Dan Jurgens é um dos autores que ficaram bastante conhecidos por escrever o Superman na década de 90, numa época em que a DC parecia sentir o peso da idade dos seus personagens e fez como aquele seu tio faz quando quer ser descolado, ou seja, usa gírias que não conhece fora de lugar, tenta ser cool na frente de jovens, mas consegue ser apenas patético. No caso da DC, foi tentar deixar seu universo mais “extremo”, quebrando a coluna do Batman e substituindo-o por um novo Batman com uniforme cheio de lâminas, transformando o Lanterna Verde em vilão, matando o Superman e trazendo-o de volta com mullets (porque mullets são extremos) e assim por diante.
Mas não é sobre isso que eu vou falar (HU3), e sim sobre algo bem mais recente e que a gente sempre volta a falar por aqui, que é o elseworld do Superman, o filme Man of Steel. A polêmica da vez é a polêmica de sempre, ou seja, a morte do Zod. Muito se criticou, muito se elogiou, muito se justificou, mas agora é alguém dos quadrinhos que retoma a celeuma: Segundo Dan Jurgens, a forma como Zack Snyder lidou com a morte de Zod no filme foi MELHOR do que o que foi feito nos quadrinhos pelo John Byrne Bráine.
Durante a participação em um podcast, foi perguntado ao autor sobre sua entrada para as revistas do Superman e acabou comentando sobre como o filme mais recente do herói fez melhor, então. Vale lembrar que a comparação que Jurgens faz é, em particular, com relação ao arco de histórias escrito por John Byrne, que fez Superman executar deliberadamente 3 criminosos kriptonianos de um outra realidade que eram os únicos sobreviventes daquele universo (porque tinham simplesmente matado todo mundo). Segundo Jurgens:
Foi profundamente controverso e eu acho que se a internet tivesse existido naquela época, teria sido 3 vezes pior. Eu sempre pensei que, se o Superman fosse colocado nessa posição [de ser obrigado a matar], teria que ser numa situação de ameaça imediata. Não me incomodou muito o Superman matar os kriptonianos, mas sim ele sendo apenas um executor de sangue frio. Se você pensar naquela capa [da história em questão], é uma capa esverdeada e eu acho que era o Superman mesmo que estava usando um um capuz tipo aqueles de carrasco. Isso que foi pra mim o problema. Se você quiser colocar o Superman para matar kriptonianos, acho que tem que ser numa situação onde vidas inocentes estão em perigo imediato e a única maneira de impedí-los de tomar vidas inocentes seria matando-os. Nesse ponto, Superman, toma a mesma decisão, mas ele é muito mais Superman como parte disso. E o mais engraçado é que todo mundo se contorce nessa cena do filme – mas é o que o Superman fez. Quando ele mata Zod no filme, é porque há vidas humanas que estão imediatamente em perigo. O problema com os quadrinhos é, eu sempre pensei, ele ser juiz e executor lá. Foi como um policial ir até um indivíduo que largou sua arma, disse “eu me rendo” balançou a bandeira branca…E ainda teve sua cabeça detonada. É basicamente o que rolou.
Talvez você se pergunte porque, depois que ele assumiu o título, não desfez esse acontecimento em algum retcon, já que se incomodava tanto com, e Jurgens também explicou sobre isso:
Achei que seria injusto com os leitores. E francamente teria sido injusto com John [Byrne] e com o próprio personagem. É importante lembrar, naquela época, Superman experimentava o alto de sua popularidade, mais pessoas liam a revista, mais pessoas estavam a bordo, e mais pessoas gostavam da história. Não poderia retconizar. Não pareceria a coisa certa a fazer. Eu não teria escrito do jeito que foi, mas isso não significa que eu penso que foi algo que nunca deveria ter sido feito.
Bão, pelo visto esse ponto do filme será um debate eterno entre os nerds, e que provavelmente nunca encontrará consenso. Os argumentos do Jurgens fazem sentido por um lado, mas são descontextualizados por outro (ele confunde, por exemplo, decisões narrativas e decisões editoriais/marketing). Vale lembrar que originalmente a ideia era que Zod fosse aprisionado na Zona Fantasma ao final do filme, e Znyder decidiu que Superman, no fim das contas, tinha que matá-lo porque Zod era uma ameaça grande demais pra ficar vivo.
Mas eu já comentei sobre esse assunto sobre mais pontos de vista do que consigo me lembrar, então não é hoje que opinarei sobre isso. Independente de se você concorda ou não, o fato é que esse é o Superman que vale agora (nos cinemas, pelo menos). Agora é esperar para ver como as consequências das atitudes do personagem no primeiro filme irão se desenrolar em Batman v Superman e como elas contribuirão para a evolução do herói.