Nós vimos: As Tartarugas Ninjdáááááá
Quem é vivo, sempre aparece. Ou falecido também, aparentemente. Tanto que veio um ex-MdM escrever sobre uma franquia que para alguns já estava morta e enterrada.
Pois é, no pior melhor estilo “estamos ficando velhos, Magneto”, as Tartarugas Ninja comemoraram 30 anos de existência em 2014 e, para comemorar esse feito, produziram o quinto longa-metragem da franquia. Claro que esse novo filme tá rebootando a porra toda para atingir o seu novo público infantil, graças ao desenho da Nickelodeon, e não para os marmanjos barbudos.
Então o melhor (e mais óbvio) conselho que posso dar para você, leitor, é: se você já tem contas para pagar, louça te esperando em casa e algumas responsabilidades em sua vida, As tartarugas Ninja não foi feito para você. A maior prova disso? Colocaram uma piada de peido no filme.
A história é a mesma de sempre: As Tartarugas Ninja agem na camuflagem, sem explanação, para acabar com o Clã do Pé (que é uma mistura de máfia, com bandidagem caótica, com terrorista). April O’Neil (que neste filme voltou a ser a repórter do Canal 6 que nem no desenho oitentista) descobre a existência delas. A partir daí muita aventura e confusão rolam solta com esta turminha do barulho que não cabe no gibi.
Antes de meter o pau no filme (“pode meter o pau aqui, viu?” surgiria se isso fosse um podcast editado pelo Diogo Braga), deixa eu declarar: o filme tem cenas engraças (a do elevador é a minha favorita), ótimas cenas de ação (confesso que foi o melhor combate Splinter vs. Destruidor que já vi) e me divertiu muito. Realmente curti na hora! Agora: isso não significa que seja um bom filme. Muito menos que seja razoável.
A comparação com Tartarugas Ninja – O Retorno, animação das Tartarugas lançado em 2007, foi inevitável para mim. Apesar das histórias serem bem distintas (no desenho, eles criam um novo vilão e ela se passa “pós-Destruidor”), ambas são obras descartáveis para cacete. E eu sei que Tartarugas Ninja nasceu para não ter nenhuma profundidade.
Como um filme do Transformers do Michael Bay, a película dirigida por Jonathan Liebesman tem um fio de roteiro para ligar com as cenas de ação. Cenas estas, algumas muito boas, outras longas demais ou até mesmo desnecessárias. Não existe relação, evolução ou importância nos personagens. Com 1h30 de duração, a impressão que dá é de um piloto de TV. Você vê um potencial enorme na sua frente, mas nada de fato acontece.
E não é só o visual delas que ficou devendo: faltou interação e personalidade. Leonardo, como sempre, é o líder sem personalidade e sem evolução. Donatello é o único que funcionou, fazendo sua função de “cientista” do grupo, mas não passou de um coadjuvante, infelizmente. E Raphael no início do filme era o Raphael que todos conhecemos, peitando a liderança do Leonardo e querendo agir sozinho. Até aí, ok, show! Mas sem qualquer causa, motivo, razão ou circunstância, em uma cena-chave do filme, ele manda “Vamos obedecer o Leo, porque ele é o nosso líder”. Ficou sem contexto, o personagem não amadureceu. Meteram essa frase porque é um clichê maneiro, aparentemente.
Michelangelo mereceu um paragrafo próprio. Que ele seria o alivio cômico, isso era muito óbvio. Mas em vez de ele ser o cara maneiro, que não perde a chance de contar uma piada, nem na hora do combate, no melhor estilo Homem-Aranha, o transformaram num virjão punheteiro. Sério! 80% das falas dele é apenas falando merda no ouvido da Megan Fox. Isso não parecia uma Tartaruga Ninja. Isso parecia o Algures e o Inominável – os Zé Bronhas do site – quando tinha uma pepeca no podcast. Só babando e sendo cabação.
O Destruidor também é um erro. O visual Transformers não me incomodou. O que incomoda é que ele é um vilão sem propósito. Sem motivação. Ele não tem lá um laço com as Tartarugas / Splinter que nem as obras anteriores. É o vilão porque é o vilão. Simples assim! William Fichtner de forma tranquila interpreta o segundo vilão do filme, o empresario Esqueci O Nome E Não Vou Pesquisar. Esse tinha motivação. Deu a entender é que decidiram em cima da hora em dividir o personagem em dois.
Megan Fox serve muito bem como a gostosa / mocinha do filme. Ela conta uma piadinha aqui, dá um gritinho acolá, mas sua real função no filme é balançar a chulapa de raba que ela tem… E é uma beleza, diga-se de passagem. Will Arnett faz a dupla de “humanos bonzinhos” com ela, se perfazendo como Vernon (lembra dele no desenho?). Boa interpretação. Caricata, mas o personagem é caricato. Confesso que dei umas risadas com ele em cena.
Nota: É bem fraco, mas ainda não é pior que a Tartaruga com teta, o filme que eles vão para o passado, o crossover com os Power Rangers ou o CD Natalino.