Quem acompanha o MdM há algum tempo já sabe da minha paixão pela franquia Fallout e também sabe de como vou defender New Vegas com unhas e dentes. É o meu jogo preferido da série e um dos melhores games que já joguei na vida.
Eu e o Tango Commando uma vez fizemos um podcast inteiro só falando de todos os jogos, mas vou escrever aqui um rápido post falando de suas 10,5 melhores qualidades. Vamos lá!
10) Companions
Quando Fallout 4 saiu, a Bethesda anunciava o grande foco do game nos companions: o jogador tinha várias opções pra escolher e ainda poderia desenvolver um romance com eles. O que acontece é que – salvo pouquíssimas excessões – todos eles tinham uma personalidade bem vazia e tdos tinham um background trágico e tedioso (que basicamente é a característica da main quest de Fallout 4). Além disso, o tal anunciado romance era tão básico que mal dava pra se apegar aos personagens.
Porém, em Fallout New Vegas, temos os companions mais loucos e diversos da franquia.
Quer um cachorro robô cujo dono era um imitador do Elvis Presley? Tem.
Quer um zumbi mexicano dublado pelo Danny Trejo? Tem.
Quer uma super-mutante que foi uma avózinha de 75 anos e acha que você é o neto dela? TAMBÉM TEM, HAHAHAHAHAHAH!
Fallout New Vegas é uma grande celebração de toda a loucura e insanidade do primeiro e segundo games. E os NPCs estão aí pra provar isso! Divertidos, cativantes e completamente malucos!
9) Um elenco maravilhoso!
Após o lançamento de Fallout 3, o ator Matthew Perry – o Chandler de Friends – foi no programa da Ellen DeGeneres para falar sobre a sitcom. Porém, ele rapidamente levou o papo pra Fallout 3, em como ele estava viciado no jogo e que ele jogava o tempo todo dentro do camarim. Ele até levou uma cópia do jogo pra Ellen.
O pessoal da Obsidian viu toda a paixão do ator pela franquia e o chamou para dublar Benny, um dos principais antagonistas do jogo. Além dele, temos Danny Trejo, Zach Levi, Felicia Day, Wayne Newton e a volta de Ron Perlman como o narrador.
Maravilhoso!
8) Facções
As facções são algo que estão na franquia de Fallout desde o primeiro jogo. Depois que as bombas caíram o pouco da humanidade que sobreviveu começou a se dividir em grupos: os raiders, a Brotherhood of Steel, os Seguidores do Apocalypse, os Khans, a República da Nova Califórnia, etc. Cada uma com todo um background maneiríssimo que pode gerar alianças e inimigos.
Muitas dessas facções são inimigas mortais das outras.
Em Fallout New Vegas tem a opção de você vestir o uniforme de uma das facções e passar despercebido por elas… Ou ser atacado por uma outra facção inimiga…
Toda essa mecânica de você poder se passar por um membro dessa facção (e aguentar as consequências disso depois) era muito bacana. Uma pena que sumiu em Fallout 4 e Fallout 76.
7) Modo Hardcore
Além de uma nova história, novas armas e jogabilidade melhorada, Fallout New Vegas trazia também o modo Hardcore!
O mundo pós-apocalíptico de Fallout é um mundo super agressivo. É um mundo pós-guerra nuclear. Portanto, é justo que tenhamos uma jogabilidade agressiva também.
Nesse modo os stimpaks e rad-aways funcionam lentamente.
Se você quebrou algum braço ou perna, você precisa agora visitar um médico para curar isso.
As munições agora têm peso.
Fome e sede são uma constante preocupação.
E, é claro, o dano dos inimigos é bem mais alto.
Ou seja, agora tudo tem que ser planejado com antecedência. Sua mochila agora vai ficar mais pesada, pois você vai precisar levar também comida e bebida. Como a munição passa a ter peso, suas armas são poucas, então você tem que escolher só algumas. Se você quebrar a perna no meio do deserto, fudeu. Vai ser muito difícil fugir dos inimigos até chegar em alguma cidade.
Cada passo precisa ser bem planejado.
6) Um mapa diverso e interessante
Fllout 3 pode ter as falhas que tem, mas é um jogo revolucionário. Principalmente pela ambientação e pelo mapa que trazia a imersão de se andar por uma cidade que foi devastada por bombas em uma guerra.
Porém, era tudo meio igual e sem variedade. Em Fallout New Vegas, cada lugar é muito diferente do outro.
É muito legal caminhar a esmo e sempre encontrar um lugar divertido – isso é essencial em um RPG de mundo aberto.
5) As melhores sidequests da franquia
Fallout 1 e 2 são jogos divertidíssimos. Jogos que se apóiam em um humor muito peculiar e em uma crítica feroz ao capitalismo.
Por mais que Fallout 3 e 4 sejam excelentes jogos, a Bethesda não soube muito bem captar a essência dos primeiros dois jogos.
Mas como o New Vegas foi desenvolvido pela galera da Obsidian – que tinha em seu time uma parte da galera que fez Fallout 1 e 2, vemos aqui toda a essência deliciosa dos primeiros jogos em suas sidequests divertidíssimas.
Só para citar uma, eu lembro aqui da Come Fly With Me, que você vai investigar uma invasão zumbi em uma estação de lançamento de foguetes. Chegando lá você descobre que são zumbis inteligentes que querem subir em um foguete para chegar na “terra prometida”, onde acharão um lugar pra eles longe do preconceito dos “peles macias”, como eles chamam os humanos.
