A essa altura do campeonato, eu não sei porque ainda me importo com Heroes, mas é aquela coisa: velhos hábitos são difíceis de matar. E eu espero não ser o único que estou no mínimo curioso (“ansioso” seria forçar demais a barra) para ver o que vai rolar nesse nova temporada.
Depois do teaser e das primeiras fotos do retorno da série, algumas dúvidas pairavam no ar: ela é uma continuação, um reboot, ou um pouco de ambos? A resposta vem do IGN, que esteve no evento Upfronts, que reúne as grandes redes de televisão dos EUA (entre elas, ABC, CW, CBS, FOX e NBC, que foi a casa de Heroes) e publicou uma descrição do trailer (ou pelo menos de um trailer) da nova temporada que foi exibido no evento.
Segundo o site, o trailer apresenta uma visão bem sombria da série (que nunca foi muito iluminada mesmo assim), lembrando muito os X-men – só que sem os uniformes. E, sim, a nova temporada é uma sequência dos eventos do final da série original.
O trailer mostra que o presente, na realidade de Heroes, é o futuro profetizado pelo viajante do tempo Hiro, que viu os “EVOs” (como os metahumanos da série serão chamados) sendo hostilizados e caçados; essa nova realidade surgiu a partir do final da série – em que a existência dos superseres ficou conhecida pelo público, e a partir daí tudo começou a dar muito errado, e muito rápido.
O trailer mostra que muitos dos personagens da série original morreram, estão desaparecidos ou em fuga (essa é a justificativa pra maioria não voltar), e revela a situação de alguns personagens (antigos e novos). Noah Bennet parece ter fugido da luta depois que sua filha, Claire, foi pras cucuias (como, eu não sei, já que ela era tecnicamente imortal), e Hiro agora é sua versão badass futurística insinuada na série anteriormente, e não a antiga e ingênua versão.
Temos um vislumbre de outros personagens, incluindo um cara forçado a ficar arrastando uma enorme bola metálica presa no seu punho – até que ele corta a própria mão se libertando, e indo embora voando. Tem também uma japonesa ninja (porque, é claro, todos os japoneses são ninjas) e o personagem interpretado por Zachari Levy, que aparentemente é o vilão (ou um dos vilões), considerando que ele começa num grupo de apoio e rapidamente se mostra um fundamentalista que acha que pessoas com poderes tem que morrer – na descrição, depois dele dizer que os dons não eram coisa “natural”, ele se levanta, junto com outra mulher ao lado dele e matam todo mundo ali.
O trailer se encerra com uma mulher olhando para a câmera, falando com alguém, dizendo “Aconteceu mais rápido do que pensávamos. Não creio que conseguiremos controlar isso por muito mais tempo”, conforme vamos vendo o céu atrás dela ficar laranja, com uma imagem em forma de eclipse no meio – parecido com o do logo da série.
Bão, eu tenho certeza de que vou me arrepender disso, mas eu achei a descrição até bem promissora. Heroes nunca tentou ser uma série “de super-herói” no sentido Marvel, e sim ser uma série bem mais sombria. O problema foi não ter decidido que rumo dar para o programa e ter virado um frankenstein cheio de roteirismos. Seguir esse caminho e ir direto para o mais dark é uma forma de fugir da comparação com séries como Flash e Agents of SHIELD, no qual figuram superseres semanalmanete, e, como diz aquele ditado MDMístico, se bem executado, pode dar certo.
Mas é claro que esse retorno de Heroes tem mais a ver com competição de mercado do que com potencial criativo. A NBC está ficando para trás no que se refere a moda do momento (super-heróis), com o CW tendo 2 séries do tipo com mais uma a caminho, a FOX com Gotham (e planejando uma série baseada no universo de X-men), a CBS chegando com a série da Supergirl (pelo que eu lir por aí, o piloto custou mais que um episódio de Game of Thrones) e a ABC sediando a Marvel Studios. E, já que Constantine não deu muito certo para o canal, resta raspar o fundo da panela e ver se ainda tem alguma coisa boa que dá pra tirar de lá.
Heroes Reborn está programado para estrear este ano (provavelmente durante as estreias padrão, lá por setembro-outubro), nas quintas-feiras, às 20h (nos EUA, claro).