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E terminou Superior Spider-Man (aqui no Brasil)… E aí?

Ser fã do Aranha é mais difícil que ser torcedor do Vasco.

Por ser o carro-chefe dos gibis da editora, os roteiristas têm que se virar para reinventar um personagem de 53 anos. Eles têm que se reinventar para contar alguma coisa nova de um personagem que tem 3 gibis lançados por mês mais um monte de participação em outros 10, pelo menos.

Porém, nessas tentativas de se reinventarem, já vimos clones, pais que na verdade eram robôs, uma filha que foi raptada pelo Duende Verde e nunca mais se falaram nela, Duende Verde voltando umas 500 vezes da morte, poderes totêmicos, novos poderes (lembra dos ferrões e das teias naturais? Lembram quando comeram o OLHO do Peter Parker?), etc…

E aí, há alguns anos, o Joe Quesada anunciou o famoso Pacto com o Mephisto, que daria um reboot que não é reboot no Homem-Aranha e ele voltaria a ser solteiro, trazendo uma nova pegada nas histórias do Aracnídeo.

Muitos fãs do Aracnídeo abandonaram as HQs a partir daí. Eu não julgo – com tantos traumas passados, ver um argumento simplório como “pacto com o Diabo” nas histórias é de deixar qualquer um puto do cara desgraçado da sua cabeça.

Mas eu insisti.

E o que vi foram histórias divertidas como há muito não se via. Há muito, mesmo. O humor e a pegada leve voltaram às páginas do Aranha.

Um pouco depois, Dan Slot começou um longo arco que duraria anos com uma história sobre o Dr. Octopus estar quase morrendo devido aos anos de pancadaria sem quase nenhuma proteção.

Algum tempo depois, a Marvel anunciaria o Homem-Aranha Superior, que seria mais uma possível bomba nos já combalidos corações dos aracnofãs: o Dr. Octopus trocaria de corpo com o Peter Parker e passaria a ser o Aranha.

Isso prometia ser uma bomba tão grande quanto a saga do clone. Ou quanto os pais do Peter Parker que na verdade eram robôs.

Essa ideia foi tão desacreditada que os próprios roteiristas da Marvel não acreditaram nela. Muitos outros roteiristas começaram a correr para escrever histórias com o Peter Parker enquanto podiam, enquanto Dan Slot continuava contando as histórias do Homem-Aranha Superior.

Tanto que o Aranha-Octopus começou a ser aceito mesmo dentro da Marvel quando o Mark Waid escreveu o personagem em uma das histórias do Demolidor…

…E tinha ficado foda! E o Dan Slot realmente estava conseguindo contar algo novo com o Dr. Octopus no controle do Peter Parker.

Seu objetivo era simples: o Dr. Octopus queria ser um Homem-Aranha superior a Peter Parker.

Octopus racionalizava todo o seu combate ao crime. E foi divertido ver como ele conseguia explorar o lado científico do Peter Parker como nunca – pequenos dróides mapeavam a cidade em busca de crime, assim ele conseguia priorizar tudo. Ele também contratou uma espécie de tropa de choque Aranha, assim ele conseguia tempo para passar com a família. Ele também foi bem sucedido nos estudos – terminou o doutorado. Ele arrumou uma namorada muito bacana.

Enfim, realmente parecia que o Octopus era superior em tudo! Ele consertou a vida do Peter Parker como nunca!

Porém, ao final do arco, após uma investida gigantesca do Duende Verde que ludibriou Otto e dominou a cidade, Dan Slot amarra todos esses anos de história em uma das maiores declarações de amor ao Homem-Aranha que já vi.

Mesmo com tanta racionalidade, com tanta tecnologia e com tanto potencial, no fundo, Otto Octavius percebeu que nunca poderia ser o Homem-Aranha. Ele não conseguiu derrotar o Duende Verde, pois nunca teria o que Peter Parker tem de melhor:

O seu coração.

Piegas?

Pra caralho.

MUITO PIEGAS.

Mas funciona?

Funcionou bem demais! Lembram do velho ditado do MdM “se bem executado, pode dar certo?”. Aqui Dan Slot acertou muito bem.

Num mundo onde os heróis se afundam cada vez mais nesse meio cinzento de personagens badasses, assassinos e mauzões, é muito gratificante ver que um grande coração ainda conta para um personagem.

Gostei muito de acompanhar as histórias do Aranha ao longo desses últimos anos, desde o seu reboot que não foi reboot. As ideias que, a princípio tinham tudo para ser uma merda, se transformaram em histórias leves, divertidas, novas e em uma grande homenagem à essência do personagem.

Nota 8.

PS: Dan Slot é um cara legal, mas vacila arrumando treta pela internet (alô galera do HQfan, olha o jabá de grátis aí)!

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