A premiada obra Tungstênio, de Marcelo Quintanilha, vai virar filme pelas mãos de Heitor Dhália, do fodaço O Cheiro do Ralo – é o que afirma Ubiratan Brasil, em matéria lançada n’O Estadão ontem.
Pronto. Esse é o post, pode ir namorar nos comentários. Agora me deixa bater a meta semanal de 178 pagedowns.
Eu tô devendo há séculos um reviewzão sobre a obra do Quintanilha, desde os seus primeiros trabalhos de maior circulação (como Sábado de Meus Amores e Almas Públicas) até aqueles lançados pós-Angoulême, como Hinário Nacional.
Enquanto isso não vem é preciso dizer que a obra dele é, na pior das avaliações, acima da média geral. É notável como ela vem crescendo em qualidade (o ápice pra mim é Talco de Vidro, ainda que Hinário represente uma queda em seguida) e que Tungstênio é um grande trabalho.
Mesmo sendo premiado, reconhecido e tal, é interessante o desinteresse da “mídia civil” sobre quadrinhos. Fora uma notinha aqui e outra ali, a vitória em Angoulême pouco repercutiu por essas bandas e, quando o fez, Tungstênio foi sempre referenciado (como nessa nota do Estadão) como “um romance policial que podia ter sido escrito pelo americano James Ellroy”. Não, não podia. Não, Tungstênio não tem nada de Ellroy. Não, apesar de ter um policial na trama, Tungstênio não tem nada de romance policial (exceto pelo personagem policial, não há nenhum dos elementos do gênero que, por exemplo, P.D. James resumiu). Apesar de estar na capa, o policial (como policial) ou o crime sequer ocupam o centro da trama. Quintanilha usa um sujeito que (por acaso) é policial (podia ser soldado do exército que dava na mesma, por exemplo) pra contar uma história sobre relacionamentos.
Mas, né? É gibi, né? Tem um policial, né?
Logo, é um romance policial em quadrinhos!
Espero que o filme de Dhália (cujo primeiro esboço de roteiro contou com o próprio Quintanilha) fuja dessa armadilha barata.