Um olho de vidro. Uma bunda magnífica. E o malfadado cheiro do ralo. O melhor filme brazuca desse ano gira em torno desses e outros pontos bizarros.
“E então ninguém entra, nem sai.”
“Mulher é tudo igual, você bobeia e os convites vão pra gráfica.”
“Aquele nome era impronunciável.”
“Girafa, aquela pescoçuda do caralho!”
“Esse cheiro que você está sentindo é do ralo, tá?”
“De tudo esse olho ainda não viu… Ele não viu a Bunda!”
“Você está amarelo!”
Esqueçam a linguagem televisa e/ou teatral que costuma ‘impregnar’ a cinematografia brasileira. O Cheiro do Ralo é cinema de verdade e sem frescuras.
Com ótima fotografia, direção de arte, figurino, roteiro brilhante (de Marçal Aquino), maravilhosas atuações e de um humor negro impagável, esse filme de Heitor Dhalia (de Nina) começa os primeiros minutos da película com uma “bela vista” – a famosa Bunda!
Ganhador de vários prêmios – entre eles o Festival do Rio, a Mostra de São Paulo e o Sundance – O Cheiro do Ralo conta à história de Lourenço (Senton Mello – na melhor atuação de sua vida), um cara cruel, amoral, tarado, canalha e escroto! Sim, provavelmente por não gostar de si próprio, ele faz da vida dos outros um pequeno e peculiar Inferno.
Dono de uma loja de penhores, Lourenço vive atormentado com o insuportável cheiro do ralo do banheiro de seu escritório (num galpão de aspecto “sujo”), que parece impregnar cada pedacinho de sua vida e o fedor constante revela falhas em sua personalidade.
Além também do “fator Frankenstein” – que é quando ele compra um bugiganga qualquer (o tal olho de vidro) e diz ser de seu pai – que logo ele vai querer “montar” o restante, já que nunca o conheceu!
Apaixonado… ou melhor, obcecado por uma jovem de um bar… ou melhor, pela Bunda dela (que tem um nome indecifrável) – feita pela catarinense e gostosa Paula Braun, que com seu rostinho ingênuo, cria um contraste incrível com os “dotes” que possui – levando a rapaziada ao delírio em váááárias cenas!
Atenção também aos outros personagens – no caso, as pessoas que tentam vender qualquer objeto a Lourenço e penam por isso – como a viciada, o vendedor do violino, a mulher casada, o velho de guerra etc…
O Cheiro do Ralo foi a primeira empreitada literária do paulistano Lourenço Mutarelli, 42 (que “empresta” seu nome ao protagonista do filme e também tem uma ponta como o Segurança de Selton no filme), famoso por obras do quadrinho nacional como O Dobro de Cinco, Transubstanciação e Caixa de Areia, ele criou uma trama marginal e extremamente envolvente.
Enfim, valeu muito a pena as 14 pilas do ingresso que minha nova namorada pagou para eu adentrar aquela escura e confortável sala de cinema – e se não fosse por isso, teria voltado para mais 5 sessões, porque esse filme vale a pena, muito!
Nota: 9,5
Vejam o trailer, o site do filme e o blog do autor Mutarelli.
*Obs: praticamente todas as cenas do filme são ótimas, impagáveis, mas observe as cenas do bar, “dança com Tiazinha” e as da mulherada pelada – o que não falta no filme são bundas, peitos e ***… mas nada é chulo por acaso, tudo tem um motivo de estar… e creio eu, que você, MdMano, ou MdMina, vai delirar! 😉
The DOG! odeia o cheiro de suas cuecas…