Quem acompanha o MdM há algum tempo já sabe da minha paixão pelas tartarugas Ninja. Eu sou mais uma dessas crianças nascidas nos anos 80 que foi completamente arrastado pelo tsunami dos quelônios lutadores durante o início dos anos 90 – e que dura até hoje!
Acompanho tudo o que sai das tartarugas Ninja desde essa época – os desenhos animados, os gibis originais, os fliperamas, as aventuras da Archie Comics (uma das minhas preferidas), os filmes em live action e até o gibi da Image em que o Rafael tem a cara derretida e o Leonardo tem um braço arrancado por um crocodilo!!!
Então, quando um novo filme em CG foi anunciado há algum tempo eu fiquei logo de olho pra acompanhar o desenvolvimento.
As primeiras notícias era que o Seth Rogen seria a grande mente por trás desse novo filme.
Inicialmente não sabia o que pensar, pois o Seth Rogen é muito inconstante quando se propõe a produzir suas coisas. Se por um lado ele é o cara que produziu a incrível série animada do Invencível, que concertou muita coisa dos gibis, ele também liderou toda a produção da série do Preacher – que, cá pra nós, poderia ter sido tão mais legal.
Mas ei, eu li o gibi da Image e vi os filmes do Michael Bay! Óbvio que eu iria ver, ainda mais com minha filha que também é maluca pelas tartarugas.
E aí saiu a primeira arte conceitual e eu achei MUITO bacana!
Foram saindo os trailers e vi que o diretor seria o Jeff Rowe, que fez o incrivelmente maravilhoso A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, um filme super estiloso que foca muito no assunto “família” sem ficar cafona ou piegas. Na medida certa.
Quando saíram então os primeiros trailers aí que a empolgação bateu: o filme arriscava muito visualmente como o A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas e as Tartarugas se comportavam – e soavam – como adolescentes de verdade! Inclusive com o Donatello falando com voz fininha!
Comprei os ingressos da pré-venda aqui onde moro (no Brasil só sai no final de agosto) e fui ver com minha filha.
Olha, vou falar uma coisa pra vocês.
Sabe o que eu estava esperando?
Um filme daqueles medianos da Marvel – que é o que parece que todo novo filme de ação e aventura de hoje em dia se transformou: cenas de ação ruins, piadocas fora de hora e um roteiro meio vazio que você vai esquecer em alguns minutos depois que sair do cinema.
E isso tá tudo bem… Principalmente pra um filme das Tartarugas Ninja, que nunca foi mais do que isso aí (tirando, é claro, o filme do O Despertar das Tartarugas Ninja, que saiu na Netflix, que tem uma história muito bacana).
Mas cara, como eu estava errado!
Primeiro, vamos pra história: 15 anos no passado, o cientista Baxter Stockman conseguiu criar o Ooze, uma substância que consegue transformar animais em mutantes – ele era um cara muito sozinho que estava criando seus próprios mutantes – uma mosca, o Beepob, o Rocksteady, o Mondo Gecko, o Napoleon Bonafrog, Wingnut e mais um monte de outros animais – para que tivesse sua própria família. Ele é atacado por uma organização misteriosa que quer esse mutagêneo, que acaba caindo nos esgotos em cima das tartarugas e do Splinter.
Splinter se transforma em um rato humanóide e as tartarugas começam a crescer. Vendo que elas são fascinadas pelo mundo da superfície ele decide passear pelas ruas e é violentamente atacado pelos humanos, que ficam assustados com um rato gigante carregando quatro tartarugas bebês passeando pela Times Square, em Nova Iorque.
Splinter fica traumatizado e decide criar seus filhos completamente isolados da humanidade – e vocês sabem o que acontece com adolescentes trancafiados em casa e afastados de seu maior sonho, né?
As tartarugas ficam mais obcecadas ainda em conhecer o mundo da superfície e em viver entre os humanos.
À partir daí eles conhecem a April O’ Neil e tentam juntos desbancarem uma gangue que está fazendo assaltos por tofda Nova Iorque – com isso eles esperam virar heróis e finalmente serem aceitos pelos seres-humanos.
O que vemos aqui é algo diferente do que estamos acostumados nos outros produtos áudio-visuais das Tartarugas Ninja – é um filme muito menos ficado na ação e centrado totalmente no coração. É um filme sobre aceitação, família e sobre como é importante ter a motivação verta para fazer a coisa certa.
É quase como um amadurecimento natural da animação original das Tartarugas Ninja do final dos anos 80.
O novo filme das Tartarugas Ninja é um filme pra cima e com um coração enorme. Uma delícia de se ver e você sai do cinema com o coração quentinho.
Se você quer algo mais sombrio como os gibis originais ou algo carregado de cenas de ação como na animação em CG de 2012 ou em O Despertar das Tartarugas Ninja, talvez esse não seja o filme pra você.
Pra mim, As Tartarugas Ninja: Caos Mutante é o melhor produto áudio-visual das Tartarugas já feito.
No meio de tanto filme de aventura tão mais ou menos seguindo o padrão já desgastado da marvel, As Tartarugas Ninja: Caos Mutante é um oásis nas telas do cinema.
O filme tem seus defeitos, como a real explicação dos vilões ser deixada pra um segundo filme ou os efeitos visuais bem inconstantes – por ora o estilo “rabiscado” da animação funciona muito bem, mas de vez em quando parece um jogo da Telltale do PS3 ou Xbox 360 – A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas está anos luz à frente.
Porém, a história flue tão bem e todo o filme parece que dá um abraço no seu coração… Todos os defeitos acabam ficando irrelevantes.
Ah, e o filme não fica jogando referências na sua cara a cada 30 segundos, como é o filme do Super Mario.
Se eu fosse você, ia ver no cinema. De preferência com seus filhos, sobrinhos, etc. O filme tem uma mensagem legal e positiva.
Nota 9