Saiu ontem lá na gringa a Amazing Spider-Man #1.2 (num arco fechado, daí a numeração escrota) onde o amigão da vizinhança não perdeu a oportunidade e fez o que todo bom americano anda fazendo depois da remoção dos embargos comerciais do antigo “quintal dos EUA” pelo governo americano e FOI PRA CUBA ENTÃO!
A viagem acontece num novo momento na vida do personagem, que agora deixou de ser um estudante profissional fodido e passou a ser um industrial burguês capitalista detentor dos meios de produção com jato particular e tudo! O motivo? Não me importa, mas é interessante, sobretudo por conta de alguns diálogos que saíram num preview lá no Cu Sangrando.
“Você quer falar sobre fé e religião na minha ilha? Toda vez que um papa nos visita para promover a paz e o amor o governo prende dezenas de manifestantes pacíficos que só queriam expressar suas opiniões sem precisar ter medo”
“Só nesse ano, Raúl [Castro, presidente de Cuba, seu ignorante – N. d. T.] bateu e mandou prender as senhoras de branco, enquanto marchavam silenciosamente em protesto, apesar do apoio que elas tinham da Anistia Internacional. Nada mudou em Cuba e nada iá mudar até que as pessoas percebam que nós não somos um balneário de férias, mas uma ditadura repressiva.”.
Parker – A maioria dos cubanos que encontrei não tem muito com o que viver… mas são de bom coração e espírito generoso. Quando um cara me ouviu tentar pegar um taxi (…) ele me ofereceu uma carona e recusou o meu dinheiro.
Cara-da-carona-de-bom-coração-e-espírito-generoso – Os hospitais em Havana são melhores. E o daqui não tem o medicamento que a Nana precisa. Os médicos deixam minha mãe pegar qualquer medicamento que eles tenham sobrando.
Parker – E qual o medicamento que ela precisa?
CdCdBCeEG – Insulina
Parker – Eu pensei que o serviço de saúde em Cuba era muito bom.
CdCdBCeEG – Só se você tiver dinheiro, contatos ou um passaporte estrangeiro
Aposto que se tivessem mais páginas de preview, veríamos o aranha encontrando um atleta cubano insatisfeito e um fabricante de charutos tomando prejuízo!
Piadas à parte, a história é interessante seja lá qual for o seu alinhamento ideológico pois basta lembrar que, não faz muito tempo, houve um bate-boca por aí sobre esse conteúdo mais politizado dentro das HQs, mais especificamente no caso do “Capitão Comunista”, lá no ano passado.
Assim uma nova história com esse tipo de inserção só mostra como, apesar de ser uma mídia principalmente voltada para o público infanto-juvenil (pelo menos nessa fatia específica), o quadrinho contemporâneo continua encontrando aberturas pra discutir esse tipo de conteúdo independente do lado da discussão que se escolha como já fez muitas vezes no passado.
E em tempos de Guerra Civil no cinema e nos quadrinhos, nada mais oportuno. E você, leitor, o que acha de tudo isso?