “Walking Simulators”, o nome pegou para descrever games (sou descolado) em que você explora um ambiente enquanto a história te é apresentada.
Eu sou meio suspeito de falar desses jogos porque só joguei dois. Gone Home, um dos precursores mais emblemáticos do gênero, e agora What Remains of Edith Finch. Contudo, devo dizer que virou um dos gêneros com maior aproveitamento para mim, porque são dois jogos de excelente qualidade. Particularmente Edith Finch.
What Remains of Edith Finch é um jogo da desenvolvedora Giant Sparrow, responsável anteriormente por The Unfinished Swan, disponível para PC, PS4 e (em dois dias) Xbox One. Ele conta a história de Edith Finch, aparentemente a última membro da família Finch, uma dinastia em que tudo dá errado. Quase todo mundo morreu de uma forma bizarra nessa família, e seus quartos foram lacrados após os respectivos falecimentos. O que você tem que fazer é explorar cada um deles, descobrindo o que houve com cada um deles.
Eu rascunhei alguns parágrafos tentando descrever o jogo de forma objetiva, mas não é essa a vantagem dele. O gameplay pode parecer simples, você explorando a casa e encontrando os quartos, revivendo as últimas horas do morto em uma série de minigames, mas Edith Finch é maior do que a soma de seus componentes. É uma mistura da ambientação, dos personagens, e, especialmente da narrativa.
Narrativas em videogames são ocasionalmente tratados como peças de menor importância, poucos se arriscando a ir além do modelo cinematográfico que tantos fazem. Isso não impede que vários jogos brinquem com o modo de contar histórias, seja do método Telltale, algo mais enigmático como Dark Souls ou algo que quebre a quarta parede, como Stanley Parable. Edith Finch aborda diversas formas de narrativa através de seus minigames, e embora uns sejam definitavamente melhores que os outros, todos te impactam, te fazem sentir mais do que um simples telespectador numa cutscene pré-renderizada. São os pequenos toques que fazem esse jogo especial, como cada minigame retrata bem o personagem ao qual se refere.
Isso não significa que o jogo seja sem defeitos, como disse, alguns minigames são bem piores do que os outros, mas todos trabalham para a história principal, a de sua personagem. Você está aprendendo sobre a família com ela, e vendo que a tragédia é uma constante na vida dos Finch, seja às vezes tragicômica, triste ou até perturbadora em certos casos. São pequenas peças que ajudam a construir o quadro de repetição da dinastia Finch, onde eles invariavelmente vão se fuder em algum momento.
Como Edith Finch é um jogo bem curto (umas quatro horinhas), não cabe muito ficar se aprofundando nele ou ficar tentando analisá-lo de forma objetiva. Ele é primariamente um jogo de histórias, uma evolução no gênero de Walking Simulators, em que a narrativa se molda conforme o que precisa ser passado. Como toda coletânea de contos, alguns vão ser melhores do que os outros, mas é o conjunto que importa. E What Remains of Edith Finch tem um conjunto muito forte.
Nota: 9/10.