Como isso aqui tá mais parado que o olho de vidro do Colin Hay nos videoclipes do Men at Work, resolvi colocar aqui um pacotão de reviews rápidos dos gibis que ando lendo. Quem sabe você não usa esses reviews pra ler algo que valha a pena na locadora do Ultra banca de jornais onde todos nós aguardamos o atraso de dois anos das publicações da Panini para comprarmos legalmente.
X-Men: Equipe Dourada (#1 até #11)
Como vocês puderam perceber no último podcast, onde cada MdM fez sua listinha de gibis preferidos, os X-Men apareceram muitas vezes. Nós, nerds velhacos, temos uma certa paixão pelos mutunas que nunca vai embora. E, no fundo, sempre torcemos para que os X-Men voltem aos dias de glória do passado…
Bem, em X-Men Gold, do roteirista Marc Guggenheim (roteirista da série de TV do Arqueiro Verde), vemos algo parecido com a fase do início dos anos 90. Marc faz um time enxuto com as figuras clássicas dos Mutantes – mesmo que não sejam exatamente suas versões mais conhecidas. Temos a Lince Negra, Colussus, Noturno, Wolverine (Velho Logan), Tempestade e a Rachel Summers (antiga Fênix do Excalibur). Agora com a Kitty no comando da escola inteira (que já passou pelas mãos do Ciclope, Wolverine 616, Tempestade, etc.), os X-Men voltam a tentar ganhar a confiança do público enquanto AINDA lutam contra o preconceito crescente contra eles.
“AHIN, MAS AINDA BATENDO NESSA TECLA DO PRECONCEITO, CHANGE?” Cara, concordo que bater nessa tecla ainda é bizarro… Mas estamos vivendo em um ambiente conservador, onde o ódio e preconceito parecem estar crescendo como nunca! Aliás, isso é muito abordado no gibi: “Como ainda temos que lutar contra isso?”. E toda a história envolvendo o conflito com uma nova Irmandade de Mutantes e novas figuras públicas que pregam o ódio aos mutantes acaba caindo como uma luva nos dias atuais.
Apesar dos altos e baixos com a troca de muitos desenhistas, Marc Guggenheim consegue resgatar o climão daquelas boas histórias dos X-Men do final dos anos 80 / início dos 90 que sempre sentimos muita falta. Vale dar uma conferida, por mais que o final vá capengando pra chuchu.
Nota 8
Hárpia (#1 a #8)
Nunca fui muito fã da Hárpia. Ela nunca estrelou boas histórias e aparecia sempre jogada de lado no gibi dos Vingadores. O Bendis trouxe ela de volta há pouco tempo e agora a personagem carregava em seu sangue um misto do soro do supersoldado com a fórmula do infinito – mesmo assim a personagem caiu de novo no esquecimento, até que a Marvel resolveu contratar a escritora Chelsea Cain para fazer o gibi da personagem. Quando saiu essa capa aí do lado, onde se deixava claro que o gibi da Harpia seria abertamente feminista, e quando Chelsea foi indicada ao Eisner de melhor nova série, fui correndo ver qual é.
Fui correndo pra ver se encontrava algo novo. No meio de tanto mais do mesmo e de tanta bosta rolando, seria a primeira vez que eu leria algo do mainstream dos comics de heróis abertamente feminista – e isso me empolgava com as possibilidades de histórias diferentes que eu poderia ler.
E sim, o gibi da Hárpia era diferente pra caralho… E isso era ótimo! Então, nesse gibi, a Hárpia passou por coisas loucas, como salvar a Rainha da Inglaterra e seus Corgis, ajudar uma adolescente que descobriu seus novos poderes, desvendar uma conspiração maluca envolvendo zumbis na SHIELD com a ajuda do Pato Howard e Miles Morales e ainda jogar RPG em um iate com um bando de nerds!!! E no meio de tudo isso um discurso feminista muito bem pontuado e engrandecedor!
Uma pena, é claro, que o gibi foi cancelado e duramente criticado pela onda reacionária citada no review acima dos X-Men. A capa com a Bobbi usando uma camiseta “Me pergunte sobre a minha agenda feminista” despertou a ira dos reacinhas e infelizmente o gibi foi cancelado no oitavo número, justamente quando estava esquentando e nos trazendo histórias maravilhosas e completamente diferentes!
Nota 8,5
Garota Esquilo (#1 a #5)
Durante os anos 90 e 2000 de vez em quando a MARVEL arriscava uns gibis mais bem humorados, com personagens divertidos e bacanas. E nos anos 2000, principalmente, foi quando Dan Slot escreveu a Garota Esquilo – e era divertido pra caramba!
Muitos de nós do MdM viramos fãs da personagem e, quando soube que a MARVEL chamou Ryan North, o incrível roteirista do Dinosaur Comics (que eu acompanho até hoje) pra escrever a Garota Esquilo eu fiquei maluco! E foi aí que comprei o primeiro encadernado.
E que sensacional… Como o Nerd Reverso disse em nosso último Podcast, North levou a Garota Esquilo pra outro rumo: saiu um pouco o lado meio Deadpool da personagem e entrou a parte mais heróica e totalmente divertida que faltava por muitas vezes na sequência de histórias do Dan Slot. Nas cinco primeiras edições vemos Doreen Green, a garota com força e velocidade proporcinais à de um esquilo, entrando na faculdade enquanto precisa lidar com ameaças como Kraven e GALACTUS!!!
