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O último que sair apaga a luz

Caralho, a coisa tá russa lá na DC. Depois de uma caralhada de artistas geniais deixarem a editora (tirando aí o Rob Liefeld), uma dupla muito foda jogou a toalha: J.H. Williams III e Haden Blackman, os responsáveis pela elogiada Batwoman. A edição #26 será a última.

A decisão foi com base nas “mudanças editorias que aconteciam em cima da hora, mesmo depois de um ano de planejamento e roteiro”, além de impedirem que Kate Kane e sua namorada Maggie Sawyer se casassem. Lembrando que Greg Rucka, George Perez e uma caralhada de nomes fortes saíram pelo mesmo motivo.

Blackman e Williams fizeram uma carta aos fãs explicando tudo, dando exemplos de várias mudanças. Por exemplo, eles tinham uma origem programada pro Croc, e foram forçados a mudar o final do atual arco – e tudo reportado no último minuto.

Veja aí alguns trechos do que eles escreveram:

Nós sempre entendemos que, por mais que amemos a Batoman, ela pertence à DC. Porém, com essas mudanças feitas de cima para baixo de última hora nos deixavam frustrados e putos, porque essas mudanças nos impedem de contar a melhor história que podemos. Então, depois de muito conversar, decidimos abandonar o barco depois da edição #26.

Sem querer jogar lenha na fogueira, nós lutamos muito para que as personagens ficassem noivas, mas nos disseram que, de forma nenhuma, elas poderiam casar.

Caras, isso realmente é uma pena. Não li a Batwoman, mas o Nerd Reverso sempre me disse que era uma das melhores coisas que a DC publicava – tanto que ganhava uma porrada de prêmios.

Mas vamos lá.

Hoje claramente, dentro da DC, há regras mais duras.
Os super-heróis ainda dão dinheiro.
Os executivos lembraram que os super-heróis ainda podem ser um negócio bilionário.
E, com isso, a DC se profissionalizou.

http://www.youtube.com/watch?v=8kZg_ALxEz0

Profissionalizou como algo do tipo “tudo agora precisa ser aprovado para que cada decisão gere o maior lucro possível”. A Warner cada vez mais incorpora a DC e a mesma mentalidade que um grande estúdio aplica a seus diretores, de mudanças para agradar o público, vai se entrenhar cada vez mais nas HQs.

Agora, cada profissional vai pensar em agir da melhor maneira possível. E aí há duas opções a se tomar:

1) Você encara trabalho como algo maior na sua vida. O seu trabalho ocupa uma parte muito importante na sua vida, onde você se envolve, se apaixona e vai dormir pensando nele muitos dias da semana. Você vai atrás do seu sonho. Você quer trabalhar com isso e é por isso que você é tão apaixonado assim pelo seu trabalho. Você corre atrás para trabalhar com algo que você sempre sonhou – deixou de lado a faculdade de direito e/ou o cursinho para um cargo público para trabalhar com o que ama.

2) Você encara o trabalho como algo menor na sua vida. Você está ali para fazer o que tem que ser feito e sair para fazer o que realmente você encara como motivação: a família, amigos, um chopinho depois do trabalho, etc. Trabalho é só trabalho. Se o seu chefe pedir para você mudar o relatório ou um desenho / roteiro, você vai mudar porque foi contratado para isso. Como falei, trabalho é trabalho e foda-se. Você não vai morrer por causa disso, pois sua atenção principal está em outras coisas.

O problema é que a Warner esquece que os quadrinistas geralmente se encaixam no primeiro ponto. Se você escolhe ser desenhista, roteirista ou trabalhar com qualquer tipo de arte, você está ali porque ama aquilo. Você aguenta muita coisa (prazos, salário, etc) para estar ali fazendo o que você acha que é o certo e o que vai lhe render satisfação pessoal.

Se alguém começa a tesourar, a pedir pra mudar algo que você criou, óbvio que você vai ficar puto da vida. E vai sair. E quanto melhor a pessoa, mais puta ela vai ficar. Estamos falando de George Pérez, do Greg Rucka e de outros artistas que já picaram a mula – e foram tantos que eu nem me lembro o nome deles.

Enquanto há pessoas que pensam que é só negócio…

…Para outros, é amor!

Cada um tem a sua motivação.

Cada um alcança sua motivação e satisfação à sua maneira. George Pérez, Greg Rucka, J.H. Williams III e Haden Blackman foram atrás do que os motiva. Jim Lee, Geoff Johns e Joe Quesada vão atrás de outra motivação.

Não há certo ou errado na história. Não há “comunistinhas de faculdade” ou “vendidos” aqui. A motivação de cada um é legítima por si só. A única coisa errada aqui é a empresa (DC / Warner) não saber trabalhar com a motivação de cada um deles e não saber satisfazê-las.

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