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2º fim de semana de BvS foi bom ou ruim – depende de quem informa (análise)

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Batman v Superman: A Origem da Justiça ficou, sem muita surpresa, em primeiro lugar nas paradas de sucesso bilheterias dos EUA em seu segundo fim de semana. Mas como tudo que envolve um filme da Warner dirigido pelo Zack Snyder, isso foi o que menos interessou os “PSDB” e os “PT” do universo nerdístico.

De um lado, os pró-Zack Snyder celebraram a cifra de mais de 50 milhões arrecadados localmente neste fim de semana, que somam 261 milhões de arrecadação doméstica total até agora e, junto com um adicional de mais 85 milhões internacionalmente, ultrapassou a arrecadação final de Homem de Aço, com 681 milhões. Além disso, o filme já ultrapassou também os dois primeiros Homem de Ferro, Thor: O Mundo Sombrio e Batman Begins. E isso se soma a diversos outros recordes que o filme tem acumulado desde a pré-venda.

Os anti-Zack Snyder, por outro lado, lembram que o filme teve queda de 68% entre o primeiro e o segundo fim de semana, o que faz disso a maior queda entre filmes de super-herói. Quedas acentuadas são esperadas quando filmes abrem com bilheteria desproporcionalmente alta, mas uma queda de mais de 50% não é algo que os estúdios veem sem se mexer da cadeira. No entanto, os entusiastas do filme correm para dizer que isso não é incomum em grandes franquias, nem em filmes do estúdio: O último Harry Potter teve a maior abertura da história de um filme da Warner e caiu 72% na sua segunda semana, assim como os filmes da saga Crepúsculo Lua Nova e Amanhecer.

Mas, os haters de BvS logo apontam que Harry Potter e As relíquias da Morte – Parte 2 teve competição forte com a estreia de Capitão América no segundo fim de semana, enquanto que BvS não teve competição direta nenhuma a não ser o que eles chamam de “contra-programação”, que são os filmes muito diferentes dos blockbusters que não “contam” como competição direta, mas podem se beneficiar do “respingo” de bilheteria desses grandes filmes em casos de sessões lotadas ou dos filmes em questão não serem do gosto daquela audiência em particular. “Irmãs”, filme de Tina Fey e Amy Poehler, estreou no mesmo fim de semana de Star Wars: O Despertar da Força (nos EUA) como contra-programação e se beneficiou muito, tendo uma bilheteria maior que a esperada, e sem quedas significativas por três fins de semana seguidos.

Agora, voltando a Batman v Superman: enquanto os fãs e muitos profissionais encarnam o pior da política atual (brasileira E americana*) em suas perspectivas em relação ao filme, “perdendo tempo com bobagens”, fica claro que o cenário é menos polarizado do que parece (como tudo nesse mundão do deus de vocês). As críticas ao filme continuam de mistas a negativas, mas o site Fandango (que, além de vender ingressos coleta dados sobre as vendas) reportou que a maior parte das vendas da segunda semana nos EUA foram espectadores “repetidos”, ou seja, gente que já assistiu o filme pelo menos uma vez.

Normalmente, conta-se com espectadores que assistem ao filme múltiplas vezes para manter o momentum da bilheteria nas semanas seguintes, partindo-se do princípio que isso seja um indicativo da qualidade (ou do interesse) da película e que novos espectadores virão organicamente. Aparentemente, o filme falhou em trazer novos espectadores (pelo menos numa quantidade que não justificasse uma queda tão brusca), e isso deve vir na conta das críticas negativas ao filme. Mas é importante levar em consideração que uma parcela significativa da bilheteria do segundo fim de semana foi de gente que está assistindo ao filme no mínimo pela segunda vez; isso indica que muitos que assistiram BvS acreditam que ele seja bom o bastante pelo menos para mais de uma conferida.

A própria Warner, no entanto, não parece preocupada, ao menos não oficialmente. Ao Hollywood Reporter, Jeff Goldstein, chefe de distribuição doméstica do estúdio disse que não estão preocupados com essa queda. “Não importa como você fatia [para pegar uma estatística], conseguir 52 milhões em qualquer fim de semana é uma realização enorme. Estamos mais focados em onde estamos no total. E nosso número global é enorme.”

No fim das contas, é difícil saber se este cenário vai influenciar alguma potencial decisão da Warner de mudar seus planos para o universo DC nos cinemas – ou para pelo menos tentar remendar – que é o que realmente está em jogo (criativa e financeiramente). Já se boatou semana passada que Esquadrão Suicida está passando por reshoots, talvez para adicionar mais humor ao filme. É claro que isso é apenas boato e hoje em dia reshoots são o padrão em blockbusters, especialmente os de super-herói (a Marvel Studios hoje tem uma parcela do orçamento reservada só para reshoots, mesmo sem saber se vão usar ou não). Há casos em que isso não faz muita diferença (como em geral nos filmes da Marvel), que às vezes faz uma diferença enorme (como em Guerra Mundial Z, que teve uma produção bagunçada nível Quarteto Fantástico e que, com refilmagens, demissões e mudanças de roteiro, ainda conseguiu um resultado satisfatório) e às vezes condena um filme (como o próprio Quarteto Fantástico já supracitado). Só o futuro dirá em qual dessas categorias Esquadrão Suicida se encaixa.

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Mas as filmagens de Liga da Justiça – Parte Um (não é o título oficial ainda, a propósito) se iniciam em 11 de abril, ou seja, em poucos dias, com o mesmo roteirista e o mesmo diretor de Batman v Superman, e a Warner não pode simplesmente ignorar o que está acontecendo com a justificativa de que “são os fãs que importam, não os críticos” (quando a gente sabe que o que importa mesmo é o dinheiro e as críticas negativas puxam, sim, a arrecadação para baixo). Quando até Kevin Smith, que virou basicamente o garoto-propaganda dos filmes da DC há pouco tempo ao apresentar um especial sobre BvS e os filmes de super-heróis do estúdio, se decepciona com o filme (embora não tenha pegado tão pesado quanto boa parte dos críticos), é hora de baixar a cabeça, ser um pouco mais humilde e fazer uma reflexão honesta sobre o que querem para essa plurifranquia.

As notícias já dão conta de que os outros filmes da DC não serão tão sombrios ou depressivos quanto BvS, o que pode ser uma boa notícia. Mas a pergunta que não quer calar é: Anunciar que o filme da Liga vai ser menos sombrio é algo planejado ou controle de danos? Responder a essa pergunta é importantíssimo, porque se for o primeiro caso, então as filmagens seguirão como o planejado e denotam pelo que a Warner segue confiante em sua visão a longo prazo.

Mas, se for o segundo caso, não há tempo de refazer tudo, apenas de realizar reshoots e remendos no roteiro. E atitudes como essa sempre são um coringa (trocadilho não intencional), que podem tanto transformar o filme num “Homem Formiga” quanto num “Quarteto Fantástico”.

 

 

*Isso faz do Zack Snyder a Dilma ou o Bolsonaro do universo nerd? Por que, dos EUA, com certeza ele é o Trump.

Algures

Meu nome é Algures e tenho 41 anos (teria se tivesse vivo). Morri aos 13 anos tentando ouvir o Podcast MDM proibidão. Envie esse post para 20 pessoas para que eu possa descansar em paz. Caso não repasse essa mensagem, vou visitar-lhe hoje à noite e você vai se arrepender. Dia 15 de julho, Rafael riu dessa mensagem e 27 anos depois morreu em um acidente de carro. Não quebre esta corrente a não ser que queira sentir minha presença (atrás de você)

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