Tarefa ingrata essa de se resenhar o novo filme de uma franquia que antes de tudo presta uma grande homenagem ao filão de filmes que resultou em tudo o que os nerds adoram hoje em dia… sejam robôs gigantes lutando contra soldados, tartarugas mutantes que lutam artes marciais ou super heróis coloridos (ou não) que salvam o mundo praticamente sozinhos… 90% do elenco desse filme já explodia, atirava, lutava e salvava o mundo antes mesmo dos leite com pera e ovomaltino que adoram os filmes de ação modernos nascerem.
Sylvester Stallone teve a ideia de reunir essa galera novamente, voltarem a fazer o que de melhor faziam nos anos 80, e tudo num clima descontraído e cheio de “piadas internas” como velhos chégas na mesa de bar (como a trupe de Bradd Pitt, Matt Damon e George Clooney na franquia Onze Homens e um segredo).
Contextualizado e ENTENDIDO isso, a verdadeira proposta desse retorno dos brucutus do cinema, vamos ao filme… Apesar da cópia ter vazado, fiz questão de ver o novo filme no cinema (também).
Esse terceiro filme da franquia é o mais equilibrado deles, não tenta se levar a sério demais como o primeiro, mas também não exagera nas piadas como o segundo, apresenta uma história enxuta e simples de vingança, como muitos outros exemplares de ação.
Aqui vemos Barney Ross sendo contratado pela CIA (com Harrison Ford no lugar de Bruce Willis, soltando uma piadinha sobre a ausência do carecone na película) pra prender um traficante internacional de armas… Mas chegando lá Ross e seu grupo acabam surpreendidos pois o tal traficante nada mais é que um antigo desafeto de Ross, um dos fundadores da primeira equipe dos Mercenários e que Ross supostamente tinha MATADO no passado por alguma treta cabulosa.
Ele é Conrad Stonebanks (papel muito bem defendido por Mel Gibson), ele detona a equipe de Stallas (literamlmente) quase matando a galera e deixando Hale Cesar (Terry Crews) ás portas da morte no hospital… Isso acende duas luzes na cabeça de Stallas, uma que Conrad pode matar seus amigos e outra que ele precisa se certificar de que o seu inimigo morra realmente dessa vez!
Ele aceita uma segunda chance da CIA pra detonar o vilão, mas como seus comandados estão todos ainda abatidos pelo duro golpe (e por querer poupar os velhos chégas de uma treta que poderia ser feia demais) Ross resolve contatar um amigo pra recrutar um novo grupo de mercenários, mais jovens, com recursos tecnológicos que poderiam facilitar a missão. Obóviamente que a nova geração de soldados não dá conta da missão, terminando capturados pelo vilão, o que leva Barney a juntar seus velhos amigos pra irem safar a bunda da nova geração e por um fim em Conrad Stonebanks.
Bem, é até uma piada falar das interpretações nesse filme, afinal quase todo o elenco é conhecido por não ter a interpretação como o seu ponto forte, mas a única peça do elenco que realemnte poderia mostrar isso era Mel Gibson, e isso ele faz muito bem…
O discurso dele quando está preso na van, falando sobre seu passado e seu papel como mercenário e traficante de armas é um golpe seco na cara de Stallas, muito mais forte do que qualquer soco que ele poderia levar… É engraçado ver o vilão “jogando” com seus inimigos ao invés de matá-los de uma vez… coisa que acontece em diversos filmes sem nenhum contexto e poucas pessoas criticam… Mas em Mercenários 3, onde temos todo um background envolvendo os protagonistas Stallas e Gibson que estabelece uma relação entre eles, de velhos chapas que se tornam rivais, ela até faz sentido.
As novas aquisições no elenco, destaque pra Wesley Snipes, muito a vontade de volta ao cinema, distribuindo porrada e também alguns dos melhores diálogos ferinos do filme, toda hora provocando seu “rival” Lee Christmas ( Jason Statham), e também Antônio Banderas, como o velho soldado carente que não para de falar o tempo todo, sempre querendo fazer amizades, ele é quem rende os melhores momentos de humor do filme…
Já a galera da nova geração é insossa, a maioria deles tem seu momento na tela, mas nenhum deles empolga muito, só Ronda Rousey que compensa a sua total capacidade de atuar (ela solta as suas falas como aquelas crianças do teatro da escola que falam tudo decorado) com ótimas cenas de ação e pancadaria.
Falando em ação, o filme tem cenas eletrizantes, destaque pro início do filme, com o grupo de Barney Ross resgatando Doc (personagem de Wesley Snipes) de um trem que se encaminha pra prisão(cheia de “piadas internas” também), e toda a sequência final quando as duas gerações de mercenários se juntam pra matar um exército inteiro.
Os efeitos digitais acabam escorregando um pouco (como nos filmes anteriores também) mas nada que comprometa a produção, já que o orçamento e a prioridade do filme não são os efeitos digitais… O fato do filme ser PG-13 também não incomoda, afinal, apesar de não termos cenas gore (e divertidas) como Dolph Lundgren cortando um pirata somali ao meio com uma escopeta, as mortes continuam em alta contagem.
O diretor Patrick Hughes até tenta seguir a cartilha oitentista dos filmes de ação rápidos e rasteiros, mas acaba se perdendo um pouco no decorrer do filme com cenas hora longas demais, hora arrastadas demais, mas apesar disso, conseguiu dar um bom destaque pra quase todo o elenco do filme, com todos eles mostrando seus dotes mercenarísticos…
Mas acho que o que mais deva decepcionar a galera nesse filme é a “luta final” entre Stallas e Gibson, que tem apenas dois minutos e se resolve de um jeito bem rápido… eu pessoalmente teria cortado boa parte da lenga-lenga no bar no final do filme pra ter dado mais alguns segundo de pancadaria entre os dois velhacos, criando um climax melhor pro final do filme.
Mas no final das contas Mercenários 3 é um filme que diverte e cumpre com o que se propõe, mas obóviamente que não vai agradar em nada a galera que está em outra “vibe”, que já não gostou dos dois primeiros e que não se liga em ação old school ou que procura um grande marco do cinema num filme de ação feito por velhos chégas que estão se divertindo.
Nota 7,88