A Gente Vimos: Star Trek Discovery (com spoilers)
Teve tiro, teve porrada E TEVE BOMBA (é, meio que teve né). Mas e aí, será que foi bom pra você (ui)?
Star Trek, o primo feio (e chato) de Star Wars ta aí já tem mais de quarenta anos e ou você é muito novo e nem liga pra esse troço de velho ou você tem a idade que deveria ter e lamenta que apesar dos filmes novos não tem nada no entretenimento hoje que capte, com fidelidade, o que costumava ser Jornada nas Estrelas.
Não, não tô dizendo que os filmes do JJ Abrams (e do cara-do-Velozes-e-Furiosos) sejam ruins, longe disso – eles só não são Star Trek. Claro que se você for fã de Star Wars, por exemplo (ou não tiver cérebro, o que dá no mesmRATI-NHOO) não vai sentir diferença, mas quem teve oportunidade de assistir alguma das séries do Jornada sabe que as aventuras do Kirk Colírio da Capricho não são lá o que o velho Gene queria…
Star Trek: Discovery já começa com um pé na porta mostrando que vai fazer tudo o que as séries anteriores não conseguiam por falta de tecnologia e grana (e má-vontade também): agora temos naves! Planetas! Explosões! Trajes Espaciais! Tudo o que as novas audiências precisam ter para não ficarem entediadas. Então por exemplo, no primeiro episódio ao invés de fazer uma varredura de longa distância (o que é muito mais fácil de filmar e muito mais barato de fazer) pra investigar um troço no espaço, botam o tripulante num traje do Homem de Ferro plástico e mandam o fdp voando pra ver de perto! Urrul!
Não só isso! Além de tecnologia, nós também temos diversidade: a protagonista é mulher (e negra)(e… gay? Por causa do nome masculino? Enfim, fica a dúvida no ar), a capitã é mulher (e oriental)(mas com nome ocidental porque NÃO É PORQUE ELA É ORIENTAL QUE TEM QUE TER NOME ORIENTAL VOCÊ ESTÁ SENDO RACIST) e o outro-personagem-com-tempo-de-tela é alienígena (mas que não parece só um humano com uma prótese de borracha nas orelhas) – então temos personagens para todos os gostos.
Ou teremos né. Já que a trama gira toda em torno da Comandante Burnham e do encontro com os Klingon, e aí começam os problemas.
É bacana usar o piloto pra explorar o passado da personagem principal – uma humana criada por vulcanos que tem raiva dos klingons (diversidade! Diversidade! Diversidade!) – mas meio que limita o escopo da coisa. Veja bem, todas as séries até agora embora também tivessem pilotos de duas horas, sempre preferem ou apresentar toda a ambientação de uma vez (A Nova Geração, Enterprise), ou a situação específica (Deep-Space Nine) ou ainda um problema particular para aquela tripulação (Voyager) para levar o espectador junto com a nave rumo as aventuras, etc.
Em Discovery, somos convidados a acompanhar a jornada da Cmdte. Burnham e o resto fica meio que em segundo plano. Isso é meio frustrante porque o pouco que aparece dos outros personagens te faz vontade de saber mais! Porque o oficial de comunicações usa aquele aparelho na cabeça? Qual é a daquele tripulante com o capacete do Daft Punk?? Ninguém fala nada.
E até mesmo elementos da história da protagonista ficam suspensos no ar, como por exemplo porque mesmo ela sendo uma humana fêmea, tem nome masculino ou se o seu pai adotivo/tutor vulcano Sarek é o Sarek pai do Spock e amigão-de-mente do Picard ou se é só um cara com o mesmo nome. Claro que, eventualmente, tudo será explicado, mas a chance de isso tudo virar um ponto solto é muito alta, ainda mais se a série entrar pelo mesmo ralo que muitas produções do Netflix entraram ultimamente…
[Nota do Tango: o Ultra me corrigiu depois que a série NÃO é da Netflix, é da CBS, mas aí eu não ia poder colocar esse ÓTIMO GIF de Marco Polo AHUAHUAHU ]Outro problema, se é que dá pra colocar assim, são os Klingons. Numa primeira vista eles parecem totalmente diferentes (até no idioma. Eu não falo Klingon – ainda – mas depois de dezessete temporadas você acaba aprendendo uma coisa ou outra), mas como tudo se passa no passado, pode-se entender que as diferenças refletem um histórico mais rústico, mais tribal da espécie. Então, podemos dizer até que houve até certa melhoria (tudo está mais alienígena e bem menos atores com coisas coladas no rosto). O que falta explicar, porém, é como esses “Klingon Tubarão-Rei” aí vão virar os “Klingon Indianos” da série clássica pra depois virar de novo os “Klingon Cabeçudos” que a gente conhecia huahauhuahauh
Numa entrevista os produtores já mencionaram que Discovery vai seguir vários cânons – alguns diretos e outros adaptados – então enquanto que a linha do tempo geral é cânon direto, tanto os Klingons quanto a ética da Federação é cânon adaptado. Assim muita coisa será aproveitada do que já conhecemos de Jornada nas Estrelas enquanto que outras coisas serão retconizadas mesmo. Mas como a gente que veio dos quadrinhos já tá acostumado, é mais fácil de entender, mas mesmo assim requer cuidado pra não ficar algo jogado que nem certos exemplos ruins que temos de retcon por aí…
No final o saldo é bem positivo e me deixa querendo assistir mais para saber como as coisas vão acontecer e que outros elementos que já são presentes no cânon de Star Trek vão aparecer (ou não) bem como se as atuações vão se sustentar no decorrer da série (porque pelo pouquinho que teve até agora, não fedeu nem cheirou). Até porque também fica um suspense pelo que vai acontecer agora já que a capitã morreu, a personagem principal perdeu a patente e a nave lá ixprudiu na batalha das duas estrelas.
Ou seja, eu que comecei a outra resenha elogiando terem começado num piloto-episódio-duplo, que nem faziam nas séries anteriores, tô terminando essa aqui puto da minha cara porque se ainda não apareceram nem o capitão de verdade e nem a porra da nave (a Discovery, do título), na verdade a gente vai ter um piloto de cinco, sete partes, sei lá HAUAHUAHAUAHAUH
Mas folodasse, vou assistir. Quem passou pela primeira temporada de Deep Space Nine e não desistiu consegue ver QUALQUER COISA!
Star Trek: Discovery
Netflix
Nota: A MESMA DA OUTRA RESENHA, PORRA