Todos nós que lemos quadrinhos temos inúmeros exemplos daquelas histórias medíocres, mas ruins mesmo. Do tipo que nem a Saga do Clone ultrapassaria. E em todas essas histórias sempre nos perguntamos: por quê? Por quê?
Resta saber: seria possível perdoar os roteiristas que escreveram tamanha joça? Neste post, provo que não. Para todos aqueles que desejam se tornar roteiristas ou ao menos reconhecer uma história ruim de longe, lhes escrevo Os Cinco Blogmandamentos para uma boa história em quadrinhos, post repaginado quando o MdM ainda era um blog.
“Mas Blogman, como você criou estes cinco blogmandamentos?”
Empiricamente, estimados leitores, empiricamente. Leiam abaixo, tentem adivinhar quem são os personagens nos exemplos e divirtam-se, mas lembrem-se: é possível uma boa história mal desenhada, mas é impossível uma boa história mal escrita.
1º Mandamento – Não confundirás o leitor: Sim, sim…Os leitores de histórias em quadrinhos têm muita imaginação e compreendem coisas que nem cientistas explicam (como a máscara do Senhor Milagre, por exemplo), mas para tudo há um limite. Evite complicar o quase incompreensível. Se você possui um personagem que é um clone geneticamente modificado de uma realidade alternativa, evite transformá-lo em um anjo, fundí-lo em um ser-humano ou pior, trazer um parceiro com o mesmo nome para ele. E eu não consigo repetir isso duas vezes. Acaba o fôlego…Serinho…
2º Mandamento – Não mentirás: Tudo bem, nobre (aham) roteirista, todos sabemos que você tem que fazer as vendas aumentarem e tudo mais, mas evite mentir. Não é bom para um relacionamento de longo prazo com seu leitor. Se você não pretende deixar aquele personagem paraplégico então não o aleije para depois ele voltar a andar milagrosamente. E, nunca, JAMAIS mate um personagem para ressuscitá-lo depois. Isso enche! Um dia ainda processam uma editora por propaganda enganosa ao afirmarem que matarão um personagem e depois descobrirmos que era um clone em seu lugar, em uma saga lançada em álbum de luxo e desenhada pelo Jim Lee ou sei lá quem…
3º Mandamento – Não chamarás o leitor de idiota: O leitor não é burro então pare de dizer que revelará toda a verdade sobre aquele personagem ou publicar sagas e mais sagas que desmentem TUDO que o leitor 
leu em revistas que já comprou (repitam comigo: propaganda enganosa, propaganda enganosa). Não somos maridos de mulher traída, detestamos saber por último que aquele personagem era um clone e seu clone era o verdadeiro ou que o Wolverine é um neanderthal ou lobisomem mutante (um dia ainda vão dizer que ele é o terceiro Summers ou quem sabe o filho esquecido de Apocalipse e Mística).
4º Mandamento – Não ofenderás o personagem favorito do próximo: Você foi escalado para escrever um personagem mais bucha que o Gambit? Tem que pensar em um arco para aquele herói mais medíocre que o Ricardito? A vida é dura, mas jamais tente tornar um personagem com mais tempo de vida do que você em algo que ele não é. Tornar um amargurado homem que faz justiça com as próprias mãos (e/ou armas) em um anjo vingador com armas oníricas não é exatamente o que podemos chamar de bom senso. E nem de uma boa idéia.
5º Mandamento –Tente, invente, faça uma história em quadrinhos diferente: Ao contrário da Bíblia, nenhum desses mandamentos é inflexível, a não ser que você não possa seguir este aqui. Afinal de contas, a criatividade manda qualquer mandamento às favas. Grant Morrison (deus) transformou uma telepata vilã em uma anti-heroína que pode se transformar em diamante, Brian Michael Bendis revelou a identidade secreta do Demolidor e por aí vai…Seja inovador sempre ou então vá escrever Spawn.
Blogman quer lançar sua história em quadrinhos
