Scans vencem mais uma contra HQs


Dan Slott, escritor da Mulher-Hulk, protagonizou uma verdadeira alegoria dos problemas da indústria dos quadrinhos. Ele publicou, em um fórum de downloads por BitTorrent, um pedido entre os usuários do site para que não mais baixassem scans (apelido para quadrinhos escaneados) através de softwares de troca de arquivos. Será que o pedido vale?

O roteirista publicou seu apelo após um usuário que disponibilizou todas as edições de Mulher-Hulk no fórum. Nos Estados Unidos, os escaneadores disponibilizam quadrinhos quase no mesmo dia de sua publicação e até mesmo sites brasileiros como o Rapadura Açucarada chegaram a entrar na polêmica com a disponibilização dos scans.
“Quando você baixa uma revista sem pagar, você tirou todos os benefícios de ler um trabalho feito por mim, Rick, Cliff, Dave Sharpe e Dave Kemp. Não é justo. Temos uma trabalheira para produzir o melhor gibi que pudermos – e você roubou de nós”, publicou um indignado Slott que descreveu como principal critério para baixar ou não arquivos com conteúdo pela disponibilidade. “Meu gibi está disponível nas lojas, onde deve ser comprado. Se alguém compra e empresta a cópia física para um amigo – tudo bem. Quando escaneiam o material protegido pela lei de direitos autorais e o compartilha com 20 mil amigos, é outra história”.


O critério da disponibilidade que Slott cita é bem subjetivo, como todas as mudanças que a internet gerou para quem produz conteúdo. O primeiro passo é reconhecermos essas dificuldades e suas mudanças e tentar encontrar novas formas de lidar com um capitalismo em que o meio digital é cada vez mais perceptível.
Em primeiro lugar: baixar scans é errado, de diferentes formas. Não importa se você é pobre ou rico. Quando você faz isso dá mais um empurrãozinho para uma indústria, cada vez mais combalida. Não interessa se você não acredita que a Marvel acabe quando ela pode simplesmente concluir que vale mais a pena investir em cinema do que em gibis que cada vez menos gente paga.


Esse é o primeiro passo e a primeira coisa que se estabelece. O problema é que as empresas param apenas nessa primeira conclusão. Colocar Slott, Brian Michael Bendis, Alan Moore ou Britney Spears para fazer campanha na TV, internet, rádio ou gibis contra os scans não vai adiantar. Seja porque esse tipo de publicidade ficou para trás ou porque, simplesmente, a maioria dos usuários já parou de ligar para o primeiro passo.
Pouco importa.
O segundo passo seriam as empresas tentarem criar formas de incluir a internet em seus negócios. Fazê-la funcionar a favor dos gibis e não continuar tentando fingir que ela não existe. A web é presente e engolirá a todos que insistam em ignorá-la. Dizem que os dinossauros não ligaram para uma pedra grande caindo…


Enquanto a indústria continuar tentando convencer os usuários ao invés de oferecer o que eles querem, vai ter prejuízo. Não adianta discutir se isso é correto ou não. O capitalismo ensinou aos homens de negócios que o bem e o mal pouco importam diante da realidade. Ou os comics se adaptam ao mundo ou ficam para trás. E isso seria uma pena.
E vocês? O que acham?
Bugman não baixa scans
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