Fala, galera! Nosso Nerd Show de hoje traz o fera Carlos Rafael Duarte. Além de ser um dos mais novos integrantes do time de desenhistas brasileiros internacionais, o Carlos é também professor de quadrinhos do curso Impacto do Rio de Janeiro. Na entrevista de hoje, ele falará sobre esse curso, que é recente por aqui, e sobre sua carreira. Vamos conferir?
MDM: Alô, Carlos! Como é de costume, gostaríamos que nos falasse um pouquinho de você; como entrou no mundo dos quadrinhos, como decidiu não só desenhar profissionalmente, mas também lecionar sobre o assunto, enfim, fale-nos de sua vida.
Carlos Rafael: Desenhar foi algo que sempre fiz desde pequeno. Não pensava em ter isso como profissão mas a necessidade de desenhar em mim sempre foi muito grande. Foi então que descobri a escola Impacto em São Paulo e vi que havia brasileiros que trabalhavam com isso e ganhavam sua vida assim. Fui durante mais de 2 anos para São Paulo para me profissionalizar; ainda era muito amador no meu traço. A decisão de lecionar nem foi bem minha, surgiu a roposta de montar uma filial da Impacto no Rio de Janeiro e eu topei essa empreitada. Realmente não me imaginava dando aulas, agora é algo que curto fazer, gosto muito de ver os alunos suando a camisa e melhorando no desenho, é bem gratificante.
MDM: Qual a importância de um curso de quadrinhos para os aspirantes a desenhistas profissionais? Você acha que o curso se faz necessário até mesmo para os “auto-didatas”, ou seja, pessoas sem instrução no assunto mas que possuem um bom conhecimento prático do mesmo?
CR:Eu sempre fui um auto-didata. Hoje em dia vejo que nunca chegaria ao nível que estou sem um acompanhamento e o olho clínico de quem já estava no mercado e tinha experiência para me passar. Por mais que tenhamos talento, há certas limitações que possuímos e o acompanhamento é muito importante para quebrarmos essa barreira. Costumo dizer que melhorar 85% é fácil, difícil é alcançarmos os 15% restantes.
MDM: Falando em desenhar manualmente, você não acha que as faculdades de Desenho Industrial tratam o assunto com muita superficialidade? Tudo bem que Desenho Industrial não compreende somente o desenho manual, mas a questão é que as mesmas têm essa matéria no decorrer do curso inteiro e muitas pessoas são reprovadas por não saberem desenhar sequer um bonequinho de palitos. Você não acha que as faculdades deviam dar mais ênfase ao ensino do mesmo?
CR: É uma questão delicada; a palavra desenho em desenho industrial vem do inglês design, que em uma tradução seria mais certo aplicar a palavra projetar. O desenho de quadrinhos, e desenho a mão livre em geral, o inglês usa a palavra draw. Então há essa confusão por parte de quem ingressa na faculdade. De fato o desenho ajuda e muito quem segue esta universidade, mas não é essencial, dependendo do ramo que a pessoa vai seguir neste mercado do desenho industrial. Conheço bons profissionais da área que não desenham, não sabem nada de anatomia, por exemplo,mas são ótimos profissionais do design.
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MDM: Nos fale da metodologia do curso de quadrinhos da Impacto para elucidar as mentes curiosas. Como se ensina, o que se aprende, quanto tempo é necessário para concluir?
CR: O curso é para todos; não importa em que nível esteja. Contudo, ele busca a profissionalização do traço. O principal na metodologia do curso é trabalhar a auto-crítica do aluno. Fazer ele conseguir enxergar os próprios erros e aonde ele pode melhorar para alcançar um traço mais elegante para o seu desenho, chegando a um patamar profissional tão bom ou melhor do que os encontrados nas revistas importadas que ganham espaço aqui em nossas bancas. Ele se baseia em livros dos melhores desenhistas de quadrinhos e ilustração aplicando suas técnica aliada a experiência dos professores da Impacto.
MDM: Atualmente você está desenhando um gibi americano chamado Lazarus. Pode nos falar um pouco do que se trata?
CR: Trata-se do personagem bíblico Lazarus, que foi ressucitado por Jesus, mas não é uma história bíblica. O escritor Conta o que aconteceu após Lazarus ter ressucitado, ele se tornou um imortal, mas o mundo está infestado de demônios disfarçados nas cúpulas de poder dos governos e do submundo. Ele se torna então um caçador altamente treinado para acabar com esses demônios. Algo como a série Buffy, só que mais séria e “dark”. Está ficando um trabalho bem legal, as cores são do Frank Martin, que está arrebentando. É um mega trabalho de 113 paginas.
MDM: Seus desenhos são muito fodas. Quais são suas maiores referências; tanto em seu aprendizado quanto hoje em dia, na hora de pegar um lápis?
CR: São muitas, desde Jim Lee Até os mestres da pintura como Boris Valejo e Frank Frazetta, tudo o que gostei serviu de alguma forma para melhorar o meu traço. Hoje em dia acho que os expoentes do mercado que me inspiram são Adam hughes, Frank Cho, Terry Dodson… mas sem esquecer brasileiros incríveis como Luke Ross, Adriana melo, e ed Benes. Claro que há muitos outros que não citei aqui. Para trabalharmos nosso próprio estilo é preciso beber de várias fontes.
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MDM: Como os interessados podem se informar mais a respeito do curso de quadrinhos que você leciona no Rio de Janeiro?
CR: Através do site www.impactoquadrinhos.com.br ou pelo telefone 3353-5422. Os interessados podem marcar uma aula grátis para conhecer o curso e ter uma idéia melhor da didática oferecida por nós.
MDM: Finalmente, aquele recado porreta para o povo que aqui acessa.
CR: Bom, se você é um amante dos quadrinhos, espero que esa entrevista tenha elucidado um pouco mais sobre o artista nacional e seu trabalho. E se você é um aspirante a quadrinhista, a dica que eu dou é a seguinte: absorva todas as críticas, boas ou ruins, e transforme-as em benefícios para o seu desenho, não tenha medo de receber opiniões, mesmo de leigos, pois são eles que vão comprar nossas historias. E se você tem certeza que quer se tornar um desenhista bem sucedido, siga em frente e não desista, pode demorar um pouco mas só não consegue quem desiste, não é mesmo?