Review: Teenage Mutant Ninja Turtles (NES)
Em algum dia do início dos anos 90 eu ganhei um Famiclone (video-game falsificado que rodava jogos do Nintendo 8-bits) de aniversário. Por sorte os meus tios moravam do lado de um muambeiro muito famoso do Engenho de Dentro, que tinha acabado de trazer do Paraguai o incrível VIDEO CONSOLA!
Um Nintendo 8bits dentro de uma carcaça mal diagramada do Super Famicom – o Super Nintendo japones.
Feliz demais com meu presente, fomos direto pra Neo Games, uma locadora de games ali perto da Rua Uruguai, na Tijuca, pra alugar um cartucho e testar o novo vigeogame.
Pra minha felicidade, eu vi que existia um jogo das Tartarugas Ninja – e eu estava no meio da minhna paixão pelos quelônios lutadores! Poucas vezes na vida eu fiquei tão sendento pra jogar um videogame quanto nesse dia.
Chego em casao, conecto o videogame, coloco o cartucho e ligo.
Minha empolgação inicial era tanta que eu nem senti falta da música de abertura do desenho animado. Também não liguei para os inimigos que nunca tinham aparecido na televisão, como um cara pegando fogo, um cara com uma motosserra, uns mosquitos mecânicos e por aí vai.
O importante é que eu estava jogando o game das Tartarugas Ninja, mesmo não sabendo o que fazer direito e mal sobrevivendo à dificuldade absurda que a Ultra Games (que nada mais era que uma espécie de empresa fantasma que a Konami criou pra burlar a regra da Nintendo de limitar a cinco o número de jogos lançados por ano pra cada estúdio) colocou no cartucho.
Mesmo não avançando muito na jogatinha – e mesmo o Rafael sendo a pior tartaruga – o jovem Change saiu satisfeito do seu fim de semana jogando essa fita.
Mas e hoje em dia? Como analisamos o primeiro jogo das Tartarugas pro Nintendo 8 bits?
Primeiro de tudo temos que entender a época em que esse jogo foi lançado.
Em 1987, Kevin Eastman e Peter Laird licenciaram as Tartarugas Ninja pra Playmates Toys que, assim como era moda na época, encomendou uma animação pra divulgar os brinquedos (mesma estrategia dos Comandos em Ação e He-Man). E deu muito certo: no mesmo ano o primeiro episódio já estava no ar e os brinquedos das tartarugas alcançavam o terceiro lugar de brinquedos mais vendidos dos EUA – só perdendo pros Comandos em Ação e Guerra nas Estrelas.
No iníciozinho disso tudo a Konami entrou na jogada pra produzir uma fita de videogame das Tartarugas Ninja. E como tudo estava sendo desenvolvido ao mesmo tempo, a empresa não tinha quase nenhum material de referência. Se o jogo parece uma mistura dos quadrinhos e dos primeiros episódios dos desenhos animados… é porque isso era a única coisa que eles tinham na época.
Os traços dos gibis, as faixas coloridas do desenho animado e um monte de inimigo que a Konami teve que inventar porque não tinham nada mais pra usar no jogo (falei aqui do problema parecido que aconteceu nos primeiros jogos dos Simpsons).
Dito isso, o jogo também sofria de outros problemas da época: a dificuldade absurda.
O medo das empresas na época era ver os jogadores alugando os jogos na locadora, zerando no fim de semana e não comprando o cartucho. A alta dificuldade era uma maneira de fazer a criança jogar o game por mais tempo até zerar… E aí, meu amigo, só comprando a fita!
A jogabilidade tem seus erros e acertos. É legal ir trocando de tartarugas ao longo do jogo – e de ver cada uma delas com suas características diferentes (mesmo com o Donatello super roubado e o Rafael que só servia pra ser saco de pancadas). Mas o pulo que mais parece que você está na gravidade da lua e o fato de não ter dois players deixa a experiência um pouco frustrante.
Os gráficos cumprem seu papel pra um jogo das tartarugas mais pro começo de vida do NES e a música, mesmo não sendo a do desenho animado, segue o padrão Konami: ou seja, foda pra caceta!
Hoje em dia o primeiro jogo das Tartarugas Ninja mais serve como uma curiosidade da época em que foi feito do que como jogo em si, já que boa parte da experiência é meio frustrante.