E finalmente chegamos ao fim da barulhenta Guerra Civil, o crossover da Marvel que reposicionou o universo da editora.
Como vimos na edição passada, a resistência conseguiu organizar um ataque dentro do centro de detenção da tchurma do lado pró-registro, em um portal que dá (ui!) na Zona Negativa. E o que acontece nesta edição? PORRADARIAAAAAA!!!!
Depois de alguns sopapos dentro de um espaço pequeno, sabemos qual é o plano suicida do Capitão América: levar a porradaria para os arredores do Edifício Baxter. Ali, Steve Rogers e os outros heróis conseguirão mais espaço para manobras além, é claro, de contarem com a ajuda surpresa de Namor e seu exército!
Após uma briga séria, finalmente o Capitão derrota o Latinha e, quando vai desferir o golpe final, é impedido pelos próprios habitantes de Nova Iorque. Sua briga sem sentido ultrapassou a esfera política para se tornar mais uma das inúteis pancadarias de heróis. O Capitão se entrega, muitos rebeldes se registram, poucos continuam na legalidade, Cachaça Stark vira diretor da S.H.I.E.L.D. e fim de resumo da saga.
Bom, eu gostei muito do fechamento. Além das ótimas porradarias desta edição (Millar é bom pra escrever essas coisas), o desfecho de Guerra Civil foi o mais justo, considerando a maneira como a Marvel encara seu universo.
O registro nada mais é que uma evolução natural do papel do herói Marvel. As histórias da editora sempre tiveram como característica principal a aproximação com a realidade. Ora, desde os primórdios os Vingadores se envolvem em questões burocráticas em relação ao governo. O cadastro desses heróis e o treinamento para impedir atitudes irresponsáveis é mais que natural.
A Guerra Civil foi marcada pela inversão de papéis. Primeiro, o grande canalha foi o Homem de Ferro. Ele foi fazendo de tudo para conseguir o cadastro dos heróis rebeldes. Colocou a S.H.I.E.L.D. atrás de todo mundo, criou uma prisão na Zona Negativa e até fez um clone do Thor que matou o Golias Negro. Enquanto isso, Todos viam no Capitão a última esperança na petica dos Super-Heróis. Ele lutava no lado certo.
Na medida que a narrativa de Guerra Civil vai se desenvolvendo (e principalmente na conclusão), vemos que não era nada disso. Por mais que o Homem de Ferro tenha errado nos meios, seus objetivos eram certos, dentro da realidade da editora. A Iniciativa descentralizou a comunidade dos heróis de Nova Iorque e espalhou por todo os EUA. Agora, as mentes de Reed, Stark e Pym trabalham para o governo. Suas ações terão uma amplificação muito maior: eles encaram tudo, do meio ambiente à pobreza mundial. Os heróis terão uma direção em comum para seguir. Suas ações serão eficientes.
Justamente o contrário do que era antigamente no Universo Marvel, representado pelo Capitão América: desorganização e brigas sem sentido. Aliás, Steve mergulhou tanto em sua paranóia pessoal que cometeu falhas muito graves: se aliou ao Justiceiro e transferiu a briga para o meio de Nova Iorque, colocando em risco vidas de pessoas inocentes. É exatamente isso que Tony Stark quis evitar desde o começo, treinando e cadastrando todos os heróis.
Concluindo, digo que gostei muito de Guerra Civil. Muito, mesmo! Foi uma história que impacta diretamente no Universo Marvel com mudanças pertinentes (apesar de um certo pacto com o papai do Hell). Hoje em dia fica cada vez mais difícil criar uma boa saga que se complete na cronologia da editora, e Guerra Civil, apesar de alguns buracos e certas situações forçadas, cumpriu bem seu papel.
Ótimos desenhos (parabéns ao Joe Quesada que arcou com os prejuízos dos atrasos do Steve McNiven – ao contrário de Dan Didio e a Crise Infinita com Phil Jimenez), roteiros empolgantes e acontecimentos que marcarão para sempre a história da editora.
Nota desta edição: 10
Nota geral da saga: 8
(Civil War 7)
Minissérie mensal em sete edições, formato americano, 36 páginas, papel LWC, R$ 4,90, distribuição nacional