por Gamablog e Hellblog
Finalmente, após quase um ano de espera, assisti o Justiceiro. Não houve um momento sequer que eu não tenha ficado indignado pelo filme ter pulado as telonas e saído diretamente em DVD no Brasil; e essa indignação ganhou ainda mais força após tê-lo assistido.
Gamablog: Bom, antes de começar a falar do filme, eu quero dizer que apesar de sempre ter achado o Justiceiro um personagem bacana, nunca gostei muito de ler suas histórias até Garth Ennis ter assumido o comando. Por isso, não tenho exatamente muitos “anos de praia” em relação ao personagem.
O filme começa com Frank Castle ainda como agente do FBI em sua última missão antes de sua aposentadoria. Nessa última missão ele acaba matando o filho de Howard Saint (John Travolta), um influente mafioso. Quando ele descobre, manda matar a família inteira de Castle.
A cena de Castle em família foi algo forçado (no melhor estilo “Shiny Happy People”), porém necessário para se criar um paradoxo. Temos em um momento um homem feliz da vida com sua família reunida em uma alegre festa, e no momento seguinte um homem arrasado pela perda de toda essa família, chacinada pelos capangas de Saint. Bom, o que eu não consegui engolir direito: os capangas de Saint matam toda a família de Castle com maestria. Mas na hora de “matarem” Castle, dão um tiro muito mal dado em seu peito (presumidamente no coração), e em seguida ele é jogado no mar por uma explosão. Na cena seguinte, Castle aparece vivo, na beira do mar. Primeiro: porque um tiro no meio do peito e não na cabeça, como fizeram com tantas pessoas da família de Castle? Segundo, já que levou um tiro no peito, teoricamente devia ter morrido também… Mas aparece vivo no cena seguinte e não é explicado como ele sobreviveu àquele tiro. Podiam ter inventado algo melhor para se crer que Castle havia morrido. Sei lá, já que ele levou um tiro no peito, podiam pelo menos inventar dele estar com seu isqueiro Zippo guardado na altura do coração e que o tiro bateu nele, e não no coração…
Após isso, Castle limpa o arsenal de armas da casa de seu pai e aluga um pequeno apartamento, onde faz “amizade” com dois rapazes meio doidinhos e com uma bela garçonete, interpretada por Rebecca Romjin-Stamos. Mais um ponto que custei a engolir: a Marvel fez do Justiceiro do filme uma espécie de Batman nesse filme. Construiu em um decadente apartamento uma fortaleza hi-tech, cheia de mecanismos que revelam armas escondidas, alçapões secretos e coisas do gênero. Até um “Justiceiro-Móvel” ele ganhou, com direito a paredes blindadas que se deslizam pelas janelas. Isso eu realmente achei forçado. Não sei se ele já teve algo do gênero nos quadrinhos.
Fora isso, possui umas cenas de violência muito leves, com pouco sangue. Lá pela segunda metade do filme até que rola um pouco mais de sangue, mas não é algo freqüente; e para quem está habituado a ler o Justiceiro de Ennis, senti falta desse elemento. Mas a trama, em si, eu achei muito bem redigida – apenas um pouco mal aproveitada. A maneira com que Castle virou o jogo, e fez da vida de Howard Saint um inferno foi fenomenal. Os personagens ficaram interessantes e bem explorados. No geral, houve boas interpretações, exceto pela de Thomas Jane, que deixou um pouquinho a desejar. Apenas um pouquinho. As cenas de ação ficaram bacanas. Os diálogos também (lembravam muito os gibis).
Em conclusão: o filme realmente não é grande coisa, mas também não é uma bosta. Me impressiona como os cinemas por aqui passam “pérolas” como Mulher-Gato e Elektra e não passam o Justiceiro, que em minha opinião, embora seja um filme mediano, ultrapassa esses dois últimos em qualidade.
Nota: 7,5
Hellblog: Bem… vamos lá, Depois de um começo promissor com Blade, X-Men e Homem-Aranha, parecia que a Marvel tinha acertado na fórmula de filmes com seus personagens… Mas aí vieram Elektra, Blade 3, Demolidor e (pra alguns) Hulk, que deixaram muito a desejar.
Justiceiro é um filme facilmente enquadrado na 2ª categoria. O filme não é um lixo completo (como a Mulher Gato), mas é muito pobre e sub-aproveitado.
O Roteiro é um arremedo de tiradas das revistas em quadrinhos e os roteiros básicos dos filmes de ação dos anos 70/80 (até plausível isso, já que o Justiceiro é um personagem que veio desses clichês)… Quem acompanha o personagem a muito tempo (como eu) poderá ver várias passagens das revistas ali (como a tortura ao meliante com um picolé, a luta com o Russo, o ataque à cobertura do vilão do filme, a chuva de dinheiro…).
Personagens mal explorados, Joan, Bumppo e Spacker Dave estão no filme só pra preencher lingüiça, não têm importância nenhuma pra trama, além de não terem nem de longe o perfil interessante que têm nos quadrinhos.
As interpretações estão forçadas demais, quase caricatas (John Travolta exagera nos maneirismos de seu personagem, e Tom Jane não convence muito como o anti-herói amargurado e psicótico), e os diálogos são repletos daquelas frases feitas, clichês cinematográficos.
Enfim, um filme pobre, clichê e sem criatividade…
Nota 4,5