[Poderoso Investiga] Lembra da estáuta do Astronauta: Magnetar?
2014. O ano em que fizemos contato. Na CCXP, chegava a grande novidade para quem curte o quadrinho made in Brazil: baseado na graphic novel Astronauta – Magnetar, o escultor mineiro Eddie Vieira (da Casa dos Quadrinhos) lançava em pré-venda a magnífica estatueta do protagonista da história, em escala 1/6.
Diante do (já belíssimo) protótipo da peça em exposição ainda na CCXP, era difícil conter a vontade (ou o impulso) da compra, mesmo com o preço alto. Eu mesmo não consegui conter. Enfiei a mão no bolso e encarei a pré-venda: dez por cento do valor à vista (R$50,00) e o restante, podendo inclusive ser parcelado, em março/2015, previsão de entrega da estatueta.
Mas atrasos ocorreram e as ordens de pagamento definitivo só foram expedidas em abril. Naquela ocasião (07/04), a empresa do Eddie, a Making Magic, já dava a antever os problemas que só aumentariam nos tempos do porvir, como dificuldades de registro do produto e aprovação das peças:
Prezados amigos como já havíamos prometido para alguns clientes que entraram em contato por e-mail individual ou por telefone que enviaria um e-mail coletivo para dar uma posição da empresa sobre a peça ASTRONAUTA MAGNETAR, estão sendo montadas,porem o processo de regularização de registro do produto demorou muito e tivemos reprovação em 4 modelos de caixa (segurança e designer), a “MSP” esta terminando de revisar o modelo final e assim aprova-lo, nos e todos na “MSP” precisamos atingir um padrão de qualidade muito bom e tivemos muitos obstáculos pra conseguir fazer isto aqui no brasil,estamos aprendendo muito com tudo e este tempo foi necessário,mas para os próximos tudo sera mais rápido e estamos ficando felizes com cada etapa aprovada, com a consciência de estar enviando um produto de qualidade. Pedimos desculpas pela demora e agradecemos a paciência e confiança e em breve nosso próximo e-mail sera para informar numero de rastreio de sua peça.
Esta sendo enviado um e-mail com a solicitação de pagamento do restante do valor,enviaremos por ordem de pagamento,qualquer duvida estaremos a disposição pelos telefones e e-mail.
Obrigada a todos,
Making Magic.
Mas ninguém sabia que tudo ia piorar ainda um pouco. No dia 14 de maio, um novo contato da Making Magic chegou às caixas de email dos compradores. Relatando outros motivos de atraso, mas trazendo fotografias das estatuetas já agrupadas, e prometendo para breve os envios. Em 22 de junho, começou um intensa troca de emails entre os compradores, insatisfeitos com os atrasos e a falta de (novas) atualizações.
Até que veio o dia 15 de julho. Num evento previsto desde março, a Making Magic fez em BHCity One o lançamento oficial de uma nova peça do escultor (um busto de Thanos, o Titã louco, em tamanho real). Neste evento também estava prevista a entrega, em mãos, de algumas estátuas do Astronauta. Como consumidor e “jornalista” (olho nas aspas-as-as), peguei meu caderninho, minha câmera e meu cérebro equipado com transistores e fui pra Casa dos Quadrinhos tentar obter algumas respostas.
Ao chegar lá, a primeira boa notícia: as estatuetas daqueles compradores que solicitaram retirar em mãos seriam entregues. Ueba!, porque isso incluía a minha. Apresentações e revelações feitas – com uma misteriosa caixa azul nas mãos, Eddie Vieira falou que sua escultura do Astronauta e a parceria com a MSP inaugurou um mercado novo no Brasil, do qual os 250 primeiros compradores do Astronauta não eram só clientes, mas verdadeiros apoiadores. Salvas de palmas depois (o busto do Thanos está realmente foda, mesmo que ainda não finalizado), foi a hora de pegar o cidadão na curva.
