Bom, como volta e meia falamos sobre pirataria aqui no MdM – e como esse é um assunto que muito interessa a todos – vou falar um pouco sobre a matéria que saiu ontem no Tech Crunch que ficou bem bacana.
O Nielsen’s U.S. music report da primeira metade do ano de 2014 nos trouxe uma lição muito importante para o mundo da música – lição essa que o público consumidor de séries e filmes já aprendeu: as pessoas estão mudando a forma como escutam música. O streaming de música (Spotify, Google Music, Deezer, etc) superou em muito a venda de CDs e faixas digitais (iTunes, etc).
O streaming por demanda de música alcançoou 70 bilhões de reproduções na primeira metade do ano (crescendo 40% em praticamente seis meses), enquanto as vendas de faixas digitais caiu 13% para 593.6 milhões e as vendas de CDs digitais caíram 11.6% para 53.8 milhões.
Já os CDs físicos já foram há muito tempo. Há anos o mercado sofre queda e as vendas em 2014 estão em 62.9 milhões de CDs, com uma queda de 20% em relação ao ano passado.
Curiosamente, os saudosistas e hipsters estão alavancando as vendas de LPs, que cresceram 40.4% (quase 40,5, hahahahaha) em relação ao ano passado: 4 milhões no total. Boa notícia para mim e para o Poderoso Porco, que temos orgulho da nossa coleção imbecil de LPs de infância (ainda tenho orgulho de ter um dos raros LPs do Black Album do Metallica).
Ah, os dados todos acima são somente EUA, OK?
A indústria da música, que sempre caminhou a passos curtos em relação à outras mídias, finalmente está aprendendo lições valiosas que os atuais consumidores demandam há tempos:
1) Os consumidores querem consumir o conteúdo que vá com eles. Não importa se seja no celular, no computador, no tablet, no laptop ou na TV. O conteúdo hoje deve ser multiplataforma.
2) Os consumidores querem praticidade e facilidade. Se tudo estiver em um lugar só, melhor. Assim não precisa ficar procurando em vários sites. E se vier em streaming, onde não se ocupa espaço no HD do computador, celular, etc., melhor.
3) os consumidores querem controle: querem decidir o que assistir/ouvir, na hora que quiserem.
E a principal lição de todas é:
4) O consumidor quer ter muito conteúdo pagando pouco.
pra quê você vai pagar 20 dólares em um CD do iTunes se você pode ter praticamente todos os CDs do mundo no Spotify por 5,99?
Outro dia peguei meu HD externo com todos os meus CDs digitalizados e mais um monte de mp3s que eu baixava. Pelo menos uma vez por mês gastava um tempo da porra separando arquivo por arquivo e transferindo tudo pro meu celular. E sofria pra achar espaço no HD, já que agora está abarrotado de fotos e vídeos da minha filha.
Aí fui tentar o Spotify e o Deezer, que estão disponíveis no Brasil. Vi que eles têm todas as músicas que estão no meu HD. Todas, MESMO.
Achei até o CD das músicas do Carequinha!!!
Sem mais trabalho para transferir músicas via USB.
Sem mais trabalho pra ficar procurando faixa por faixa.
Sem mais trabalho pra ficar esperando aqueles protetores de link chatos pra caralho que fazem você esperar um tempão até baixar o arquivo zipado com a discografia daquela banda que você achou na comunidade Discografias do Orkut ou em algum outro blog de download.
E agora eu pergunto:
Será que a indústria de HQs teria as mesmas bolas para fazer algo parecido?
Imaginem? Pagar 5.99 por uma coleção gigantesca de gibis?
Hoje não só eu, mas outros MdMs pagam feliz serviços como o do Netflix.
Eu estou pagando pelo Spotify, também feliz pracaralho.
E eu pagaria por um de HQs fácil, fácil. Mas isso deve estar longe pra caralho de acontecer, infelizmente!