O Gama afirmou que foi uma decepção. Acho que ele pegou leve.
Nos créditos do IMDB consta que o diretor Mark Steven Johnson é o roteirista da película. Grande mentira. Não há roteiro em Motoqueiro Fantasma, sua história sequer existe. É um amontoado de cenas e um enredo muito mal explicado (não há furos no roteiro, seria como apontar para um buraco negro e tentar encontrar um buraco menor ali).
Compará-lo à Spawn foi uma grande sacada de nosso comedor de pizza. A história não só é semelhante como mudanças em relação aos quadrinhos são idênticas ao do filme do soldado do inferno, o que me faz pensar na provável hipótese de que…Spawn tenha sido uma triste referência para este filme.
O filme lembra muito uma heresia chamada Elektra. Pegue um amontoado de nomes de personagens de quadrinhos, junte e jogue-os de qualquer jeito no filme. Motoqueiro Fantasma é filme para se empolgar pelos efeitos, especiais e cenas de ação. Se lhe disserem que X-Men 3 não tinha roteiro, peça para explicarem o que o filme estrelado por Nicholas Cage (Johnny Blaze) não tem. A única opção de resposta seria “qualidade”.
Cage é o único ator digno de ser comentado. Ainda assim nem mesmo seu talento pode defender um personagem que pertence a um roteiro inexistente. Eva Mendes está lá apenas para satisfazer os hormônios adolescentes (e adultos, juvenis, infantis…Até mulher se satisfaz com ela) e só. É lamentável o desperdício de um ator brilhante como Wes Bentley, um insípido Coração Negro. Os demais não merecem sequer menção por falta de espaço ou qualidade dramática.
O filme pode ser considerado de terror. O terror mais infantil que se possa imaginar. Apela para recursos banais para dar sustos, outros mais ridículos para fazer o espectador rir e joga inúmeras idéias e personagens sem dá-las o menor desenvolvimento. Carter Slade (Sam Eliott) surge muito pouco – é tão óbvio de quem se trata que chego a temer se alguém ficou surpreso quando ele revela sua identidade – e sequer é desenvolvido (como assim “só podia me transformar uma vez e guardei para agora”??? Agora o quê? Para apostar corrida com o Motoqueiro?).
Sobre a direção: Johnson se propõe a contar história alguma usando efeitos especiais a rodo. A criação gráfica do Motoqueiro é brilhante, mas seu uso exagerado remete àquela famosa capa de Spawn.
Ainda que suas cenas de ação sejam bem dirigidas e, em alguns momentos, até criativas e fidedignas aos quadrinhos (como a cena do Motoqueiro subindo pelo prédio), não compensam o pior filme nerd do ano – não importa se houve poucos ou nenhum, ele JÁ é o pior. É de uma inspiração tão nula que é lamentável que a Marvel Comics tenha aprovado tal projeto. Esperava-se que estes tempos tivessem ficado para trás. Motoqueiro é o equivalente marvete à Batman Eternamente, sem mamilos. Um filme que abusa de efeitos especiais e de menções a personagens sem aprofundá-los ou respeitá-los.
Perguntaram a Cage se ele faria um segundo filme. O ator disse que tudo dependeria do roteiro. Pena que se deu conta disso tão tarde. Você merecia mais Cage. E nós também.
Nota: 1 (sim, estou pegando leve).
Bugman não é fantasma