A seguir, os principais temas sobre os quais conversei com o Eddie e suas respostas (não, não são transcrições literais. Eu fiz notas, não gravei):
Sobre os atrasos das estatuetas:
O grande vilão de tudo foi, sem dúvida, a burocracia. Segundo o Eddie, não há um mercado de esculturas artesanais em larga escala no Brasil, pelo menos não formalmente falando, e tampouco a legislação nacional está preparada para a sua existência. Por ser um produto ligado à uma grande marca como a MSP, todos os procedimentos legais precisavam estar religiosamente corretos. E isso gerou problemas: com vistas a evitar maiores atrasos, o produto teve de ser registrado como “produção industrial”, o que além de ser um erro, ainda diminuiu o valor agregado às peças. Mas, dado o fato de que solicitações feitas anteriormente ficavam semanas, algumas vezes meses sem resposta por parte do governo, foi o melhor que se pôde fazer no momento.
Depois, tinha a avaliação criteriosa da MSP. Segundo o Eddie, coisas “simples” para muitas pessoas eram avaliadas e reavaliadas por pessoas da produtora, com o objetivo de que o produto final ficasse exatamente dentro dos padrões da empresa. Esse é o motivo, imagino, da pintura meio em aguada da roupa ter dado lugar ao amarelo chapado. O que é uma pena, eu gostava da aguada…
Sobre a falta de comunicação com os compradores:
Aqui foi muito mais um puxão de orelha do que uma pergunta. Comentei com o Eddie sobre como era nociva a falta de comunicação constante com os compradores. Todos os motivos do atraso eram totalmente justificáveis, mas os consumidores precisavam saber deles para que eles justificassem. Numa relação comercial dessa monta (não sei pra vocês, mas 500,00 mangos pra mim é grana pra dedéu), transparência é fundamental – principalmente em se tratando de algo tão pioneiro. Big bola fora da Making Magic, que o Eddie concordou e afirmou ser efeito das circunstâncias. Algo que ele espera corrigir o quanto antes.
Sobre a entrega das peças:
Algum tempo antes do evento de 15/07, a Making Magic realizou um envio-teste via Correios (SEDEX), que resultou… num fracasso total. Segundo o Eddie, o comprador recebeu a estátua em frangalhos (como é uma série limitada, isso gerou a necessidade de baixa da peça perdida nos sistemas da Making e da MSP, para que esta autorizasse a produção de uma nova peça em substituição da perdida). Neste momento, se está estudando um meio viável de fazer os envios, um que garanta que os compradores recebam suas estátuas íntegras. Muito plástico-bolha, amarrações em arame e uma “caminha” de poliuretano coberta com cetim são as ações tomadas até agora.
E agora?
Agora é esperar. As estátuas estão prontas e belíssimas (algumas das fotos do post são da minha peça, já acomodada aqui na Suína Caverna). A Making Magic espera que ainda nesta quinzena os compradores comecem a receber os códigos de rastreio de suas peças.
E o futuro?
Como eu disse lá em cima, a parceria Making Magic e MSP inaugurou algo novo no Brasil, algo que definitivamente não seria possível sem os primeiros compradores que toparam a empreitada com o Astronauta. Estes, além da vantagem financeira que obtiveram (a estátua ainda pode ser reservada na Best Toy, agora por R$679,00 – ainda parte das 250 peças iniciais, com duas cabeças e chaveiro), ainda terão outros ganhos. Neste momento, há a certeza de brindes especiais no estande da Making Magic na CCXP deste ano, bastando que cada comprador apresente seu chaveiro oficial da B.R.A.S.A. (a agência espacial do Astronauta), que é exclusivo e numerado, para recebê-las. O Eddie também disse que estuda uma forma de fazer esse chaveiro se tornar uma espécie de “cartão-fidelidade” dos consumidores. Mas isso ainda não passa de um projeto.
No fim, espero que este Porco Investiga sirva pra apaziguar alguns ânimos e desligar o sinal de alerta.
Ah, e eu não podia deixar de dizer: a estáuta ficou foda demais da conta! Tô felizão com a minha aqui, ainda que ela tenha um problema gravíssimo: é grande demais! Com o cajado montado (ele vem desmontado), chega a 43cm, fazendo com que ela não caiba mais na caixa e, pra piorar a situação, tampouco em nenhuma das minhas prateleiras! Neste momento a peça está acomodada na mesinha da sala, e meu coração trupica toda vez que algum dos sobrinhos pisa aqui na Suína Caverna…