Um filme de fantasia adaptado de uma obra de Neil Gaiman e Charles Vess e dirigido pelo futuro diretor do filme do Thor. Será que saiu algo bom daí?
Confiram a resposta abaixo, mas já aviso que contém SPOILERS.
Stardust conta a história de Tristan Thorne (Charlie Cox), um jovem atrapalhado que vive na cidade de Muralha, que possui esse nome por causa de um grande muro que a separa de um reino mágico conhecido por Stormhold. A única abertura do muro é vigiada dia e noite para que ninguém atravesse. Tristan deseja atravessar o muro para apanhar a estrela cadente que prometeu de presente à bela Victoria (Sienna Miller), mas não sabe que a estrela também é uma mulher e atende pelo nome de Yvaine (Claire Danes).
Pra quem conhece o livro, a sinopse do filme mostra que a trama geral foi muito simplificada, o que é normal em uma adaptação. As mudanças na história deram mais agilidade à narrativa e o roteiro feito em dupla por Matthew Vaughn e Jane Goldman consegue acertar bem a divisão do tempo entre a ação e o romance.
O trabalho de direção de Vaughn complementa esse equilíbrio, dedicando atenção aos dois aspectos, mas tendo como ponto alto o ótimo timing do filme para o humor. Com a ajuda de ótimas atuações de um elenco mais do que competente, que inclui Michelle Pfeiffer, Robert De Niro, Peter O’Toole e Rupert Everett, o diretor consegue inserir humor mesmo nos momentos mais improváveis sem empobrecer o filme, cujas duas horas passam voando.
Pra quem leu o livro, certas escolhas da produção são questionáveis, como a amenizada no derramamento de sangue, a falta de lesões permanentes nos personagens principais e o final ultrafeliz disneyano. Isso tirou muito do clima pesado do livro, provavelmente pra baixar a censura do filme para PG-13. Pro público geral, entretanto, isso não fará diferença alguma.
O problema é que, talvez pelas restrições no orçamento (estimado em 65 mijones de doletas, o que é pouco se comparado aos 125 milhões do primeiro Harry Potter ou mesmo aos 100 milhões de Peter Pan), sumiram com alguns dos aspectos mais interessantes do texto de Gaiman e, principalmente, da arte de Vess, causando a maior falha do filme, a ambientação.
A relação de convívio entre a Inglaterra vitoriana e o Mundo das Fadas foi deixada de lado, incluindo as várias criaturas não-humanas. Na Stormhold retratada no cinema, os únicos seres mágicos são as feiticeiras ou são conseqüências de seus poderes (como os humanos transformados em animais). Isso tirou de Stardust muito de sua singularidade, tornando a obra apenas mais um bom filme de fantasia, quando poderia ser muito mais.
Nota: 6.