O multipremiado quadrinista (e nosso chégas) André Diniz lançou no FIQ sua mais nova empreitada: o site de webcomics Muzinga.net!
Para quem não conhece ou não está ligando o nome à pessoa, o André é figura fácil (pra não chamar de puta velha, digo pioneiro) no ramo da HQ digital no Brasil. Seu primeiro site/editora, o Nona Arte, publicava HQ’s memoráveis como Os Subversivos, Chalaça, Saga de Lucas e tantas outras, com os mais diversos colaboradores (de cabeça, lembro que o Antônio Éder, d’O Gralha, e o Jean Okada, d’Os Exploradores do Desconhecido, davam as caras por lá), abrindo um caminho, na época, ainda bastante insipiente.
Depois o André migrou pro meio impresso (e ganhou prêmios também) chamando inclusive a atenção de mercados internacionais. São dessa época as históricas Ponha-se na rua (com o Éder), Fawcett (com o saudoso mestre Flávio Colin), Subversivos – Ato 5 (com nosso outro bróder José Aguiar) e outros. Destacam-se, nessa fase, os muito famosos e elogiados Morro da Favela e O Quilombo Orum-Ayê.
Muzinga por Maurício Alves
.
Pois bem, eis que para essa nova empreitada (em parceria com Marcela Mannheimer nas cores), André ressuscitou e reformulou um antigo personagem: o velho imortal Lucas, da veeeelha Saga de Lucas, cresceu e virou Muzinga, uma espécie de Indiana Jones filosófico à caça dos segredos da iluminação humana. Em HQ’s curtas (o site não usa o sistema tradicional de paginação, mas uma HQ tem mais ou menos quatro páginas), Diniz vai contando, semanalmente, pequenos capítulos das aventuras do homem de 200 anos (que ainda não se mostrou tão sacana quanto era em sua outra versão. Aguardemos).
Para acompanhar, também rolam duas outras séries: Jordana, sobre uma mulher e sua filha, recomeçando a vida após o marido ser preso por homicídio. As histórias de Jordana misturam realidade e sonho, quase num processo de relato terapêutico. Completando o pacote, Zaqueu traz as desventuras de um rapaz jovem, que curte desenhar e está meio perdido no momento de sua vida. Diniz ainda promete, para breve, HQ’s baseadas em relatos de pessoas reais, biográficas, quase como rolou em Morro da Favela. Tudo isso marcado pelo traçado anguloso, pouco convencional e fortemente amparado nos processos de gravura apresentado pelo André.
Como o próprio diz, a opção pelo meio digital é uma opção pela democratização, pela acessibilidade, pelo futuro – um discurso que hoje tem adeptos do nível de um Brian K. Vaughan, por exemplo, e sua também excelente The Private Eye (ok, vou parar de falar da série por aqui), e outros nem tão notórios, como o Change Blog Dragon.
À partir de primeiro de dezembro, o site também servirá de portal para a venda de HQ’s mais longas, como a inédia Duas Luas (Diniz/Pablo Mayer) publicada somente em Portugal e outras, como Sete Vidas e Morro da Favela, todas em versão e-book.
O Muzinga.net é atualizado todas as terças e sextas e, se meu pitaco vale alguma coisa, vale dar uma conferida!