Destaque também pra maravilhosa Beyond the Beef!
4) O humor dos primeiros Fallouts está de volta
Se você conheceu a franquia Fallout pelo 3 e 4, pode não ter percebido isso, mas o humor é uma parte crucial do jogo.
Em Fallout 1 e 2, ele está presente desde o começo do jogo até o final. A Interplay, desenvolvedora do jogo na época, inclusive mudou TODOS os diálogos do game caso você escolhesse a inteligência mais baixa pra jogar. Seu personagem respondia com grunhidos ou frases burras, só pra você ter uma ideia do compromisso com o humor que eles tinham.
Em Fallout 3 isso foi ficando pra trás e, no 4, quase desapareceu. Tudo foi ficando dramático, como logo na abertura alguém dando um tiro na cabeça da sua esposa… O seu protagonista chorando, jurando vingança, etc. Porra, que dramático!
Fallout New Vegas, assim como os dois primeiros jogos da franquia, toca em assuntos sérios e delicados, mas sempre usando o humor como base de toda a narrativa. E aqui vemos esse humor na sua melhor forma.
3) DLCs que realmente importam
Fallout New Vegas trouxe 4 DLCs:
Dead Money
Honest Hearts
Lonesome Road
Old World Blues
O que todas elas têm em comum? Uma história longa e interessante, armas novas, NPCs maneiríssimos e um desfecho pra história do protagonista de forma exemplar. Todas nota 10.
Fallout 3 teve boas DLCs, como The Pitt e Point Lookout, mas Mothership Zeta e Operation: Anchorage eram só espaços novos pra você andar, atirar em inimigos e pegar novas armas. E mesmo as duas primeiras não eram lá grandes coisas.
Fallout 4 só teve uma boa DLC: Far Harbor. Teve Nuka World também, mas muito limitada. As outras eram só coisinhas pra você construir na sua casinha. E mesmo Far Harbor e Nuka World deixavam muito a desejar na história.
As DLCs de Fallout New Vegas são uma aula de como fazer conteúdo adicional em um game. São gigantescas, divertidas e realmente adicionam à história principal.
2) Você é um zé ninguém sem nenhum passado… E isso é ótimo!
Uma das coisas que eu mais gostava dos dois primeiros jogos de Fallout era que você tinha o mínimo de background do personagem pra você ser quem você quiser no jogo! Você era só um cara que morava num vault, sem qualquer história de origem, que saiu pra resolver um problema. E só.
Com isso, você poderia tomar qualquer atitude que quiser.
Quando saiu Fallout 3 você acompanhava seu personagem desde o nascimento. Ele cresceu com um pai amoroso que cuidou dele a vida toda. Então qual o sentido, dentro do background desse personagem, de explodir Megaton?
Em Fallout 4 você é casado, tem um filho e uma esposa, que é assassinada com um tiro na cabeça. Você sofre, jura vingança, diz que vai fazer de tudo pra achar seu bebê que foi roubado de você e, em menos de 24h saindo do Vault você pode fazer sexo com um zumbi. Porra! Isso não faz sentido nenhum!
Em Fallout New Vegas você é um entregador que tomou um tiro na cabeça. E pronto. Você foi salvo e aí pode fazer o que quiser. Continuar perambulando pelo mundo ou tentar ir atrás do cara que te deu o tiro. Isso te dá total liberdade pra roleplay.
1) Roteiro fantástico onde suas escolhas realmente importam, com total liberdade
Sabe quando você está jogando Fallout 3 e 4 e parece que todas as decisões levam pro mesmo lugar? Todas as opções de diálogo geram o mesmo resultado e não importa o que você faça, tudo termina no mesmo final do game.
Não é assim em Fallout New Vegas. Quase sempre há outras maneiras de terminar um diálogo – seja na violência, no insulto ou na base da lábia. O final do jogo vai depender muito do que você for fazendo ao longo da jogatina… Isso é maravilhoso!
Você realmente sente o peso das suas escolhas. Tudo isso acompanhado por um roteiro fantástico e os diálogos mais afiados que já vi em um jogo.
Uma aula de como escrever uma história de videogame.
0,5) Só 18 meses pra fazer o jogo
Sim, eu falei coisa pra caralho do jogo, de como ele é fantástico e tal. Mas vocês sabiam que a Obsidian tiveram só 18 meses pra fazer? Estamos acostumados ao longo tempo de desenvolvimento da Bethesda, que demora mais de 5 anos por jogo (isso usando a mesma engine).
Mas a Bethesda deu 18 meses pra Obsidian fazer Fallout New Vegas.
Ou seja: 18 meses pra aprender a usar a Creation Engine, escrever 65 mil linhas de texto (na época o jogo entrou pro Guiness por causa disso), criar as quests, criar os personagens, melhorar as mecânicas do jogo (melhorar a terrível mira de Fallout 3, fazer o sistema das facções, disfarces, etc) e, além disso, criar um mundo aberto ainda maior que o de Fallout 3 e Oblivion.
Incrível, né?
Concluindo…
Fallout New Vegas é um jogão.
Uma aula de RPG de mundo aberto e de como escrever diálogos e uma história em um videogame.
Porém, e você for experimentar agora, tem que levar em conta que é um jogo de 2010. Por isso, tem muitas limitações na jogabilidade como qualquer game da época, e comparado ao ritmo frenético dos FPSs de hoje.
Então, se você for jogar agora pela primeira vez, lembre-se disso, ok?
Um abraço e até o próximo post (ou não)!