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Alan Moore dá uma de MDM e xinga os leitores!

Toda vez que eu leio uma notícia que começa com “Alan Moore fala sobre…” eu já sei que vou dar muita risada. Às vezes eu acho que o Moore é um Frank Miller às avessas, que ao invés de ter ficado gagá, finge que ficou gagá para falar merda e ver a reação das pessoas.

Dessa vez ele falou sobre o que pensa dos super-heróis atualmente, e de quebra acabou falando mal pra caralho dos leitores de super-herói (mais ou menos como a gente faz aqui com vocês, com a diferença que a gente não tem fama suficiente para repercutir as merdas que falamos, eheuehueheuheuh)

Enfim, curte só o que ele falou para “O The Guardian”:

Eu não leio nenhuma hq de super-heróis desde que terminei Watchmen. Odeio super-heróis. Os considero abominações. Eles não significam o que costumavam significar. Eles estavam originalmente nas mãos de escritores que ativamente expandiam a imaginação da sua audiência de 9 a 13 anos. Era totalmente aquilo para o qual eles foram feitos e faziam isso de forma excelente. Nos dias de hoje, as hqs de super-herói pensam que a audiência é certamente maior que de 9 a 13 anos, não tem nada a ver com eles. É uma audiência amplamente nos seus 30, 40, 50 anos, geralmente homens. Alguém veio com o termo Graphic Novel. Esses loitores se agarraram a isso; eles estava simplesmente interessados numa forma de validar seu constante amor por Lanterna Verde ou Homem-Aranha sem parecer de certa forma emocionalmente subnormais. Isso é um salto significativo da audiência viciado em super-heróis, viciada em mainstream. Eu acho que super-heróis não trazem nada de bom. Acho que é um sinal bem alarmante termos audiências de adultos indo ver o filme dos Vingadores e se deleitando em conceitos e personagens feitos para entreter garotos de 12 anos dos anos 50.

Bem, falando sério agora: Por um lado, eu concordo com o Moore: super-herói são, sim, um conceito infantil. O que realmente eu não consigo entender no argumento dele é por que isso seria depreciativo. Qual o problema de se empolgar com coisas que crianças se empolgam? Por que estas coisas deveriam ficar só no reino das crianças e não ultrapassar o “reino dos adultos”?

Depois de adulto, meu “lado nerd” sempre me pareceu uma vantagem. Hoje, por exemplo, me sinto muito mais sintonizado com os jovens do que com pessoas da minha idade ou mais velhas. Eu também me sinto mais jovem, talvez por que eu ainda esteja fazendo as mesmas coisas que eu fazia quando tinha metade da idade que tenho agora, ao invés de estar fazendo “coisas de adulto”, como…pagar hipoteca e pensão para a ex-mulher.

E, – preparem para o momento arquivo confidencial – me sinto mais feliz hoje em dia do que jamais fui quando criança (onde sequer entendia esse conceito) ou adolescente (quando você está tão ocupado em não ser uma aberração aos olhos dos outros que ser feliz é a menor das preocupações). E digo com segurança que é por que ainda consigo me sentir bem ao ver/ler histórias que são destinadas para garotos de 12 anos.

É verdade que a indústria dos quadrinhos faz o leitor de palhaço – e o leitor sabe disso e continua dando dinheiro para eles. Mas Moore parece estar confundindo o super-herói branding com o super-herói conceito. E, para quem se inspira nas mitologias antigas (também infantis em sua essência) para suas histórias, Moore parece apenas soar hipócrita quando desdenha leitores adultos que continuam lendo super-heróis só por que super-herói são “para crianças”.

Moore provavelmente está certo: fãs de quadrinhos são emocionalmente subnormais de uma certa maneira (os redatores e leitores do MDM que o digam). Mas, se o “emocionalmente normal” do Moore é ver as coisas cinzas e cheias de cinismo e amargura, na boa, prefiro continuar com minha mentalidade de garoto de 12 anos dos anos 50. E feliz.

Algures

Meu nome é Algures e tenho 41 anos (teria se tivesse vivo). Morri aos 13 anos tentando ouvir o Podcast MDM proibidão. Envie esse post para 20 pessoas para que eu possa descansar em paz. Caso não repasse essa mensagem, vou visitar-lhe hoje à noite e você vai se arrepender. Dia 15 de julho, Rafael riu dessa mensagem e 27 anos depois morreu em um acidente de carro. Não quebre esta corrente a não ser que queira sentir minha presença (atrás de você)

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