Como falei no review da Hárpia, hoje muitos de nós, nerds velhacos, estamos atrás de coisas bem humoradas e divertidas nos gibis de heróis… Estamos atrás de histórias que ainda não vimos. E que decisão acertada da Marvel foi de trazer Ryan North, apoiado pelos incríveis traços da Erica Henderson, para criar histórias leves, divertidas e totalmente diferentes de tudo o que já vimos até agora.
Estou indo agora pra os próximos encadernados!
Nota 10
Império Secreto (saga completa – #1 até #11)
Meu deus do céu, que estrago… QUE ESTRAGO!
Bem, resumindo, Secret Empire pega a premissa do gibi do Capitão América do Nick Spencer, onde no universo 616 os nazistas venceram a Segunda Guerra, mas que no final foram derrotados pelos aliados usando um cubo cósmico. Porém, agora o Caveira Vermelha usou o Cubo para voltar com essa realidade, onde o Capitão agora é um agente infiltrado da Hidra, que passou anos e anos manipulando tudo até os nazistas conquistarem todos os Estados Unidos.
Olha, como já falamos muitas vezes aqui, a premissa do herói mudar de lado e depois desmudar já foi feita várias vezes – inclusive com o Capitão América nazista. Mas a Marvel insistir nisso por um ano e pouco no gibi mensal do Capitão MAIS uma série de ONZE CAPÍTULOS afetando todo o universo Marvel foi uma das maiores burradas da editora de todos os tempos.
O resultado final é que a editora ficou uma bagunça por dois anos seguidos, criando momentos forçadíssimos nessa mini (em questão de poucos meses todos os EUA se renderam à Hidra e agora todas as escolas ensinam nazismo para as crianças???). Ainda bem que temos um monte de gibis fora da cronologia da MARVEL e ainda bem que roteiristas como o Marc Guggenheim nos X-Men Gold decidiram simplesmente ignorar essa porra toda.
No ano em que Jack Kirby completaria 100 anos de idade, ter uma saga como Secret Empire lançada é uma tremenda duma sacanagem…
Nota ZERO
Generations (Hulk, Wolverine, Gavião Arqueiro, Fênix e Thor)
Se toda essa treta serviu de alguma coisa, temos aqui os gibis da série Generations, em que versões atuais dos heróis se encontram com suas versões clássicas.
Não há muita explicação. O que você precisa saber é que, por qualquer motivo, a X-23 vai se encontrar com o Wolverine clássico de uniforme amarelo, que a Jane Foster vai se encontrar com o Thor na epoca que ele mal conseguia levantar o Mjolnir por completo, que o Amadeus Cho vai se encontrar com o Bruce Banner quando este era caçado pelo General Ross e por aí vai.
Esqueça a cronologia. Esqueça o Império Secreto. Relembre a essência do seu personagem preferido… E como suas versões – as clássicas e as novas – ainda têm muito em comum. E é assim que Gerações se define.
São histórias mais focadas no que a MARVEL faz de melhor: contar histórias com o coração. E é isso que vemos aqui. É fácil se emocionar com o fim do encontro da Laura com Logan. É fácil rolar de rir com o encontro da Kate Bishop com um Clint Barton ainda em início de carreira. É tenso ver todo o desenrolar do encontro da Jean Grey jovem, Fênix e Galactus. É legal pra caramba ver o inteligentíssimo Amadeus Cho levando um sermão do Hulk burro. E é gratificande ver como a Jane Foster é sim a melhor pessoa pra levantar o Mjolnir.
Se você não aguenta mais toda a bagunça da atual cronologia da Marvel, pegue esses one shots de Generations e relembre a razão pela qual esses personagens tanto nos encantam!
Nota 8 (alguns são muito bons, como o Wolverine, e outros são médios, como a Jean Grey, mas a média de todos eles dá 8)
X-Men: Equipe Azul (#1 a #5 – foi até onde aguentei)
Se por um lado a Marvel está buscando trazer as histórias clássicas dos X-Men de volta em X-Men GOLD, é aqui em X-Men Blue que ela tenta fazer algo de novo com eles. Há algum tempo o Bendis trouxe a primeira geração dos jovens X-Men de volta… E por algum motivo bizarro eles ainda estão por aí.
O roteirista Cullen Bunn tenta usar a formação original dos X-Men para algo bem diferente: os personagens são apenas arremendos do que já foram – tanto nos poderes, quanto nas personalidades. Algumas mudanças vêm pro bem, como a Jean Grey ser a líder da equipe – o que garante uma boa dinâmica… E outras, para o Mal – como o Fera agora usar MAGIA NEGRA e adotar uma personalidade cínica e dark. Além de uma trama onde eles aceitaram fazer parte de um time liderado pelo Magneto no background para, secretamente, acabar com o Mestre do Magnetismo.
Caras, isso é uma baboseira sem tamanho e foi difícil chegar na quinta edição… Ainda mais quando adicionaram o filho do Wolverine do universo Ultimate.
Nota 3 – pode passar longe.