O mundo, meus amigos.
O mundo.
Ele dá voltas.
Depois de meses e meses insistindo que seus filmes eram obras-primas adultas e sérias e que super-heróis são coisas sérias sem espaço para humor, a DC parece ter voltado atrás. Esquadrão Suicida foi aparentemente alterado para ficar mais colorido (e no final saiu a mesma merda), Liga da Justiça tem, pasmem, cores em seu pôster, por aí. Isso já está claro faz tempo, mas não me lembro de um figurão da Warner admitir isso.
Até agora.
Segundo a Variety, em declaração aos investidores o CEO da Warner, Jeff Bewkes, disse o seguinte:
Me fudi.
Digo, pera, o que ele realmente disse foi:
Os personagens da DC… eles têm um pouco mais de leveza do que o que estamos vendo no cinema, então estamos pensando em mudar isso.
Então, há muito tempo eu não falo de DC, já que tomei uma carcada fiquei com pena, mas essa declaração do CEO da Warner me fez confirmar uns medos que eu tinha.
Galera.
Eles não fazem ideia do que fazer com os personagens.
A palavra que eles deveriam afirmar é fidelidade. Não necessariamente queremos que os filmes da DC sejam uma cópia em papel-carbono dos da Marvel, nós queremos é ver finalmente o Super-homem no cinema, e não o assassino sem carisma que devemos engolir porque ele usa um S no peito.
E não necessariamente o Superman precisa estar num filme de comédia-ação para defender o que ele representa. Proteger os oprimidos e fazer o certo não são conceitos infantis, e eles podem ser explorados em filmes sérios e sombrios. De fato, o papel do personagem em um mundo sombrio deveria servir para fazer sua luz brilhar mais forte, e não afundar mais. O Superman não é um cara que aceita fazer o dúbio para proteger as pessoas, ele é o cara que dá um jeito de salvar todo mundo, e nenhuma “leveza” vai mudar o que está errado com a interpretação do Snyder.
E o Superman é apenas a ponta do iceberg que é o tratamento dado aos filmes da DC, e essa puxada de alavanca que estão dando nos filmes não é a melhor solução. Além de fazer as obras se parecerem mais e mais com todo o restante do mercado, eles tem que mudar um universo que já foi construído, querendo ou não. Esquadrão Suicida foi a prova cabal disso, uma mistura bizarra que não conseguiu achar um tom em quase duas horas.
O ponto que a DC não parece conseguir entender, pelo menos pelas entrevistas dos figurões, é que a comparação com a Marvel não é necessariamente sobre o filme ser divertido ou não, embora tenham idiotas que afirmem isso. É porque os filmes da Marvel, mesmo limitados, conseguem te passar o que os personagens representam. E eles não tem a importância de um Superman. Só que são carismáticos. E carisma não significa graça, e sim empatia com o personagem, e esse é um sentimento que passa a quilômetros dos filmes da DC.
E a cada vez que um executivo vem falar que faltava “leveza” ou “diversão” em BvS, MoS ou Esquadrão Suicida, isso só me passa que eles ainda não entendem o que está dando errado. Não tenho dúvidas que Geoff Johns saiba o que os personagens passam, mas quando os verdadeiros manda-chuvas dão declarações que sugerem uma simples aproximação de tom com os filmes da Marvel ao invés de corrigir a essência dos seus personagens.
Ou estou errado e esse post fica na piscina de reclamações minhas contra a DC, mas se ele tiver que ir por esse caminho, precisa do crachá: