Agente lemos: Huck, de Mark Millar
Mark Millar sempre foi fã do Super-Homem.
Ele nunca escondeu isso.
Ele chegou a gastar uma fortuna para comprar o uniforme usado por Christopher Reeve em Superman 2 e sempre fez questão de avisar à DC que ele estaria disponível para escrever qualquer coisa do Azulão (apesar do mesmo ter contrato de exclusividade com a Marvel).
Millar escreveu o Superman: Entre a Foice e o Martelo e também uma excelente fase do Escoteirão no gibi baseado na animação do personagem, em Superman Adventures (fase essa que lhe rendeu um Eisner).
Mas aí a DC nunca mais chamou o cara, Millar estava em contrato de exclusividade com a Marvel e chegou o dia que ele cansou.
Cansou de escrever gibizinhos para outras editoras e decidiu lançar o selo Millarworld, onde ele mesmo criava seus próprios personagens e contava suas próprias histórias. Foi daí que saiu os sucessos Kickass, Kingsman e O Procurado, que viraram filmes logo depois.
Mas isso significou o fim do desejo do Millar de escrever histórias do Super-Homem?
Não.
Primeiro, ele escreveu o Superior, uma verdadeira carta de amor ao Super-Homem e Capitão Marvel:
E agora Mark Millar se junta ao Rafael Albuquerque (que está desenhando PRA CARALHO) para nos trazer Huck, que é mais uma homenagem ao Super-Homem e ao espírito genuinamente altruísta e inocente dos super-heróis que há muito não se vê mais nas HQs.
Na história conhecemos Huck – um frentista de posto de uma cidadezinha pequena que se dedica a fazer boas ações todos os dias… Simplesmente porque ele tem os poderes pra isso e é a coisa certa a se fazer. Seja achar um cachorro perdido, encontrar um colar no fundo de um rio ou cortar a grama de todos os idosos da cidade.
Huck é uma espécie de “o que aconteceria se o Forrest Gump ganhasse super-poderes”: ele é um cara de poucas palavras, muito inocente e até meio infantil, mas que é dotado de uma compaixão incrível pelo próximo… E os habitantes dessa cidadezinha fazem questão de manter seus poderes e suas boas ações em segredo, já que a bondade e pureza de Huck seria facilmente aproveitada por alguém da “cidade grande”… E eis que chega na cidade uma repórter que acaba descobrindo os poderes de Huck e divulga seus atos para a imprensa mundial.
E aí, o que vemos, é uma jornada bem bacana de como Huck consegue manter sua pureza e bondade no meio do mundo mesquinho e moderno, enquanto descobre toda a trama por trás dos seus poderes – que envolvem força, super-saltos e uma incrível e assombrosa habilidade de rastreamento.
Li Huck em uma tacada só, em um encadernado.
Toda a bondade, altruísmo e empatia que há muito foi esquecida no Super-Homem (e que teve o completo oposto explorado com o Super-Homem do Zack Snyder – AFFE!) estão aqui. E é muito bom ver que ainda consguimos ver histórias legais com personagens assim.
Vale a leitura, principalmente pra galera das antigas que sente saudade desse Super-Homem, da época que ele não quebrava pescoços nem destruía cidades inteiras.
Nota 8,5